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sábado, 30 de maio de 2015

unsent

é hora de revisitar as fotos. elas não me machucam mais. são a minha história, a história que um dia foi nossa. penso em como deveria catalogá-las, agora que tudo mudou. uma pastinha com seu nome? quero tirar da mistura as fotos só minhas. salvar as que eu estou com o cabelo legal para futuras referências, essas bobagens. quero poder olhar os álbuns sem susto, apesar de muito pouco susto ter me restado depois de tudo.

tem horas que eu sinto carinho por você. esses dias eu fui tomar sopa na padaria a uma quadra de casa, e a primeira coisa que eu pensei quando entrei lá foi o quanto você ia gostar dali. daí eu lembrei das coisas que você me disse, do quanto a nossa "vidinha" tinha ficado pequena para você depois que você foi ver o mundo e eu desapareci como se nunca tivesse existido. eu ainda não te desculpo pela forma que você me tratou. ainda não te desculpo por terminar por sms uma história de quase 4 anos. desculpo não. te desculpo menos ainda por tentar a todo custo que a nossa conversa final fosse em um "lugar público", como se eu fosse alguém que você não conhecia e cujas ações não pudesse prever. o desconhecido ali era você, não eu. eu estava dilacerada, a vida que era nossa desmoronando, e você dizendo que já fazia tempo que se sentia assim. que a nossa história jamais tinha ido contigo, tinha ficado comigo, na nossa casa, no nosso bairro. eu não te desculpo pela palhaçada da retrospectiva do ano horroroso de 2014 nas redes sociais, fazendo piada em troca de likes sobre como o seu ano tinha se resumido à viagem, feijoadas e cachaças. o ano que eu vivi em torno de você, apoiando seu grande passo e esperando que depois, um dia, fosse a minha vez. não, espera. por isso, eu não perdôo é a mim. o ano que você preferiu ir beber cerveja na esquina enquanto eu te esperava arrumada para comemorar o dia dos namorados. eu devia ter lido os sinais. 

sua chave chegou num envelope, e tinha um grow up escrito à mão, do lado do meu nome. fiquei no sofá meia hora, coração acelerado, pensando o que aquilo queria dizer. mais uma pergunta pra lista das coisas que eu não terei resposta. mais uma coisa pra lista de perguntas que eu comecei a não me importar mais em ver respondidas. 

processar 2014 é coisa que vai me tomar tempo ainda. 2015 começou difícil, mas se aprumou rápido e me mostra a cada dia que havia mais guardado pra mim. que eu não precisava esperar a minha vez, que podia ser agora mesmo. você não me quebrou. a maior resposta que eu posso dar a tudo o que me aconteceu é ser absurdamente feliz de novo. e eu sou.

quem sabe um dia a gente se esbarra, e algo bonito tenha restado. por enquanto não. ainda é cedo.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Acho bonito quando a gente encontra as partes que nos cabem e separa das que cabem aos outros. Bonito esperar que o que fica de bonito de uma relação pode ser o bastante para que essa parte da história seja contada no futuro. Boa sorte!

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