eu ainda sou aquela pessoa, mas eu mudei tanto TANTO desde que cheguei em sumpolo dentro do peugeotzinho 206 com a vida empacotada. o blog seria outro, hoje. seria como esse é, sem aquele imenso muro que impede a migração de uma história pra outra. o que estava lá não está mais, e isso eu boto na conta do ex amigo ex chefe, do ex amigo psicopata, de cada um que não entendeu que o que eu era ali, o que eu sou aqui, não era nada além de uma história aleatória de uma pessoa qualquer. foi por isso que eu vim pra cá. é por isso que eu sorrio e nego, dizendo que aprendi minha lição a cada vez que um amigo me pergunta se eu tenho um blog, e onde diabos eu estou escrevendo. porque é óbvio pra eles que eu não parei, é óbvio que eu ainda tenho coisas a dizer. a lição aprendida é o anonimato, só ele. eu penso em republicar os posts antigos, deixar pras pessoas que quiserem ler. eu tenho o maior orgulho da minha história. de cada coisa que eu escrevi, de cada briga que eu comprei.
aparentemente, eu amadureci e não compro brigas mais tão facilmente. me preocupo mais em não ferir os sentimentos dos outros. as pessoas nunca vão entender. blog é experiência pessoal.
eu vejo as coisas todas que eu vivi nos meus primeiros dois anos em são paulo, e parece uma outra pessoa, uma outra vida. os amigos todos, cadê? as pessoas que me receberam, que me acalentaram, que me divertiram. cadê? todo mundo espalhado pela vida, pelo mundo. a ex roomie freak voltou pro rio, casou. vi fotos do casamento na minha timeline, amigos em comum dando likes nas fotos. um vestido bonito, o cabelo mais curto, com cachos. ela parecia feliz. desejei secretamente que ela fosse feliz, porque sim, porque eu nunca desejei de fato mal a ela. o ex amigo psicopata também casou, fotos lindas e um videozinho hipster wannabe de casamento com musica indie de fundo. super mainstream. esbarro nele muito de vez em quando, e ainda tenho medo. mesmo sabendo que ele não vai me fazer mal, que ele pediu desculpas e teoricamente está na terapia. o outro amigo querido virou um estranho, ressentido com o meu sumiço na briga com a roomate. não fala comigo. descobri recentemente que ele mora na rua de trás, e divide apartamento com um coworker do namorado. olha a vida dando voltas. ele ainda não quer papo comigo, parado no tempo, há quatro anos atrás. duas em londres, mais dois no rio, um viajando o mundo para um programa de televisão. sobrou foi nada.
não preciso superestimar aquela época. foi uma fase de descobertas, de experimentar a cidade nova, de acreditar que os laços eram fortes. e eles eram tão frágeis. eu estou ok com isso. construí outras histórias, fiz amigos de verdade, estou numa fase incrivel profissionalmente, dividindo as contas e a vida com o menino mais legal do mundo. o que mais eu posso querer?
é o que tem pra hoje, e o espaço pra contar agora é esse, a salvo daqueles que não entendem, que nunca entenderam. tem várias formas de se contar uma história. esse capítulo é aqui.