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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

perto.



Seria bom se na vida a gente pudesse visitar o futuro e saber que tudo fica bem. 

Acelerar um ou dois anos no tempo. 

Eu tinha essa ideia de como a minha vida seria. Hoje ela não chega nem perto do que eu imaginava, mas ela é exatamente como eu queria, como eu precisava que fosse.

As coisas estão pra trás.

Os pisca-piscas serão encomendados.

O chão de tacos de madeira é questão de algumas semanas. Firme, firme. Acompanhado de um janelão por onde eu vou poder olhar o céu. E ter uma rede. E um pé de jabuticabas dentro de casa, porque sim. Porque eu posso.

A paz de espírito eu já tenho. Vai comigo pra essa nova vida.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

um milhão de posts não postados da época em que eu não conseguia falar. e aí, eu tento apagar os rascunhos e não consigo. eles não serviam pra ser compartilhados na época em que foram escritos, e agora também não servem para serem jogados fora, porque eu me lembro de cada detalhe do que eu estava sentindo ali. eu releio e acho que devia ter postado.

e agora essa nova vida. 

pra começar essa nova vida eu preciso deixar a vida antiga pra trás, e eu não vou conseguir fazer isso com todos esses rabiscos escondidos nos rascunhos do blog, nos rascunhos do e-mail, no bloco de notas do celular.

a vida antiga ficou pra trás, mas os escritos precisam ir junto.

não vai fazer sentido pra quem chega de repente, não vai fazer sentido considerando a vida de agora. não vai fazer sentido a ordem, porque eu escrevi de forma desconectada, indo e vindo. faz o maior sentido do mundo se a gente considerar a bagunça que estava a minha cabeça. que esteve a minha cabeça.

sabe quando você vai arrumar uma bagunça e precisa bagunçar ainda mais pra entender onde cada coisa se encaixa, e onde ela deve ser guardada? estou prestes a fazer uma bagunça de escritos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

sessão da tarde

eu ainda procuro saber. ajuda na minha falsa sensação de controle. tudo o que ele escreve aparece pra todo mundo que me conhece, gente que convive comigo. depois que você passa anos com uma pessoa, fica dificil separar os universos. são muitas pessoas em comum. o que ele escreve, as fotos que publica. todo mundo vê. todo mundo sabe. tendo visto e já sabendo, as pessoas me encontram. então, eu preciso estar preparada. eu preciso saber. eu não posso receber esse tipo de informação sem estar preparada. eu não posso correr o risco de alguém me contar. eu não posso correr o risco de não saber como reagir a esse tipo de informação assim. eu preciso me proteger. de mim mesma. dos meus sustos. 

durante quase quatro anos eu imaginei como seria esse dia. o dia em que ele me apareceria com uma caixinha, eu abriria e diria sim, sem nem pensar duas vezes. quando a viagem virou uma realidade inevitável, eu fantasiei que ele me pediria antes de ir, pra selar que era isso que a gente queria, mesmo com a distância. ele não pediu. ele nunca pediu.

eu lembro da primeira vez que ele me disse que eu era a pessoa com quem ele queria ter filhos. acho que foi ali que eu me casei com ele, dentro da minha cabeça. o resto foi o resto, foi consequencia, foi a vida que eu fui floreando em torno da gente e daquele futuro todo que a gente tinha.

estranho, estranho mesmo, é ver o anel que eu tanto quis nas mãos de outra pessoa. o sorriso feliz, a mão estendida mostrando pra todo mundo. a cidade ao fundo. senti um frio gelado me correr pelas costas. meu coração escorreu e parou no chão. o mesmo chão que enche de cacos vez por outra. e faz aquele barulho estridente de vidro quebrando quando eu piso.

pisei nuns cacos ontem, depois da foto. tive vontade de chorar. pensei nos filhos que a gente não teve, no anel que nunca veio pra mim durante aqueles anos. ele nunca me pediu em casamento, ele sempre deixou pra depois, sempre hesitou, nunca foi a hora certa. 

não é que ele não queria se casar. ele não queria se casar comigo.

penso em harry e sally, e em todas aquelas comédias românticas que a gente cresceu assistindo na sessão da tarde, que a mocinha começa a história chorando porque o ex namorado pediu a nova namorada em casamento depois de poucos meses de namoro. penso que eu sou uma delas, que de fato a minha vida parece um filme do cameron crowe. e de repente eu sou o centro dessa história que nem é mais minha. é dele. é deles. uma luz meio amarelada, a trilha sonora acertada, o choro preso na garganta.

o sorriso decepcionado de quem de vez em quando ainda custa a acreditar que é assim que as coisas aconteceram. 

a vida, né? 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

cura. cura?

