Páginas

quinta-feira, 31 de maio de 2012

é montanha russa demais pra uma pessoa só

primeira reunião do dia. fizemos a apresentação. o vice-presidente gostou. disse que acredita no projeto e que quer fazer funcionar. pediu umas alterações pequenas, uns detalhamentos, pra levar pra presidência. eu estava com as unhas roídas e absolutamente descrente. quando ele sorriu e disse que ele estava comprado, e que faltava comprar os outros, eu, a menina ruiva e a chefa professora pasquale nos entreolhamos.

sabe dramatic chipmunk? foi bem isso o que aconteceu com a gente.


segunda reunião do dia. era hora de apresentar pro mestre dos magos, um velhinho muito gente boa que entende muito sobre muita coisa, amigo pessoal do mister president, e que por algum motivo colou no projeto e vem se inserindo nas mais variadas etapas do trabalho. mestre dos magos mora no brasil há anos, mas exige que se fale inglês com ele. ele entende português, é só questão de preferência mesmo. do alto de seus 80 anos, com passe livre nos corredores de wonderland, funciona como um consultor de projetos. um conselheiro. alguém que tem como função ditar os caminhos. mestre dos magos adora a menina ruiva. olha pra ela como um avô olha sua netinha querida. como ela está no controle do projeto, ele se mantém por perto, ajudando, zelando, e muitas das vezes, atrapalhando. :) eu gosto dele. pra uma pessoa tão mais velha, ele é bem ativo, bem inteligente, bem articulado. funciona melhor que eu. é engraçado, tem uma ironia fina. mestre dos magos é querido toda vida. 

ABRE PARENTESIS
aqui vale uma informação relevante. mestre dos magos odiava o former friend. a primeira vez que eu tomei conhecimento da existência do conselheiro mór foi porque eu fui copiada em algum e-mail desses que você nem sabe direito como começaram. basicamente, havia um almoço reunião, e o former friend desmarcou em cima da hora. o que se viu em seguida, senhores, foi um e-mail MUITO BRAVO, tipo esporro de pai. tratando o former friend como um moleque. assustada, eu fui perguntar quem era aquela pessoa malcriada no email em inglês, e deu-se o seguinte diálogo:
     former friend: é o mestre dos magos.
     eu: que horror. ele foi muito mal educado no e-mail. ele é sempre assim com as pessoas?
     former friend: não. só comigo.
     eu: por que?
     former friend: porque eu sou um esculhambado.
FECHA PARENTESIS

visão senhores. mestre dos magos sabia das coisas. depois de assistir a apresentação, fez suas sugestões, todas muito boas. uma delas, eu achei a melhor. a gente fazia a apresentação seguindo aquele modo wonderland de conduta, né? sem citar nomes, sujeitos indeterminados. a cada vez que aparecia um erro grave de cálculo, um erro grave de planejamento (sim, porque a apresentação mostra o estrago e se propõe a consertá-lo), o mestre dos magos perguntava assim. who are they? e a chefa pasquale escapava, e desconversava, e falava o nome da área, ou genericamente. e ele perguntava de novo. who are they? name it. is it (nome do former friend)? nós nos entreolhamos, sem graça, meio que confirmando a pergunta dele. e ele disse. blame it on them.

nem preciso dizer que morri de amor, né? mestre dos magos compartilha comigo essa preguiça eterna de histórias pela metade. por mim, a gente taca logo a culpa e segue adiante. de fato não foi nossa culpa. foi dele. foi a gestão anterior. não é justo a gente ser penalizada por isso.

finda a segunda apresentação, veio a terceira. pra equipe. quando a gente pôde mostrar todo o trabalho feito nas duas últimas semanas, o trabalho que levou minhas unhas, meu sono, minha esperança em dias melhores. quando finalmente acabou, eu estava esgotada. pelo menos a guerra ainda não está perdida.

depois eu preciso contar aqui sobre o john armless, pessoinha mais irritante da vida, e que mais vem dando trabalho em wonderland. mas isso fica pra depois.

que delícia ter blog secreto. adoro contar essas histórias.

