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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

aniversário

foi sexta feira. eu estava a 1200km de distância, há três dias longe de casa e do namorado. contava os minutos, segurava o choro. ficar longe de casa faz isso comigo. sou uma criatura de hábitos, e entendo que essa nova fase da minha vida tenha vindo pra me provocar no sentido de fincar menos os pés no chão, de me descolar um pouco da rotina, de aceitar um dia-a-dia corrido. 

tem sido difícil me ajustar.

são paulo fez aniversário e eu estava em porto alegre, lambendo minhas feridas, cansada demais, com uma nova insegurança recém adquirida com trabalho. quando o avião finalmente pousou, quando o taxi finalmente me deixou em casa já quase onze horas da noite, eu chorei. de cansaço, de saudades. pedimos cachorros-quentes da lanchonete da cidade e eu consegui me acalmar. 

tinha passado o dia longe, trabalhando. não tive feriado. deve ser isso que acontece quando dizem que são paulo engole a gente.

na metrópole esses dias, chove e faz frio. eu gosto. são paulo fez aniversário e eu não escrevi sobre isso. fico sofrida por causa do outro blog, que contava a minha história de amor com essa cidade. queria estar lá, escrevendo, não sei desapegar. ano passado, dia 23 de agosto, eu fiz aniversário de são paulo, e esqueci. a data querida pra mim passou em brancas nuvens. eu, mais uma vez, engolida pela cidade.

ontem, no carro com o namorado, o assunto era a diferença entre rio e são paulo. ele dizia que a cidade era feia. ele, paulistano, dizendo que não dava pra comparar com o rio, tão lindo. eu concordei com essa parte do rio bonito, mas a beleza do rio é pra fora, pra gringo ver. a cidade se enfeita pra copa, pras olimpíadas, pro panamericano. o carioca se espreme em ônibus escassos, velhos e malconservados, desviando de baratas no trajeto pra casa ou pro trabalho. em são paulo, a gente tem opção. pode ir pro trabalho de trem, de metrô, de carro. toda essa onda nascendo com as bicicletas. há opções. existem vários caminhos. eu me lembro que quando a prefeitura do rio começou a encher as piscinas pro panamericano, cortaram o abastecimento de água para a barra da tijuca. dane-se o carioca. são paulo jamais deixaria isso acontecer. são paulo jamais troca o bem estar do seu morador pra encantar gente de fora, pra vender uma estrutura que não existe. me desculpem os cariocas, sou uma de vocês, mas essa vida é lazarenta. são paulo me trata bem.

existe amor em são paulo, ao contrário do que dizem muitos. eu encontrei. é aqui que eu me achei na minha profissão, foi aqui que eu comecei a conseguir me sustentar com a minha profissão (e ainda sobra dinheiro pros vestidos e móveis de pés palito, hoho), foi aqui que eu fiz alguns dos meus amigos mais queridos. foi aqui que eu encontrei o amor da minha vida. é aqui que eu quero ter os meus filhos, um dia.

são paulo engole, bate de vez em quando, surra doído. mas aí te passa a mão nos cabelos e te serve uma comida gostosa, e te ensina que a vida é assim, mesmo. a gente aprende. eu olho pros prédios mais altos, pras avenidas movimentadas, pro trânsito que todo mundo reclama e sabe o que eu vejo? as árvores floridas, lindas, os grafites nos muros, o céu azul, azul, refletindo nos prédios espelhados. as pessoas passando apressadas, coloridas, com fones nos ouvidos. o metrô te levando pra qualquer lugar. as padocas todas, o bar da esquina que serve uma feijoada delicinha que eu só descobri agora, morando há 3 anos ali. é isso que eu vejo. uma cidade que acolheu a mim, carioca, mas também acolhe meus amigos mineiros, gaúchos e nordestinos, que recebe os sotaques e deixa eles se misturarem. eu falo mermão, eu falo mano. com o mesmo carinho.

vai ver que pra mim, beleza é isso. vem de dentro.

são paulo é linda, linda.

p.s. esse post é pra vanessa, que me cobrou nos comentários, e me fez lembrar do quanto eu amo essa cidade, e do quanto isso faz parte de mim. independente de qual blog eu escreva. :)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

carola me chama no gtalk perguntando trâmites práticos pra ser demitida de wonderland, como eu consegui. explico direitinho, e começo tranquilizando. a primeira coisa que ela precisa saber é que vai ficar tudo bem.