esse é um post que eu ensaio há tempos. eu nunca chego a lugar nenhum com o que eu quero dizer, e eu nem sei se de fato há algo que eu ~queira~ dizer. são essas minhas tentativas de organizar as ideias, a cabeça. aí, amiguinhos, eu penso que se nem em, deixa eu pensar, estamos em setembro de 2015, tudo foi em novembro, OH MY GOD 10 fucking meses de terapia intensiva, divã e freud na veia, eu consegui organizar as ideias, é muita pretensão minha achar que aqui isso vai ser diferente.

daí eu lembro do outro blog, e como tudo fluía. do quanto que escrever é hábito, do quanto que escrever é processar, é repetir, é elaborar. e eu volto a achar que eu só precisava retomar a antiga coragem, a falta de medo de ser lida, de ser exposta.

eu aqui. a vida. essa montanha russa.

***

na imensa maioria das vezes eu acho que estou ok. sendo bem racional, eu estou ok, super ok. a vida se reorganizou de um jeito incrível. pacote completo. salário legal, planos, namorado. realização profissional. eu nem gasto tanto tempo pensando no ex. sim, eu ainda penso. acompanho a novelinha mexicana com a namorada que parece legal, o corte de cabelo e os óculos equivocados. a única regra realmente séria que eu me impus em 2015 foi não estar aqui em setembro. porque seria a data da volta, ~de quando eu acreditava que a gente ia finalmente fazer planos olhando pra um mesmo lugar~. setembro de 2015 começou a existir pra mim muito antes de ser 2015. ele ia voltar, a gente ia comemorar o aniversário, quem sabe mudar de casa e ser uma família. 

eu olho pra essa versão de mim e fico meio apavorada. tenho vontade de viajar no tempo e pegar na minha própria mão lá em 2013, 2014. quem sabe 2012 ou mesmo 2011, quando tudo estava bem no comecinho e eu começava a acreditar que já sabia como seria o resto da minha vida. eu diria pra essa versão antiga de mim. menina, não faz isso com você. olha ele sendo egoísta e não deixando nenhum espaço para sonhos em comum. olha ele nem te deixando pensar em como seria o futuro. olha ele reclamando que a sua blusa nova tem um decote, ou que você não combina com o casaco de brilhos que podia chamar atenção, e nem com a lingerie de renda. olha você ficando quadrada e preto e branco, sem decotes e sem graça. eu diria pra essa versão pra correr. pra lembrar como tudo era antes. não tem amor que pague isso, que substitua. corre. a vida e acerta, a vida pode ser boa.

na minoria das vezes eu abro o histórico de mensagens. daqui nove dias, aniversário daquele dia do aeroporto. eu quis tanto este setembro. eu vivi pra ele. mesmo quando acabou, quando este setembro deixou um gosto amargo na boca, ainda assim houve expectativa. o que vai acontecer? ele volta? as pessoas começaram a me perguntar, e eu sinceramente não sei. eu tratei de me dar de presente um bom setembro para esperar. férias. nova iorque. eu fico mesmo muito contente comigo pela decisão tomada lá atrás. eu penso na mala, eu penso em deixar tudo organizado no trabalho, eu penso numa bicicleta atravessando a ponte do brooklyn. quando eu abri o histórico e caí naqueles primeiros dias, a mesma dor, o mesmo choro. a diferença é que eu paro de chorar mais rápido. penso que a vida é assim, a gente se quebra, a gente se cola. nunca mais vai ser como era. de vez em quando eu vou andar e vou sentir os cacos, porque eu ainda piso neles vez por outra. eu me pergunto se um dia isso vai passar, ou se é assim que é pra ser, e que eu fui muito protegida e poupada durante a minha vida pra só descobrir isso agora. na minoria das vezes eu sinto falta da sensação de ser absurdamente feliz. e aí eu me lembro de ter feito essa pergunta para a dra freud. eu consigo ser absurdamente feliz de novo? ela disse que não. mas que sim, é óbvio que eu vou ser muito feliz. a vida se ressignifica. eu me embalo nesses termos de psicanalista, entendo que essa versão colada de mim é mais forte. eu já perdi tudo. eu reconstruí. não tem nada nada nessa vida que eu ache que não dou conta de passar. 

eu sou mais forte. sou também mais cínica, mais armada, mais desconfiada. mais agarrada ao pé firme no chão, a não me deixar levar. eu tenho medo de ter perdido a capacidade de me apaixonar perdidamente por alguém. porque o perdidamente pressupõe entrega total e absoluta, sem medo das consequencias. eu tenho medo das consequencias, eu me protejo. eu vejo pessoas perdidamente apaixonadas e eu sinto inveja dessa ingenuidade. não sei se consigo de novo. talvez isso tenha sido perdido para sempre.

