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sexta-feira, 27 de julho de 2012

a SAGA da luminária vermelha =/

decepção define.

ela era linda no site. chegou arranhada. liguei, fui super bem atendida, me trouxeram outra dois dias depois. sem o arranhão, mas com marquinhas no acrílico. não brilhava como na foto. pensei que um polimento resolveria. fiquei dias olhando pra ela, resolvi eu mesma instalar. fiz um buraco no teto e não consegui prender direito. a parte da luz eu consegui. ela acendia e apagava. fraca. o reflexo avermelhado na parede verde menta ficou escuro, e meu menino achou que ficou feio. reclamou que saía de perto 5 minutos e, quando voltava, eu tinha feito um buraco no teto. certíssimo, ele.

chamei eletricista e ele arrumou o buraco do teto, ela continuou estranha, sem brilho, refletindo escuro na parede. tive uma ideia brilhante. vou POLIR a luminária. pesquisei preços de polidores, desses elétricos, e acabei resolvendo pegar um emprestado. tudo perfeito. e aí, com o polidor de ALGODÃO, eu ARRANHEI a luminária. 

pegue um troço ruim e faça ficar pior. ninguém faz isso melhor que eu.

estou absolutamente frustrada. a luminária precisa ser cortada, acho, bem na base onde eu arranhei. tipo encurtada, sabe? e polida, que era o problema inicial. e eu preciso achar algum lugar especializado que resolva isso por mim. porque, sinceramente, finalmente compreendi minha incapacidade.

pior é que nem pro namorado eu consigo me explicar. teve o episódio da mesa amarela que me custou 40 dinheiros e eu resolvi pintar, e ficou tão ruim que no final eu gastei mais 300 dinheiros pra fazer ficar normal. teve o outro episódio da desparafusadeira elétrica emprestada, que me deu ideias de consertar as dobradiças dos armários e me deu, ao invés disso, problemas em cada uma das dobradiças de cada uma das portas de cada um dos armários dessa residência. tudo bambo. tudo meio estragado.

agora a luminária. que foi cara pra caraleo, e que vai me custar mais dinheiros pra restaurar. SE tiver conserto. se o estrago que eu tiver feito não tiver sido grave demais.

ligar e pedir pra devolver pode? voltar no tempo pode?

um fracasso em tarefas de faça você mesmo, eu sou. to aqui, escrevendo, que é tudo que eu posso fazer enquanto namorado não chega em casa pra me consolar. prometi que ia esperar quietinha, sentada na cama, mãos pausadas sobre os joelhos. pra não estragar nada. mais nada, afinal.

=/

quarta-feira, 18 de julho de 2012

23:29

às vezes, na vida, a gente passa por uma daquelas fases de questionamento, e é bem isso que eu venho vivendo. não é contar aqui, ou no divã, ou entre soluços, pro namorado, as agruras do dia a dia. é se questionar mesmo, tudo o que te trouxe até aqui e pra onde você pode ir a partir de então. eu tenho usado essa fase ruim pra me questionar. pra analisar, processar, pensar até a cabeça doer. tentar formular frases, estruturar o raciocínio. a mesma pergunta que eu não sei responder num dia me aparece nítida e clara no dia seguinte. eu começo a repensar várias fases da minha vida, fases difíceis ou fáceis, como eu encarei cada uma. começo a prestar atenção nas minhas reações. sou passional, sempre fui. começo a dosar as palavras, segurar as respostas, tentar respirar fundo e ordenar as ideias sempre que a vontade é cuspir fora tudo o que eu venho engolindo. eu tenho problema com autoridades. autoridade é coisa difícil de lidar quando ela não é conquistada. eu sou autoritária, então sempre que alguém com essa característica está acima de mim, o nó na garganta é maior. eu sou competitiva, e tenho imensa dificuldade quando não posso ganhar no argumento. quando estou certa e preciso calar. porque quem está errado manda. eu espero, espero, tento marinar as ideias. tento passar pelas horas sem me irritar ainda mais, e aos poucos as ideias ganham contornos mais nítidos. eu sempre me defini pelo trabalho e pelas relações que eu criava. nesse momento, nenhuma das minhas relações de trabalho me define. meu trabalho não me define. eu não sou aquela pessoa sentada ali na cadeira, tentando cumprir as demandas na mesma velocidade que elas chegam. eu sou aquela que entra no carro quando o dia termina, liga o aquecedor e bota strokes bem alto. eu sou aquela que cria uma bolha que abafa o som quando o assunto em volta é qualquer coisa que aquelas pessoas achem interessante e que eu nunca estaria ouvindo se não fosse pela absoluta falta de opção. eu me defino aqui fora. na minha casa com meu menino, na casa da amiga com seu bebê recém-nascido nos braços, na ansiedade pela chegada das encomendas de decoração da casa. pelo choro sofrido vendo trabalhos bonitos que eu queria estar fazendo. vendo gente sendo feliz fazendo aquilo que eu sei fazer, e que eu gosto tanto. a gente espera. que os acontecimentos se desenhem mais brandos, que essa opressão pela diferença pare de machucar. nada daquilo me define. meu trabalho, aqui fora, aqui dentro, é achar esse fio condutor e puxar, pra ver e lembrar do que eu sou feita. e qual o caminho a seguir. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

