experimentar uma nova pessoa tem sido agridoce. todas as coisas que eu não sei, todas as coisas que ele não sabe, toda a vontade de ficar junto versus o que é normal pra quem se conhece há tão pouco tempo. ainda não é a hora em que a gente desfia os medos e inseguranças. eu quero ser leve e discutir amenidades, se eu prefiro café com açúcar e ele café puro, ou se cachorros são mais legais do que gatos. nós dois adoramos sorvete. ele me conta as histórias e foram tantas vidas em uma só. eu fico pensando que, fosse eu um pouquinho mais racional, não estaria com alguém tão livre, tão ao sabor dos acontecimentos. eu sou presa em regras. e o fascinante nas histórias que eu ouço é justamente a falta delas. os planos já aparecem, mas ainda é cedo, sabemos disso. eu tinha toda uma vida planejada, eu tinha o rosto dos meus filhos desenhado na memória. eu fico imaginando se seriam as mesmas crianças, trocando o cabelo claro e cacheado pelo escuro e liso, ou os olhos verdes pelos olhos castanhos, amendoados e pequenos. começo a gostar da ideia. começo a ter medo de dar errado. é tudo tão incrível quando as portas estão trancadas e o mundo lá fora não entra. é tudo tão adulto e tão diferente de tudo o que eu conhecia até então. é tudo tão forte, e ao mesmo tempo tão delicado e frágil.
já não existe mais mágoa ou raiva. existe a vida, essa coisa meio louca e incrível, mostrando que a gente não sabe é nada. que um mundo acaba para que outro novo se crie. e, meodeos, que mundo feliz esse que eu ando vivendo.