a cura vem aos poucos. setembro de 2015 finalmente está aqui, e eu fico sendo lembrada por esses aplicativos que contam sobre como foi esse dia em outros anos. o quanto eu fui feliz, ou o quanto eu sofri com a despedida. eu faço questão de lembrar. o luto leva um ano, e isso é a psicanálise que diz. todos os primeiros aniversários. eu estou preparada para passar agora, pelos próximos três meses, pelas lembranças mais dolorosas. a despedida, as juras, a caixa que chegou com carambolas dentro, e era ele me dizendo que tudo ia dar certo. nada deu certo, e eu nunca mais comi carambolas. não consigo. ainda me ressinto, e me pergunto se algum dia vai ser diferente. a cura vem aos poucos. ainda outro dia eu passei em frente ao trabalho do ex. não lembrei, não acompanhei com os olhos, entretida na conversa com o namorado. só me dei conta muitos quilometros depois. cura.

esbarrei na madrasta dele ontem, num restaurante. sempre me perguntei como seria se isso acontecesse, se eu teria coragem de enfrentar. andei até ela, que fingia não me ter visto, talvez por não saber como regir. abracei e cumprimentei, descobri que ela tambem se separou do pai dele. ex madrasta, agora. a mudança acabou sendo boa para nós duas, ela disse. eu concordei. eu estou bem. o tanto que é possível ficar bem depois que você entende que essas rachaduras vão te acompanhar.

e aí tem essa vida nova. a viagem é a dois. eu tenho medo da gente, eu ainda não tenho certeza de nada. eu quero. eu gosto. acho que amo. será que amo? não digo, não sei. acho que amor é palavra forte, não quero usar, desaprendi a usar. sigo assim, pisando em ovos, tateando no escuro. oscilando entre achar tudo maravilhoso e achar tudo errado. sem certeza de nada, da gente, dele, de mim. mas que certeza eu poderia ter afinal? sobra alguma certeza quando tudo o que vc tinha como certo desaba como um castelo de areia? sigo sem essas respostas. sigo me sentindo encharcada, sensivel, pronta pra passar o dia na cama lamentando a desgraça dos planos desfeitos. como é que se constroi em cima disso? dá pra viver um grande amor sendo racional? dá pra planejar uma vida, e uma casa, e uma familia, quando a gente não tem certeza de mais nada?

nova iorque em 6 dias. como sobreviver a 2014, eu me perguntei naquele 12 de setembro enquanto arrumava as malas dele. a certeza que eu tenho hoje é que sim, sobrevive-se. mas não inteira. nunca mais inteira.



sexta-feira, 3 de julho de 2015

catarse

oito meses de terapia duas vezes na semana, às vezes três, às vezes sábados e domingos, às vezes por skype. ouvi do moço do estacionamento do prédio da dra freud a proposta de fazer um plano mensal. piada pronta. remédio pra dormir, remédio pra parar de chorar, feedback no trabalho porque eu tinha uma postura "muito negativa". e eu tinha mesmo. tinha sobrado tão pouco. tinha sobrado nada. 

o tempo passou. eu olho pra minha vida agora e ela se reajustou. eu estou bem. se eu vou lá olhar as suas fotos é porque eu quero saber de você. às vezes dá saudade, às vezes dá tristeza, às vezes eu me divirto vendo você fazer ou dizer algo familiar. às vezes eu sinto raiva. é só raiva o que eu tenho sentido esses dias. 

parece que tudo aconteceu em outra vida. algumas das suas fotos são as mesmas que foram nossas. as nossas fotos e as nossas piadas, emprestadas e aplicadas na sua vida instagramada. a vida que me ignorou, que me descartou, que me sobrescreveu. eu queria ver em você algum vestígio de mim. algo que mostrasse que eu existi. não há absolutamente nada. tela em branco. 

eu lembro da correria pra conseguir que seu visto chegasse até você a tempo de pegar o avião, naquela sexta feira. eu nem sabia que era mesmo o nosso penúltimo dia. a crise de choro sentada no chão, enquanto eu fazia as suas malas. o desespero em ser forte pra que você desse esse passo. a gente ia ficar juntos, eu tinha tanta certeza. 

ainda outro dia eu sonhei com seu pai. eu gritava com ele o quanto você tinha sido babaca comigo. acordei exausta. sete meses depois e eu ainda sonho com o seu pai. ainda gasto energia. 

dez meses atrás você não conhecia três das pessoas mais importantes da sua vida. dez meses atrás você era a pessoa mais importante da minha. e a sua família fingiu que eu nunca existi. e você continua fingindo. 