16:25

podem me chamar de bobinha. eu acredito em saturno, eu acredito em mercúrio. eu vou consultar as cartas de tarot vez por outra, eu busco alguma resposta que me aquiete o coração quando a vida pesa nos ombros. eu vi susan miller dizer que saturno viria pra minha vida em 2009, e as coisas só ficaram mais difíceis desde então. eu vi ondas de eclipses bagunçarem a ordem, sacudirem o chão por debaixo dos meus pés. eu vejo ela dizer que mercúrio ficou retrógrado e eu sinto as palavras se embaralharem na minha cabeça e na minha boca. é um exercício extra, me organizar. porque mercúrio retrógrado embaralha as ideias de todo mundo, e ninguém se entende. ninguém se esforça pra se entender. dá briga, dá disse-me-disse, dá muita confusão. eu fico quietinha, torcendo pra não sentir as próximas três semanas como tenho sentido todo o resto. eu quero é ficar quietinha com as pernas entrelaçadas às do meu menino e algum filme legal na televisão. e arroz doce que eu trouxe de casa pra adoçar a tarde. eu quero que as pessoas entendam que a culpa não é minha. e me deixem em paz. e lidem com as próprias frustrações sem me atravessar o caminho, porque eu também tenho cá as minhas próprias questões. susan disse que saturno já estava enfraquecendo, e que agora um tiquinho do peso vai embora, e que eu estou preparada para as coisas incríveis que estão por vir porque esse período foi de aprendizado. eu olho em volta e continuo vendo o caos, mas eu tento me fiar nisso, na bobagem de umas previsões escritas pra me acalmar os nervos. alguém me chamando de dear libra e me dizendo que tudo vai ficar bem. é bobagem, me deixa. me deixa cá com as minhas crenças malucas, com as minhas superstições, os meus pequenos rituais. mercúrio está retrógrado e todo mundo se esbofeteia. eu quero a capa da invisibilidade do harry potter pra passar por esse período sem machucados extras. cada hora a mais é uma hora a menos. o dia vai acabar e eu vou poder ir pra casa, tomar leite com sucrilhos e  imaginar o lustre vermelho caindo por cima da mesa nova. amanhã a mesma coisa. e depois. e depois.

sábado, 14 de julho de 2012

cotidiano

tive dor de cabeça todos os dias essa semana. o mundo continuou desabando nas costas, e eu chegava em casa todos os dias tão cansada que desmaiava antes mesmo de meia-noite. foi esfriando e eu me dei conta de que precisava comprar meias-calças novas. mas andei estourando meus cartões e vou deixar pra semana que vem. comprei o lustre pendente vermelho, e a notícia boa foi que meu pai vai me dar de presente. menos uma coisa na minha to do list, menos uma coisa na minha to pay list.

me aborreço no trabalho e continuo teimando que aquilo eventualmente vai dar certo. me irrito com as cobranças descabidas, com a culpa sempre teimando em cair nas minhas costas. tomo feedbacks o tempo todo. me comporto mal para uma grande corporação. eu estou ok com os feedbacks de comportamento. eu sei o quanto eu destôo. agora, neguinho vem me botar a cupa por não ter brifado algo que eu não recebi de instrução e eu viro bicho. porque briefing eu aprendi aos 23 anos, e eu sou damn good. coisa que eu não aprendi nunca foi ler pensamento. daí eu sou respondona. a ana diz que nunca me viu tão insubordinada na vida, e ela está bem certa. eu ando irritada e me sentindo incompreendida. e eu meio que sei que se eu sair agora, neguinho se joga da janela. então eu toco o terror quando pisam no meu calo. eu não escolhi essa situação. ninguém escolheu. então vamos seguir com a vida sem encher o saco dos outros, não é mesmo?