00:23

daí, bem na hora de defender o projeto e pedir dinheiro pra refazer, direito, aquilo que foi porcamente feito no passado, wonderland resolve congelar custos. eu fico meio pra morrer de pensar na quantidade de dificuldades que se encontra ali pra qualquer coisa. quer instalar um programa? senta lá, cláudia. quer consertar o computador? pegue a senha. entra na fila. quer fazer qualquer coisa? lide com as dificuldades, aprenda a se colocar, esconda a sua desilusão, faça poker face.

poucas vezes na minha vida eu estive tão amordaçada, amarrada. sou refém de processos, de projetos, de pessoas que nem sabem fazer contas simples. meu projeto vai ser defendido, não por mim ou pela menina ruiva com quem eu trabalho há meses, e que junto comigo e a equipe fofa dá o sangue pra fazer funcionar um troço que foi construído pra dar errado (oi, former friend, culpa sua, beijos). meu projeto será defendido por uma pessoa que acaba de entrar no barco, que só avalia os slides de uma apresentação que nós fizemos sozinhas, até tarde da noite, durante duas fucking semanas, e que diz pra gente que aquele 'por que', ali do título, é junto, e não separado, quando o 'por que' é separado mesmo e ela que está perdida nas regras do bom português. e ela faz cara de interrogação, e fala. jura? mas qual a fonte? a fonte sou eu, que assisti às aulas bonitinha. jornalista que escreve errado e defende meu projeto. essa é a minha vida.

eu não posso fazer nada. eu fico olhando as movimentações, e eu tenho bastante certeza de que o estrago causado pelo former friend foi grande o suficiente pra ninguém querer dar nem mais um tostão pro projeto. a tal reunião de defesa é, pra mim, como andar naquela ponte em barco de pirata, tipo nos desenhos. a morte.

sendo a morte, o que a gente faz? espalha curriculos? sai correndo como se não houvesse amanhã? veste um sobretudo e metralha todo mundo? a menina ruiva é super bem informada, e me garantiu que, mesmo nesse caso, eu não corro o menor risco. acontece que eu não sei que tipo de risco eu corro. é ser levada pra um outro projeto? eu vim pra wonderland pra fazer uma coisa que eu queria fazer. não pra ficar sendo realocada conforme a maré. risco pra mim é ver meu trabalho dos últimos nove meses escorrendo pelos dedos, sendo decidido por gente que não entende a coisa mais básica sobre esse mercado em que eu atuo.

alice roi as unhas e fica querendo morrer nessas horas.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

closure

esse não é um post mimimi.

sexta feira, indo para o trabalho, o celular apita o recebimento de uma mensagem. quando eu olho o remetente, um frio me corre a espinha. o ex melhor amigo. não esse que foi chefe, o *outro*. aquele da grande briga de 2010, a maior briga que eu já me meti na minha vida, uma das maiores decepções que eu já tive com amigos. 

basicamente, ele me dizia que estava fazendo terapia, e que não tinha o direito de se intrometer na minha vida daquela maneira. e que eu estava certa em muitas das coisas que havia dito na época. e que queria ter podido me dizer oi quando nos esbarramos no supermercado um dia antes. e que gostaria que eu não me sentisse mal quando nos víssemos. que um oi faria as coisas melhores. e que eu merecia ser feliz.

eu respondi dizendo que não me sentia mais mal quando nos víamos, não mais. e que aquela era apenas uma história ruim que havia ficado no passado. e que eu estava feliz por ele fazer terapia, até porque tinha sido algo que me ajudou bastante quando nós brigamos. e que eu estava feliz. e que a vida se acerta.

eu fiquei feliz com a mensagem. foi um jeito de enterrar de vez uma história que havia sido encerrada de forma abrupta e cheia de sofrimento. closure, sabe? ele me devia aquele pedido de desculpas. ah, se devia.

não que haja algo a ser desculpado. ou recuperado. eu sou outra pessoa, e eu espero que ele também. não há caminho de volta. há só um jeito de tornar as lembranças menos doloridas. e eu acho que foi isso que aconteceu.

sábado, 26 de maio de 2012

terapia

fui pra terapia e tive uma crise de choro. de raiva e decepção, acho. por mais que eu tenha aprendido os lugares corretos das coisas todas, ainda sobra espaço pra me decepcionar com as pessoas. fica aquele restinho de pessoa dramática que precisa processar. já era aquela brincadeira de ir a cada 15 dias. terapia é aperto de parafusos. obviamente, alguns dos meus ainda estão frouxos.

