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terça-feira, 28 de abril de 2015

sobre começos

experimentar uma nova pessoa tem sido agridoce. todas as coisas que eu não sei, todas as coisas que ele não sabe, toda a vontade de ficar junto versus o que é normal pra quem se conhece há tão pouco tempo. ainda não é a hora em que a gente desfia os medos e inseguranças. eu quero ser leve e discutir amenidades, se eu prefiro café com açúcar e ele café puro, ou se cachorros são mais legais do que gatos. nós dois adoramos sorvete. ele me conta as histórias e foram tantas vidas em uma só. eu fico pensando que, fosse eu um pouquinho mais racional, não estaria com alguém tão livre, tão ao sabor dos acontecimentos. eu sou presa em regras. e o fascinante nas histórias que eu ouço é justamente a falta delas. os planos já aparecem, mas ainda é cedo, sabemos disso. eu tinha toda uma vida planejada, eu tinha o rosto dos meus filhos desenhado na memória. eu fico imaginando se seriam as mesmas crianças, trocando o cabelo claro e cacheado pelo escuro e liso, ou os olhos verdes pelos olhos castanhos, amendoados e pequenos. começo a gostar da ideia. começo a ter medo de dar errado. é tudo tão incrível quando as portas estão trancadas e o mundo lá fora não entra. é tudo tão adulto e tão diferente de tudo o que eu conhecia até então. é tudo tão forte, e ao mesmo tempo tão delicado e frágil.

já não existe mais mágoa ou raiva. existe a vida, essa coisa meio louca e incrível, mostrando que a gente não sabe é nada. que um mundo acaba para que outro novo se crie. e, meodeos, que mundo feliz esse que eu ando vivendo.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

but if you try sometimes, you just might find you get what you need

eu já não escrevo pra ele. 

eu escrevia pra mim, depois pra ele, depois não escrevia por causa dele, depois por causa de mim. 

hoje eu escrevo por mim. pra mim.

o tempo todo eu traço um paralelo entre a vida que teria sido, que estaria sendo, e a vida que é, de fato. demorou quase cinco meses.

o plano b me trouxe de volta para o quadro em branco, podendo escolher qualquer coisa. eu escolhi um trabalho novo, recomeçar do zero. o plano b me trouxe um reencontro com a minha imagem refletida no espelho. voltaram os batons coloridos e os shorts com meia calça. o plano b me trouxe paris e novos planos de novas viagens. eu preenchi os espaços da casa vazia e já ocupo a cama inteira de novo. voltaram os amigos e os bares, a casa cheia de queridos, o tapete manchado e eu nem me importando.

eu já tenho a minha resposta. 

leva entre quatro e cinco meses pra esquecer até o maior amor do mundo. a gente supera. preenche os espaços. o plano b pode não ter sido escolhido, mas pode surpreender. pode até trazer o frio na barriga de volta. trouxe um moço divertido que tem óculos com aros grossos e dirige uma motocicleta, vejam só. o plano b trouxe de volta as primeiras vezes. os primeiros beijos. as poucas horas de sono e a ressaca feliz do dia seguinte. 

eu queria poder dizer pra mim mesma, há cinco meses atrás, que a vida se acerta. que nem sempre a gente escolhe. mas que até nisso a gente se encontra. e sim, fica tudo bem.