parabéns. você é oficialmente o moleque que teu pai te proclamou naquela grande briga de um domingo de páscoa. a briga em que eu te defendi, te levei embora e te trouxe de volta, pra que vocês se perdoassem. a briga que me fez olhar teu pai com aversão por cada dia que se seguiu, até hoje. 

seu pai estava tão certo. a errada era eu. você é moleque. ponto pra ele. 

você é capaz de aguentar isso? você é mesmo forte? 

eu não apago os seus vestígios em mim. nem que eu quisesse eu conseguiria. a garota que tem novos amigos, novo namorado, novo trabalho, infelizmente ainda é a mesma que você deixou pra trás. isso vai comigo onde eu vá. o buraco no peito, a descrença. o desespero em me proteger, em tentar ler sinais com a antecedência necessária para me salvar de um novo tombo. eu fico esperando doer menos. 

eu não te amo mais. ponto pra mim. 

mas eu ainda choro por sua causa, por nossa causa, pelo que aconteceu comigo, com você, com a gente. 

eu quero que a vida te bata. eu quero ver você irremediavelmente apaixonado e sendo abandonado sem mais nem menos, sendo apagado da história, sobrescrito. eu quero saber que eventualmente você vai estar na sua cama em posição fetal, com medo de tudo e de todos, chorando alto o seu coração partido. talvez nesse momento, um dia, você experimente o que você fez comigo. ainda assim vai ser pouco, eu te digo. 

a terapia não cessa. muda o motivo, muda o detalhe da dor. esses dias, tudo o que eu busco é não deixar que esse monstro que você botou morando dentro de mim destrua a vida que eu posso reconstruir.

terça-feira, 23 de junho de 2015

montanha russa

eu fico pensando onde é que tudo vai parar. o remédio saiu do sistema e eu acalmei, acalmei demais. não sei se consigo falar de amor ainda, não sei se consigo nem daqui um tempo. eu quero continuar apaixonada, posso querer só isso? como faz pra manter isso quando as coisas se estabilizam, e o tempo dividido precisa também acomodar a familia, o trabalho, a rotina? a serotonina toda que me fazia não ter medo agora vem aos pouquinhos, e eu ando assustada. assustada porque desaprendi namorar, desaparendi essa coisa de ir deixando a pessoa tomar espaço aos poucos. eu tive todo o meu espaço tomado no so-called-casamento, eu não me importei, eu me adaptei. eu funciono bem a dois. e agora tem a minha casa, só minha, e os meus horários, só meus, e os dele, só dele. eu me acostumei a funcionar a dois, e eu fico achando que esse espaço que surge significa algo. eu vejo fantasmas, eu tenho medo, eu imagino tudo se desfazendo num instante. porque é isso que acontece, mesmo quando a gente acredita que nada de ruim pode acontecer. se tudo se desfizer, ok, já aprendi a sobreviver. mas eu quero? investir em coisas que acabam, apostar uma aposta que é sempre alta, e sem garantia nenhuma? 

amy tava certa. love is a losing game. 

paixão acaba em quanto tempo? o que vem depois? eu não consigo comparar com o antes, o antes não seguiu nenhum padrão. era fácil, um estalar de dedos. adults are this mess of sadness and phobias, dizia a mary da kirsten dunst em brilho eterno de uma mente sem lembranças. eu não posso nem ver o filme ainda, eu penso nele e engasgo. eu gosto de acreditar nesse amor que traz um ok gigante escrito na testa, de aguentar todas as coisas, de poder desmoronar nos braços do outro. de achar descanso e abrigo. a verdade é que a gente vira adulto e desmorona o tempo todo, e na maioria das vezes não tem abraço pra acolchoar a queda. a gente dá com a cara no chão. fica lá, chorando, até ter forças pra levantar de novo. e anda tropeçando até ter forças pra acreditar de novo. quando é que isso acontece? quando isso acontece, dá pra acreditar de verdade? quem já desmoronou uma vez conhece a queda. ela vira algo ali, no horizonte. inocência perdida não tem volta. 

eu quero dizer que amo, mas eu não amo. tem horas que eu amo, depois não tenho certeza se ainda é essa coisa de começo, de encantamento. se tem uma coisa que eu tenho certeza que é recíproca, e disso não há sinal de dúvidas, é o medo. o tombo recente é mútuo, o medo de quebrar a cara ali, à espreita. os dois estragados, os dois machucados, os dois querendo o ok estampado na testa, os dois despreparados e desacreditados que esse ok seja de fato possível.  
e tentando. 