depois da bronca injusta que me tirou a alegria de viver eu levantei, peguei serena e ana e fomos pro shopping. comer batata frita e acreditar que a vida é boa. fui cruzar as pernas e a bota rasgou a meia-calça. todo mundo me indicando ir na banquinha de revistas e comprar outra. agradeci a boa vontade, mas avisei que ia permanecer ali, de meia calça rasgada. fiz uma piadinha com a sexta feira 13 e o dia do rock. arrematei com um tapa na cara da sociedade e assim permaneci.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

hora de andar


Fui na Tarot lady ouvir aquelas coisas todas que eu já sabia. As cartas todas iluminadas e coloridas falando de amor, e de vida estruturada emocionalmente, me dizendo que eu estou apaixonada. Eu sei, eu sei. Fui ouvir que o trabalho anda pesado, mas que leva um tempinho ainda. Que eu preciso me aquietar, a culpa não é minha. Em cada triângulo de cartas, aprendizado. Verdade. Nas entrelinhas, o sofrimento. Eu devo sair? - perguntei. Cartas do carro, do sol, roda da fortuna. Mais uma carta, o conselho do mestre. A imperatriz, assim, fora do jogo. Deve, ela disse. Eu sorri. Eu já sabia.


É engraçado eu precisar me sentar em frente à mesinha redonda de cartas dispostas pra ouvir e acreditar em tudo o que eu já sei, mas receio dizer em voz alta. Às vezes a gente aposta e dá certo. Às vezes s gente aposta e dá errado.

Nem é que tenha dado errado. Tem o aprendizado, os triângulos todos. Até quando a gente erra, a gente aprende. Se eu não tivesse apostado, ainda estaria na firma querida, com as pessoas queridas, fazendo coisas queridas, mas as mesmas de sempre. Zona de conforto. Nunca teria visto de perto a dureza que é gerir equipe, controlar as próprias emoções, dar exemplo. Planejamento desde o inicio, visão de negócio. A gente aprende com os próprios erros, com os erros dos outros. Com os próprios acertos e assistindo os acertos dos outros. Aprende com choro engolido e desespero. Aprende a acreditar mesmo quando tudo dá errado. Wonderland funciona como um intensivo em gestão. De fazer brotar em terreno árido. De ver morrer e começar do zero. Mais que um exercício de paciência, um exercício de fé.

De tudo, o pior é a falta de controle. Saber que as decisões independem de mim, e que movem a minha vida de um lado pro outro. Joguete do destino, como diria Romeo. Engole o choro, acorda cedo, passa por mais esse dia.

Eu não sei quanto tempo ainda até que eu tome essas mudanças de volta nas minhas mãos. Pode levar 3 meses, pode levar 3 dias. Quando a decisão está tomada, o resto vem, no tempo certo.

Teve essa vez que eu consultei as cartas e ouvi algo mais ou menos assim. Se você não roda a roda do destino, a roda do destino vem e roda você. Eu controlo as minhas mudanças. Não sou controlada por elas. E isso sou eu voltando a pegar na mão daquela garota que chegou em São Paulo ouvindo Faith, de George Michael, e acreditando que ia ter uma experiência incrível. Isso sou eu pegando tudo o que eu aprendi, e tudo o que eu já sabia, e carregando comigo. Pra um lugar que eu ainda não sei qual é, mas que eu não vejo a hora de descobrir. É hora de andar. E é nisso que eu vou me concentrar nos próximos meses. A minha vida é boa, é a melhor que eu poderia ter. E se isso não é fé, nada mais é.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

20:16


as reuniões se acumulam, e nenhuma delas traz boas notícias. a diretoria está avaliando. antes pediam 15 dias, mas todo dia o prazo se renovava, uma coisa bem "fiado, só amanhã". a gente vai morrendo aos poucos, um a um. você vai percebendo as minúcias de como cada um lida com os problemas. tem gente que reclama, que morre aos poucos na frente de todo mundo, que suspira sofrido e não sabe de onde tirar forças. tem gente que começa a gaguejar pra tentar explicar a própria frustração e no fim desiste, vencido, sabendo que mesmo sem ter conseguido passar a mensagem, todo mundo entendeu. tem gente que se faz de forte, e articula bem as ideias, e pede paciência, e tenta imprimir alguma confiança, mas que você sabe, lá no fundo, que também está desmoronando. 