demorou um tempo mas eu me recuperei. vejo as pessoas que ainda estão lá, os mesmos assuntos, todo mundo preocupado com as promoções e benefícios alheios. uma vida pequena. não consigo entender como eu mesma demorei tanto tempo pra chegar à conclusão mais óbvia de todas. aquele lugar mata a gente, aos pouquinhos. eu fico vendo quem ficou, os amigos e os não amigos, o sofrimento é tão nítido. 

cada um no seu tempo. mas o caminho é um só. pra fora e pra longe.

sábado, 19 de janeiro de 2013

resoluções

o ano entrou e me atropelou. é janeiro ainda, mas parece que uma vida aconteceu desde que eu voltei ao trabalho. já contabilizo duas idas a porto alegre, e tem outra essa semana, que deve me tirar de casa três dias. eu estava pensando em resoluções de ano novo. ano passado eu escrevi algumas, e a verdade foi que segui muito pouco. foi um ano pesado. eu passei muito tempo lambendo as minhas feridas, sem forças pra colocar em prática qualquer coisa que me exigisse gastar energia.

essa era a minha lista:

  • não roer as unhas. mantê-las pintadas e coloridas, sempre, tanto quanto possível. roí TANTO as unhas, mas tanto. deixei crescer mais pro finalzinho do ano. agora em janeiro roí de novo numa turbulência de avião, mas acredito que foi só uma recaída.
  • diminuir a coca-cola, diminuir as porcarias e o açúcar. comer frutas. não diminuí a coca-cola, diminuí um pouco as porcarias, e sim, comi mais frutas.
  • passar menos tempo na internet. passar mais tempo lendo. epic fail. li nada, nada. fiquei na internet um tempão.
  • aprender a cozinhar. comidas gostosas. namorado e eu fizemos uns bons experimentos na cozinha, mas nada ainda aprovado para testes em humanos.
  • fotografar dias bonitos e feios, e as pessoas todas que me fazem feliz. fotografei, instagramei. #win
  • parar de acumular coisas. abrir espaço na casa praquele pra quem o espaço na vida foi aberto fácil, fácil. joguei muita coisa fora, esvaziei o armário (e já enchi de novo, e falta desapegar de umas coisinhas), organizei as gavetas, abri espaços.
  • não ter preguiça de ir encontrar os queridos. estar mais e mais com os queridos. tive preguiça, tive cansaço, fugi dos encontros. me afastei dos queridos, vi as minhas pessoas muito menos do que gostaria.
  • fazer penteados bonitos no cabelo. cortei os cabelos. algumas vezes. penteado, penteado mesmo, fiz poucos.
  • me vestir com cores. trocar o preto/cinza/listrado de todo dia. ainda preto/cinza/listrado quase todo dia.
  • fazer um novo amigo, desses que a gente leva pra vida. serena van der woodsen, que agora anda pelo mundo em uma excursão exótica. morro de saudades dela. :)
  • aproveitar são paulo. aproveitei restaurantes, aproveitei o bairro. falta expandir o raio de atuação.
  • aproveitar o ar livre. andei bastante a pé pelo bairro nos finais de semana, de mãos dadas com o namorado. foi bom, e precisa ser mantido.
Faltaram na lista umas resoluções que eu fiz dentro da minha cabeça, e que também não foram cumpridas.

fazer pilates ou yoga pra acalmar a mente e fortalecer os músculos
ser uma pessoa que corre.

Então, juntando tudo o que não foi feito em 2012, mais umas coisinhas que eu quero pra 2013, ficam aqui as minhas resoluções. Que são mais ou menos as mesmas.
  • fazer pilates ou yoga pra acalmar a mente e fortalecer os músculos 
  • ser uma pessoa que corre
  • ler mais. assistir menos tv. ficar menos tempo na internet
  • não levar trabalho pra casa
  • não roer as unhas
  • ver mais e mais frequentemente os amigos
  • beber menos coca-cola
  • comer comidas saudáveis. frutas e verduras
  • ouvir mais, falar menos
  • voltar a estudar
Vamos ver se eu consigo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

It's over

Foi hoje. O gerente de projetos de wonderland me chamou no gtalk e me contou. Tinha sido de tarde, o anúncio estava no ar, avisando da morte, do fim. Deixando um e-mail de contato pra quem tivesse dúvidas.