será possível? seria possível?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

no auge do meu desespero eu fui parar nesse psiquiatra que não por acaso era também homeopata e achou por bem me receitar bolinhas e gotinhas pra curar o coração partido. eu até tentei durante umas semanas, mas aí pensei what the fuck, voltei lá e disse que esperava mais dele. ele argumentou que aquilo que eu sentia não era depressão, e que ele é contra medicar coração partido, porque a sociedade como um todo se acostumou a se anestesiar da dor e a dor é essa coisa que precisa ser vivenciada. give me the fucking meds, eu disse chorando, e ele me deu muito a contragosto, com a condição que eu topasse também as bolinhas. topei. 

e quatro dias depois eu estava eufórica. voltei lá pra acompanhamento e contei pra ele as maravilhas da felicidade sintética, e ele me falava CEDILHA, o remédio só vai fazer efeito em TRÊS SEMANAS, aí eu mandei ele me levar pra análise porque obviamente eu era um case de sucesso para a industria farmacêutica. conheci o menino de olhos rasgados e, meudeus, a felicidade foi pra níveis estratosféricos, uma euforia sem limites, eu ia pro divã pra dizer o quanto a vida, essa coisinha incrível, era mesmo maravilhosa. voltei no psiquiatra e disse que já estava bem, e que nem lembrava do ex, e que agora era hora de tirar esse remédio, porque além de me deixar muito feliz ele me fez ganhar dois dos cinco quilos perdidos na separação, e taí uma coisa que eu não queria ver de volta. 

estamos em desmame. esse é o termo médico para acostumar de volta o seu cerebrinho a funcionar com todas as quantidades corretas de serotonina e dopamina, pra ele entender que a vida é maravilhosa mas tem problemas, e que tudo bem, você é um ser humano apto a lidar com eles. tamos aqui nesse processo de ter o cérebro funcionando com um terço da alegria sintética, precisando se fiar na alegria genuína e verdadeira, que é essa que existe mas não explode em sabores de frutas. 

a vida continua boa? sim. 

mas o trabalho tem um maluco machista, e são dois quilos extras me apertando nos shorts de alfaiataria que eu comprei ainda outro dia. 

preciso cortar o cabelo, e meu cabeleireiro também se mudou pro outro lado do mundo, hello. 

namorado novo é incrivel, mas tem uma visão política diferente da minha. que maravilha as diferenças, vamos lidar com elas, mas às vezes eu só queria alguém que concordasse comigo, enfim. 

a filha do namorado tem onze anos e quer discutir o ian somerhalder e a blair waldorf. eu quero que ela goste de mim, e engasgo com o sorvete de coco no meio da conversa. 

a ansiedade voltou a fazer companhia, mas o chefe anda guardado no bolso e concorda com tudo o que eu digo. tomo broncas por atraso every single day e, ironia das ironias, preciso dar broncas na equipe por atraso. 

marco minhas férias e faço contas. será que vai dar? claro que vai, relaxo e compro vestidos. continuo sem ter certeza de que vai dar, mas pelo menos agora eu me imagino em berlim passeando com meu vestido florido e meu kimono de renda. 

corro no parque e ando na garupa da moto. aprendo que o ex tem uma namorada, revisito as minhas dores e olha só, continuo ótima. me acho mais bonita do que a atual namorada do ex, mas obviamente, se a gente for entrar nesse mérito, dificilmente alguém ganhará dele no quesito beleza. estamos quites. ele anda de barquinho, eu ando de moto e coleciono roxos. 

stalkeio as ex namoradas do namorado, pra saber se elas são mais bonitas ou mais magras que eu. descubro que são mais velhas (i win), bonitas de um jeito diferente (e levemente parecido comigo, freud deve explicar essa - we're even), e com certeza mais magras (i lose). como uns pães de mel pra lidar com essa informação, hoho. foram presentes dele. ;)

a vida era isso que estava acontecendo enquanto eu estava anestesiada. e agora ela chegou com tudo, de volta, enquanto eu ainda to aprendendo a redistribuir a serotonina. boralá.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

you had me at pé de jabuticaba


existe esse mundo pra explorar. o mundo com um jardim num terracinho com vista pro céu amarelado de são paulo. plantas, muitas, que ele faz questão de regar. existe um pé de jabuticaba, e um pé de lichia, e orquideas. um banquinho de madeira e um regador. eu, que sempre busquei a segurança dos cactus e suculentas, me vejo querendo aprender essa mágica que é cultivar um jardim com plantas que pedem mais ou menos sol, mais ou menos água, e disputar as frutas com os passarinhos.

fico pensando na vida e nos cachorros que a gente poderia ter, em como eu decoraria uma casa nossa e não minha, que precisasse abrigar a vitrola, os vinis, os monitores gigantes do computador que ele usa pra trabalhar. o violão, a bicicleta, as plantas todas, a parede de quadro negro rabiscada com os logos antigos. tudo isso combina absurdamente com o que eu quero pra mim. e com as paredes que eu faria questão de colorir.

