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terça-feira, 2 de abril de 2013

o cara da tecnologia

então me acompanhem. eu cheguei na firma em início de novembro. o cara de tecnologia tinha acabado de voltar de viagem, de uma ida aos eua pra conhecer o trabalho dos gringos que a minha firma tinha acabado de contratar. ele chegou, olhou pra mim e disse. meu aniversário foi semana passada, e eu tomei um pé na bunda.

aparentemente, ele namorava essa menina, bem mais nova que ele, e já estavam morando juntos inclusive. iam casar, preparativos começando. bem na hora de dar a entrada no apartamento, ela repensou a situação e disse que não queria, que estava confusa, bla bla bla.

sentada na minha mesa (que fica bem de frente pra dele), com cara de paisagem, eu escutei ele desfiar o quanto ela era imatura, e o quanto esteve ausente qando ele perdeu o pai, e sobre o péssimo gosto dela pra música e festas. eu não perguntei nada disso. ele apenas ia falando. eu disse, assim como quem não quer nada, pra ele ir fazer terapia (e me poupar das lamúrias, consequentemente), mas ele disse que já fazia. ele usa termos de análise o tempo todo, cita lacan e freud como se fossem velhos amigos, desfia as teorias todas. parece que estudou psicologia em alguma parte da história dele. eu continuei em silêncio, há muito venho perdendo a paciência pra mimimis alheios.

modos que hoje, 5 meses depois, eu sei tudo o que houve entre os dois. tudo. já passamos pela fase em que ele chama ela de rampeira e de falecida, passamos pela fase em que ela ganhou o direito de ser chamada pelo próprio nome de novo, pela recaída que eles tiveram, pela fase em que ele fuçou o facebook dela e decobriu que o término lá de dezembro era motivado por um terceiro elemento, e ela ficou foi com ele sse tempo todo, e quando o cara deu um pé na bunda dela, ela voltou pedindo arrego.

e eu ali, ainda sem perguntas, tentando evitar contato visual e novas atualizações para a novela mexicana. do nada, pisca a janelinha do gtalk. é ele, falando dela. não, eu não perguntei. eu não quero saber, obrigada.

chegou aquele momento em que ele começa e a gente só suspira na mesa de almoço, e fala. cara, ela nao te faz bem, desencana. e ele prossegue falando de pulsões, e memórias da infância que ele não consegue acessar, e sobre como a análise dele vem ajudando a descobrir que ele tem comportamentos repetitivos e que tudo isso vem lá de quando ele tinha 4 anos e os pais se separaram, e aí ele fugiu de casa e foi a única vez que ele apanhou da mãe, bla bla bla.

aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh. eu só quero que ele pare, sabe? alguém faz ele parar?

daí, antes um pouco desse looping voltar, há uns dois meses, quando eles ainda estavam sem se falar, ele estava aparentemente bem, indo pra bares, tentando retomar a vida, parar de fumar, praticar esportes, aquelas coisas todas que ninguém se interessa mas que ele fica ali falando sobre por vidas. queria conhecer as amigas das pessoas, e eu até pensei em apresentar uma amiga solteira pra ele. ideia já obviamente reconsiderada, dado o espalhamento da pessoa. morri com esse assunto, ele jamais vai encostar qualquer dedinho em amiga minha. não se eu puder evitar.

e aí, quando a gente acha que pior não fica, pior não pode ficar, ele resolve chutar o balde com o trabalho. gtalk o dia todo, mensagens no celular o dia todo. toda reunião a gente precisa chamar a atençao dele pra ele participar e prestar atenção. tudo eu preciso cobrar. tudo eu preciso controlar e lembrar ele. vc se distrai dois segundos e tá ele lá, com um tique nervoso que faz ele piscar o olho, digitando loucamente no celular, discutindo a relação. chegou um email ontem que formalizava uma coisa que a gente já tinha feito DUAS reuniões a respeito. e eu perguntei pra ele se a gente podia encaminhar, e tals.

ele não fazia ideia do que eu estava falando. depois de duas reuniões. até a designer japa fofa que nao tinha nada com isso sabia do que eu estava falando, e ele não. daí ele resolve tirar 15 dias de férias, bem no meio do prazo do projeto, coisa que eu já falei aqui. não sou mãe dele, né? quem sou eu.

cinco meses de separação, gente. e a pessoa nesse estado. sofrendo por uma menina 14 fucking anos mais nova. eu não estou falando de um moleque. estou falando de um homem adulto, com responsabilidades. absolutamente espalhado, que toma café numa xícara de porcelana com rosas pintadas à mão e rouba a minha ideia de fazer quadro com a corujinha que a designer fofa desenhou.

eu não sou obrigada, né? não sou.

2 comentários:

  1. em determinado momento eu quase fiquei com pena desse cara.
    Mas daí lembrava da coruja, que apesar de ser uma coisa pequena, só um desenho, demonstra o caráter e espalhamento da criatura.

    Meu marido é 11 anos mais velho que eu. Eu tenho 26 e ele 37.
    Se eu fizesse metade das coisas que essa guria fez, em semanas ele já teria seguido a vida. Não que fosse fácil. Mas porque é assim que adultos agem.

    Plse.

    Coragi.

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  2. o que eu tenho a dizer sobre términos de relacionamentos é: por que você não abre um blog?

    né? fala lá no blog, se só falar na análise não tá adiantando. fala lá que vai ter alguém pra ler ou não, mas vai parecer que você tá desabafando e não enche a paciência de ninguém ao redor.

    porque olha pra gente, nós já tivemos um monte de términos, nós já passamos por essas fases todas, nós não queremos passar por elas mais uma vez. com você. sem nem ter curtido o relacionamento.

    e por mais que um coração partido nos comova, um coração partido que é narrado todos os dias, durante meses, ah, não dá.

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