***
Caro cliente,

Wonderland anunciou em 18/01/2013 o encerramento do Projeto X. A decisão está embasada nas novas estratégias de atuação da empresa.


Desde já agradecemos seu interesse e parceria dos últimos anos.


Estaremos à disposição para qualquer esclarecimento através do canal de atendimento abaixo:


contato@projetox.com.br


Atenciosamente Equipe X.

***

Pelo menos agora a gente pode elaborar o luto. Porque existe um corpo.


Vida que segue.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

#foreveralone

o trabalho anda me consumindo. as viagens ainda cansam. a equipe do sul é fofa, fofa, e decidimos transferir uma menina de lá pra são paulo. acho que a vinda dela vai ser boa pra mim. eu ainda tenho questões de adaptação à firma.

não é o trabalho. o trabalho eu já estou assumindo sem dramas, já sei o que deve ser feito e, aos poucos, acho que vou ganhando a confiança dos chefos.

meu drama é bobinho. eu não consigo me enturmar.

poucos são os almoços em grupo. ninguém chama ninguém pra almoçar, cada um vai no seu horário, no seu tempo. muitos vão sozinhos, é meio que cultural mesmo. no início eu ficava TENSA, era a pior hora do dia, a hora que eu ficava de antenas ligadas pra pegar carona num dos grupos e não ter de almoçar sozinha. mas os almoços eram todos meio estranhos, comigo não me sentindo parte.

fico tentando lembrar se era assim lá em 2009 quando eu entrei na firma colorida de pessoas bolhas, cada uma no seu mundo fechado. eu tinha TANTA energia pra forçar entrada nos grupos. agora não. agora eu estou na minha própria bolha, preocupada demais com a entrega de alguma compra online, com o pagamento de alguma conta, com algum e-mail pra responder. o meu momento é outro.

eu estou sem equipe. o designer burrinho saiu semana passada, e eu já vinha evitando qualquer contato que não fosse work-related com ele. almoço, nem pensar. o cara de ti, que é um carioca até que bem legal e de quem eu tenho trabalhado mais próxima, almoça comigo às vezes, mas ele anda num looping pós pé na bunda que torna os almoços meio chatos e monotema. eu não gosto de comer sozinha. sou uma criatura social. namorado diz que eu tenho que perder essa coisa high school de precisar de turma. eu concordo com ele. é só um trabalho. minha vida é lá fora, meus amigos estão lá fora, eu não estou em busca disso. racionalmente, eu sei disso tudo. mas cadê forças pra pegar a bolsa e sair sozinha, em silêncio, e achar um restaurante, e me sentar sozinha pra comer?

Fico arquitetando planos de construir um grupo novo, juntando a menina que vem de porto alegre e a designer japonesa quietinha e fofa que a gente escolheu pra substituir o designer japonês burrinho e preguiçoso. Vamos ver como isso evolui.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

New year, new fear.

é só eu falar que parei de roer as unhas e voilá. tudo roído. dessa vez não foi trabalho related, QUER DIZER. venho desenvolvendo esse medinho de voar. eu, que contava nos dedos de uma mão as vezes nessa vida que precisei entrar em um avião, tenho, desde dezembro, me adaptado a uma nova rotina, com viagens quase que semanais a porto alegre, onde funciona a outra parte do projeto. é cansativo, e eu ainda tenho pelo menos mais duas viagens agendadas esse mês.

no início, avião era aquela novidade. agora não. o taxi aparece na porta da minha casa as 6 da manhã, e ainda está escuro. o dia começa muito, muito cedo, e termina sempre muito, muito tarde. eu fico cansada, e estou desenvolvendo um pequeno horror a turbulências. toda vez que o avião sacode eu penso que só espero que seja rápido e que eu não sinta nada. toda vez que ele bate no chão de congonhas, naqueles segundos até que ele freie de vez, eu estou pensando se ele não vai derrapar na pista e atravessar a 23 de maio. era um voo vindo de porto alegre. fico imaginando que foto minha apareceria no jornal nacional, se eles usariam uma dessas fotos em que eu saio meio vesga, e acabar de vez com a minha dignidade.

nada disso é lógico, eu sei. avião é um meio de transporte seguro, e coisa e tal. mas eu roo as unhas mesmo assim.