era pra eu ser mais cautelosa. mais cuidadosa. me proteger mais, eu sei, dado os cacos colados há tão pouco tempo. não sei, não consigo, eu tenho pressa pra viver essa vida que é minha e que eu não conhecia, e que grita por mim o tempo todo, enquanto eu faço planos, tantos, tantos, pra daqui uma semana, pra daqui três meses, pra daqui dez anos.

sábado, 30 de maio de 2015

unsent

é hora de revisitar as fotos. elas não me machucam mais. são a minha história, a história que um dia foi nossa. penso em como deveria catalogá-las, agora que tudo mudou. uma pastinha com seu nome? quero tirar da mistura as fotos só minhas. salvar as que eu estou com o cabelo legal para futuras referências, essas bobagens. quero poder olhar os álbuns sem susto, apesar de muito pouco susto ter me restado depois de tudo.

tem horas que eu sinto carinho por você. esses dias eu fui tomar sopa na padaria a uma quadra de casa, e a primeira coisa que eu pensei quando entrei lá foi o quanto você ia gostar dali. daí eu lembrei das coisas que você me disse, do quanto a nossa "vidinha" tinha ficado pequena para você depois que você foi ver o mundo e eu desapareci como se nunca tivesse existido. eu ainda não te desculpo pela forma que você me tratou. ainda não te desculpo por terminar por sms uma história de quase 4 anos. desculpo não. te desculpo menos ainda por tentar a todo custo que a nossa conversa final fosse em um "lugar público", como se eu fosse alguém que você não conhecia e cujas ações não pudesse prever. o desconhecido ali era você, não eu. eu estava dilacerada, a vida que era nossa desmoronando, e você dizendo que já fazia tempo que se sentia assim. que a nossa história jamais tinha ido contigo, tinha ficado comigo, na nossa casa, no nosso bairro. eu não te desculpo pela palhaçada da retrospectiva do ano horroroso de 2014 nas redes sociais, fazendo piada em troca de likes sobre como o seu ano tinha se resumido à viagem, feijoadas e cachaças. o ano que eu vivi em torno de você, apoiando seu grande passo e esperando que depois, um dia, fosse a minha vez. não, espera. por isso, eu não perdôo é a mim. o ano que você preferiu ir beber cerveja na esquina enquanto eu te esperava arrumada para comemorar o dia dos namorados. eu devia ter lido os sinais. 

sua chave chegou num envelope, e tinha um grow up escrito à mão, do lado do meu nome. fiquei no sofá meia hora, coração acelerado, pensando o que aquilo queria dizer. mais uma pergunta pra lista das coisas que eu não terei resposta. mais uma coisa pra lista de perguntas que eu comecei a não me importar mais em ver respondidas. 

processar 2014 é coisa que vai me tomar tempo ainda. 2015 começou difícil, mas se aprumou rápido e me mostra a cada dia que havia mais guardado pra mim. que eu não precisava esperar a minha vez, que podia ser agora mesmo. você não me quebrou. a maior resposta que eu posso dar a tudo o que me aconteceu é ser absurdamente feliz de novo. e eu sou.

quem sabe um dia a gente se esbarra, e algo bonito tenha restado. por enquanto não. ainda é cedo.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

rotina

esses dias compridos de outono, o capacete que eu ganhei pra andar na garupa da moto. um canivete no lugar do chaveiro, a conversa sobre o tamanho da peça de salmão com o moço do açougue, as migalhas dos pães de diferentes grãos no chão da cozinha. a discussão se pepino é fruta ou legume. o amolador de facas que veio se hospedar em casa e nunca mais voltou. "minhas facas estão amoladas, as suas não. e eu só cozinho aqui esses dias". os croissants de chocolate que ele aquece no forno, a escova de dentes no banheiro, as duas gavetas recém ocupadas no armário. os LPs encostados num cantinho da sala, episódios intermináveis de friends, os óculos de aro grosso largados no criado mudo. intimidade que vem com o tempo, o silêncio que não incomoda. as férias marcadas junto. vamos voltar a paris. porque sim, porque paris está lá, porque foi pouco tempo pra mim, porque ele não conhece, e eu posso achar a rua com nome dele ali em montmartre, pertinho da rua com o meu nome. por que não?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

pillow talk

você vai casar comigo? ele perguntou, com os olhos ainda fechados.

vou.

(respondi sem pensar duas vezes. que coisa)

mas ainda precisamos de tempo. está tudo tão rápido.

a gente tem tempo, ele disse.