10:47

eu perdi mesmo a conta de quanto tempo faz desde que o former friend abandonou o barco. acho que um mês, talvez mais. a vida acelerou de tal maneira em wonderland, que eu mal tive tempo de respirar. tudo vinha caminhando lentamente. ele havia perdido a vontade de tocar o projeto. saía por horas no meio do expediente, ia embora mais cedo. chamava a gente na sala e prendia em conversas absolutamente aleatórias. o papo era engraçado, ele é uma pessoa engraçada. mas pairava no ar aquela sensação de que nada estava andando. eu e a menina ruiva fomos pegando as funções e dividindo. botando ordem.

quando ele me avisou numa segunda feira à noite que estava saindo, eu tomei um susto. chorei. resolvi esperar pra ver o desenrolar das coisas. e tudo se resolveu muito rápido. ele saiu sem dizer tchau pra ninguém, sorrateiramente. disse que voltava com calma pra se despedir, mas não voltou. eu senti falta da presença nos primeiros dias. as pessoas olhavam pra gente perguntando se estávamos bem. o projeto era dele. como aquilo sobreviveria? eu olhava para as pessoas e as acalmava. dizendo que na prática nada havia mudado. e não havia mesmo. ele sair era apenas o desligar de aparelhos. a gente ia ficar bem.

o cenário atual é de transição, e de uma leve incerteza. temos que reapresentar o projeto, defender para a diretoria. e isso é meio difícil quando você descobre que todas as contas feitas foram erradas. e tem de refazer. e ver que o que foi vendido lá no início, e que não foi entregue, é mais complicado do que parecia. fica todo aquele povo *correto* fazendo cara de paisagem quando fala das falhas de planejamento, se servindo de sujeitos indeterminados para pontuar as coisas esquecidas. eu não sou assim tão polida. eu fico muito puta. ele era meu amigo. eu achava ele foda, e vi na ideia de trabalhar com ele uma oportunidade de troca, de aprendizado, mesmo. hoje eu acho tudo o que ele construiu ali um castelo de areia. he should know better.

junta isso com a briga besta, coma  ameaça, com ele ter me excluído do facebook, e eu fico mesmo querendo socar a cara dele. minha capacidade de me cercar de gente errada é algo a ser estudado.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Foi assim

2005. eu tinha esse amigo, e ele estava apaixonado por outra amiga. que era apaixonada pelo ex namorado, um cara completamente retardado a quem ela chamava de príncipe. enquanto o meu amigo rastejava, comprava presentes, choramingava pelos cantos, a amiga o cozinhava em banho maria. quem é que não quer ser bem tratado, não é mesmo?

eu assistia a tudo meio sem entender, meio irritada com esse comportamento de "take for granted"que ela tinha com ele. eu fui lá e dei um toque nele, e disse que ela não era assim tão legal. minha ideia era acordar a criatura, fazer com que ele voltasse ao normal e parasse de rastejar daquele jeito tão degradante. falei mais do que devia, mais do que eu tinha o direito de falar. falei. ele agradeceu as informações, e jurou que jamais contaria o que tinha ouvido.

uns dois meses depois ele ficou puto comigo porque eu andava sumida e contou tudo pra ela. que parou de falar comigo. que parei de falar com ele. foram meses trocando desaforos, mais eu contra ele do que qualquer outra coisa. ele traiu a minha confiança. poucas vezes na minha vida eu havia, até então, me decepcionado tanto com alguém próximo.

quando a (ex) amiga me mandou um e-mail me perdoando pela falha, achei que seria justo perdoá-lo também. eu era culpada, ele era culpado. fomos nos entendendo aos poucos, nos reaproximando aos poucos, e as coisas voltaram a ser como um dia haviam sido.

eu fui madrinha de casamento dele no ano passado. ele foi meu chefe em wonderland, a terra dos perrengues, até mais ou menos um mês atrás.

semana passada eu vi o rapaz online e quis saber como ele estava. o que era pra ser uma conversa leve de amigos que não se vêem mais com tanta frequência virou um festival de provocações, com ele, cheio de dor de cotovelo, falando mal do projeto. tentei desviar, mudar de assunto, dizer que aquilo não era legal, e que o projeto estava super bem, mas ele não parecia interessado em me ouvir. começou a lançar críticas pesadas ao trabalho, a dar "dicas", grandes lições. vendo que eu não caia nas provocações, ele ficou irritado e disse que ia contar o meu blog pra todo mundo.