a fé de todo mundo vem sendo testada. as frases começam em tom alto, e vão morrendo aos poucos. a última palavra surge sempre soprada, sem forças. a gente sabe. eu brinco que eventualmente isso vai funcionar, e vamos todos tomar martini e gargalhar jogando a cabeça pra trás do alto de um prédio. eu ainda tenho esse fiozinho de esperança. uma nova data foi marcada, e agora parece mais certa. agosto, inicinho, teoricamente alguem vai nos ditar o caminho. eu queria sair da sala e tirar a tarde de folga, aproveitar o sol bonito desses dias de inverno. tirar uns dias, pintar meu quarto, arrumar ainda mais a casa colorida. cuidar da vida, sabe? mas não. estamos todos no automático, cumprindo tarefas mecanicamente, sem saber ao menos se elas vão nos levar a algum lugar. vôo cego. leap of faith, na mais perfeita expressão da palavra.

saí da reunião, olhei para os coworkers sofridos e chamei pra um picolé. descemos, sentamos num banquinho e ficamos ali, tomando sorvete, conversando sobre a vida. a vida é boa, lá fora. pra mim, pra cada um deles. namorados, namoradas, maridos, bebês, casas em processo de decoração, viagens de final de semana, restaurantes novos pra experimentar. a vida é boa, lá fora. se fosse 2009, quando tudo era uma bagunça, eu estaria pesando 40 quilos. coisa boa é descobrir que eu estou aprendendo a deixar trabalho onde o trabalho mora. dentro daquelas paredes frias, com mesas apertadas e post its espalhados nos monitores. eu saio de wonderland de noitinha e a cabeça muda. sou livre. coloco strokes no rádio, porque isso me faz feliz. vou ao shopping completar as últimas encomendas do pai e dos irmãos, já pensando no arroz doce que me espera na cidade siderurgica. compro presentes para os bebês das amigas. fecho os olhos, respiro fundo e espero o momento em que eu vou conseguir, novamente, ser feliz em horário comercial.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

22:05


eu tenho sentido o corpo formigar, assim por debaixo da pele. leva tempo pra tomar esse tipo de decisão, e eu sei que estou caminhando para ela. eu pensava que bastava ter fé pra continuar. e então a minha fé começou a ser testada. tem um fundo de mau humor em tudo o que eu faço, um choro contido. aquele friozinho que corre o estômago quando chega o domingo à noite, ou quando é de manhãzinha e toca o despertador. eu suspiro fundo e me encolho. posição fetal. dá vontade de puxar o edredom até cobrir os cabelos e ficar quietinha, torcendo pra que ninguém note a minha ausência. 

leva tempo até tomar esse tipo de decisão, e embora eu saiba que estou caminhando pra ela, eu penso que devia haver alguma forma mais fácil. eu lembro de mim nos tempos de oficina. trancada no banheiro, segurando o choro e a raiva, olhando pro espelho e pensando que eu precisava sair dali. quanto tempo até que esse mesmo momento aconteça, aqui onde estou agora?

Domingo

Eu leio os textos de Adelle e lembro da gente, de madrugada. Ela me contava os causos da vida e me enchia de lagrimas os olhos. História bonita, cheia de amor e de perdas. Minha vida se desenhou de um jeito bom e eu agora estou aqui. Nos encontramos ontem na rua. Eu e meu menino, ela e o menino dela. Era uma tarde daquelas amareladas que a gente sabe que vai guardar na memória. Nos despedimos com a promessa de um almoço. Ela já volta ao trabalho amanha. Depois de dois meses de cama. Joelho partido. Eu fico ensaiando a forma correta de me comportar, sabendo que vou fazer tudo errado. Sabendo que perdi a fé. Como um fantoche, movimentos ensaiados. Nem meus textos parecem de verdade. A garganta arde, e eu penso na minha mãe dizendo que isso é vontade de ter dito algo. Até é. Suspiro, fim de domingo. Às vezes eu sinto que estou desaparecendo.