(e tem mesmo. todo o tempo do mundo. e sim. eu vou me casar com ele.)


domingo, 10 de maio de 2015

coração de mosaico

consegui olhar de novo pra você, hoje. passei pelas suas fotos, a sua jornada, como você gosta de dizer. você continua bonito, e parece feliz. senti uma pontinha de dor, mas nada que me desesperasse. é só aquela tristezinha do que um dia foi feliz e acabou. agora eu sei. agora eu sei que você precisava se salvar dessa vida que te prendia. a mesma vida que me libertou, e por isso não, nunca nunca que eu teria te seguido. reforço cada uma das minhas escolhas quando ando pela casa que um dia foi nossa, mas que agora é só minha. a parede que a gente pintou, o relógio que até hoje não existe na parede da cozinha depois que você quebrou num sábado distraído. algumas coisas jamais serão repostas. outras sim. deu saudades de você me chamando de pastel, ou cantando aquelas músicas que só existiam na sua cabeça. a nossa história também foi uma jornada. foi a jornada que eu precisava pra entender o que eu queria pra mim e pra minha vida. todas aquelas bobagens que eu dava valor e você não ainda seguem comigo como as coisas mais importantes do mundo. e eu fico feliz que elas sejam minhas. talvez você seja do mundo. eu não. eu crio raízes, mas não nesse asfalto duro de são paulo, como você chegou a dizer. minhas raízes são outras, e eu finco feliz numa nova história de amor. demorou meses até eu ver que você estava certo, e eu errada. eu teria ficado com você pra sempre. e teria sido feliz, feliz. mas também tinha essa outra vida, e ela é tão absurdamente mais intensa do que a gente foi. e eu jamais saberia, porque era preciso ter tido o meu coração partido em um milhão de caquinhos pra colar de novo, tipo um mosaico, um desenho reconstruído. pra finalmente entender. que não era a gente. não era você. não era eu.

fica bem. seja feliz. eu estou sendo.

c.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

#1 

em 2010 eu ainda era apaixonada pelo covinhas. ele não era apaixonado por mim, vivia entre idas e vindas com a namorada japonesa. a cada término eu me enchia de esperanças. éramos amigos. saíamos juntos. fomos a um aniversário de uma amiga em comum e eu vi quando ele colocou os olhos em uma menina miúda num cantinho da mesa. ela rabiscava em guardanapos. foram apresentados enquanto eu observava, de longe. eu sabia. eu soube imediatamente que ali, naquele momento, todas as minhas chances já quase inexistentes se extinguiram de vez. meu coração escorreu e foi parar no pé, enquanto à distância eu acompanhava os sorrisos e olhares. eles foram morar juntos um mês depois, e são felizes até hoje. eu sempre lembro dessa menina, e sempre pensei que, na vida, eu não seria arrebatada, e muito menos arrebataria ninguém. 

#2 

eu sonhei que nada estava acontecendo. no sonho, minha vida era como antes, e eu pensava no menino da motocicleta e olhos rasgados como um sonho do qual eu acabava de acordar. sabe aquela sensação de acordar de um sonho bom? eu me sentia assim, meio decepcionada com a descoberta. acordei e ele dormia ao meu lado. era realidade. sonhei que estava sonhando. 

#3 

existe uma ex namorada, e eu fico pensando como ela vai reagir quando souber que eu existo. ela ainda liga pra ele, ainda manda mensagens de madrugada. eu fico pensando que eu sou a menina do bar do covinhas, que chegou criando uma nova história, uma reviravolta, jogando os planos de outra pessoa no chão. será que sou eu no lugar da menina, arrebatando e arrebatada, enquanto alguém tem o coração partido?

terça-feira, 28 de abril de 2015

sobre começos

experimentar uma nova pessoa tem sido agridoce. todas as coisas que eu não sei, todas as coisas que ele não sabe, toda a vontade de ficar junto versus o que é normal pra quem se conhece há tão pouco tempo. ainda não é a hora em que a gente desfia os medos e inseguranças. eu quero ser leve e discutir amenidades, se eu prefiro café com açúcar e ele café puro, ou se cachorros são mais legais do que gatos. nós dois adoramos sorvete. ele me conta as histórias e foram tantas vidas em uma só. eu fico pensando que, fosse eu um pouquinho mais racional, não estaria com alguém tão livre, tão ao sabor dos acontecimentos. eu sou presa em regras. e o fascinante nas histórias que eu ouço é justamente a falta delas. os planos já aparecem, mas ainda é cedo, sabemos disso. eu tinha toda uma vida planejada, eu tinha o rosto dos meus filhos desenhado na memória. eu fico imaginando se seriam as mesmas crianças, trocando o cabelo claro e cacheado pelo escuro e liso, ou os olhos verdes pelos olhos castanhos, amendoados e pequenos. começo a gostar da ideia. começo a ter medo de dar errado. é tudo tão incrível quando as portas estão trancadas e o mundo lá fora não entra. é tudo tão adulto e tão diferente de tudo o que eu conhecia até então. é tudo tão forte, e ao mesmo tempo tão delicado e frágil.