foi ali, bem no meio dessa frase, que eu decidi deixar de ser amiga dele.

o resto da história eu acho que todo mundo já entendeu. ele provavelmente estava blefando. eu sei. mas eu não ia deixar ele me expor.

não uma segunda vez.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

23:35

então esse blog querido já começa com alguns leitores. :)

vou levar um tempinho pra desacostumar de escrever genericamente. e vou tentar evitar os termos que eu sempre usava, porque vejam bem, google passa por aqui com seus robozinhos e eu tenho um bando de "amigos" bem bons em caçadas online. to pensando em como me referir aos lugares, às pessoas, sem os apelidos que eu tinha inventado. quando eu chamei a grande corporação assim, eu ainda não sabia que na maioria das vezes eu ia me sentir como alice no país das maravilhas. tomando o cuidado de lembrá-los que alice só passou perrengue no país das maravilhas. então, esse nome fica fácil de trocar. garota in wonderland, a terra dos perrengues.

ontem, enquanto eu me embananava tentando "acertar" algo que se assemelhasse a um layout, a cada vez que eu tentava decifrar alguma mudançazinha maldita na interface do blogger, eu amaldiçoava o amigo. não vai ser diferente a cada vez que eu tiver que achar um nome substituto pra tudo o que eu passei anos descrevendo aqui. eu fico pensando é na semana que vem, quando eu me deitar no divã e tentar não parecer descompensada e cheia de ódio, tudo pra que a dra freud não ache que eu ~regredi~ em toda a evolução dos últimos meses e me faça voltar às sessões semanais. não basta ser put together, tem que parecer put together. 

eu to super put together. mas isso não me exclui o direito de ficar MUITO PUTA com o babaca. chamem-me de madura, mas se tem uma coisa que eu SEI nessa vida é não brincar com o que é importante para alguém. porque não precisa. porque cruza aquela linha delicada que faz proximidade virar abuso. well. nem todo mundo domina a arte.

a briga que deu origem à toda essa bagunça, eu conto depois. quando conseguir. ele pede desculpas desde ontem, e isso porque nem deve ter visto ainda que eu apaguei os históricos. eu conheço a peça. ia rolar uma comoção.

fato é que, a partir da hora que a briguinha virou ameaça, eu simplesmente abandonei o barco. parei de responder. mantenho o silêncio, desde então.

mas aqui não. aqui eu vou falar um monte.

1, 2, 3, valendo.

Acho que cabe aqui uma explicação. Todo mundo que me acompanhou lá no outro endereço sabe dos dramas todos em que eu me meti por causa de amigos. Parece bobagem. Fui chantageada, ameaçada, trollada. Chegou uma hora que eu comecei a ter medo de escrever exatamente o que eu queria, e comecei a escolher as palavras. Comecei a ficar preocupada com o que as pessoas iam pensar, se eu iria magoar alguém, se eu corria algum risco de ser identificada. Meus textos ficaram chatos. Eu ia levando a vida apegada ao endereço antigo, ao histórico de posts, minha história aqui nessa cidade. Não queria perder os leitores que chegaram aqui por acaso e que se identificavam com as minhas maluquices. 

Fora o medinho de escrever, havia aquela coisa de pisar em ovos constantemente. Saber que as pessoas sabiam, e confiar que o fato de elas serem "amigas" seria o bastante para estar protegida. Confiar, meio que desconfiando.

Eu nunca escrevi pra eles. Nunca. Amigo meu sabe de mim pelo telefone, no almoço, basta perguntar. Esse espaço aqui é meio sagrado. Um lugar onde eu posso ser qualquer uma. A garota que passa apressada pra ir ao banco, ou que corta uma franja curta e se sente incrivelmente confiante. A garota que trabalha na mesa do lado, ou que está atrás de você na fila do chocolate quente. Eu sou invisível aqui. E é por isso mesmo eu me sinto especial.

Infelizmente, não dava mais pra viver essa vida no outro blog. Não vale a dor de cabeça. Melhor começar do zero, recomeçar. Vem comigo quem quiser vir. E quem eu deixar que venha.

É isso. Sejam bem-vindos. :)