já não existe mais mágoa ou raiva. existe a vida, essa coisa meio louca e incrível, mostrando que a gente não sabe é nada. que um mundo acaba para que outro novo se crie. e, meodeos, que mundo feliz esse que eu ando vivendo.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

but if you try sometimes, you just might find you get what you need

eu já não escrevo pra ele. 

eu escrevia pra mim, depois pra ele, depois não escrevia por causa dele, depois por causa de mim. 

hoje eu escrevo por mim. pra mim.

o tempo todo eu traço um paralelo entre a vida que teria sido, que estaria sendo, e a vida que é, de fato. demorou quase cinco meses.

o plano b me trouxe de volta para o quadro em branco, podendo escolher qualquer coisa. eu escolhi um trabalho novo, recomeçar do zero. o plano b me trouxe um reencontro com a minha imagem refletida no espelho. voltaram os batons coloridos e os shorts com meia calça. o plano b me trouxe paris e novos planos de novas viagens. eu preenchi os espaços da casa vazia e já ocupo a cama inteira de novo. voltaram os amigos e os bares, a casa cheia de queridos, o tapete manchado e eu nem me importando.

eu já tenho a minha resposta. 

leva entre quatro e cinco meses pra esquecer até o maior amor do mundo. a gente supera. preenche os espaços. o plano b pode não ter sido escolhido, mas pode surpreender. pode até trazer o frio na barriga de volta. trouxe um moço divertido que tem óculos com aros grossos e dirige uma motocicleta, vejam só. o plano b trouxe de volta as primeiras vezes. os primeiros beijos. as poucas horas de sono e a ressaca feliz do dia seguinte. 

eu queria poder dizer pra mim mesma, há cinco meses atrás, que a vida se acerta. que nem sempre a gente escolhe. mas que até nisso a gente se encontra. e sim, fica tudo bem.

sábado, 7 de março de 2015

quanto tempo leva?

Quando meu mundo caiu, eu comecei a cutucar as cutículas dos polegares das mãos. Eu apenas cutucava, repetidamente. os dedos ficavam vermelhos e irritados, mas eu não conseguia parar. Eu já perguntava para as pessoas a mesma pergunta que eu ainda faço hoje, três meses e meio depois. Quanto tempo leva? 

Acho que com isso eu alterei o crescimento das minhas unhas. Eventualmente, quando cresceram um pouco, eu percebi que havia uma ondulação nelas. A unha do polegar não crescia lisinha. Perto da cutícula havia uma depressão, o inicinho da unha era fundo, e isso fazia um degrau até a parte seguinte, que era a unha normal de quando estava tudo bem e eu não me machucava sem perceber. Quanto tempo leva? Eu continuava perguntando, com as mãos levemente estragadas e minha mãe insistindo que eu passasse um esmalte. 

Começou em novembro. Eu olho pra trás e tudo parece meio nublado. Não sei a ordem dos acontecimentos, apaguei da memória conversas inteiras com amigos queridos. Não lembro de coisas que eu disse. Lembro das perguntas, não lembro das respostas. Quanto tempo leva? Se me dissessem naquele 22 de novembro que levava mais de 3 meses, como eu sei agora, acho que eu teria ficado menos desesperada. Eu preciso de dados, de informações, de um infográfico que me guie pelas fases do luto pós separação. Eu só queria saber ao certo quanto tempo leva. Três meses eu já sei que não é, porque eu vivi esses três meses e ainda estou com o coração irremediavelmente partido.

Existe melhora. Eu já não passo todo o tempo chorando, mas eu ainda penso em tudo o que foi, em tudo o que deixou de ser. E eu ainda penso nele, sim. Não na pessoa que ele é hoje. Eu pouco me pergunto o que ele anda fazendo. Eu pouco me pergunto se ele sente saudades. Eu sinto saudades, mas não dessa pessoa de agora, que anda por aí como se nada tivesse acontecido. Eu sinto falta de quem ele foi, quando nada disso parecia que ia acontecer, nunca. Sinto falta dele fazendo pão na cozinha, ou me pedindo pra dormir mais cedo. Quanto tempo leva? Eu fico bem 60% do tempo, será que já dá pra contar? São os outros 40% que me atropelam de repente numa quarta feira ensolarada. Que me fazem desmarcar um date com um menino bonito e aparentemente muito legal, mas que eu não consigo nem cogitar conhecer melhor. São os 40% que me fazem esconder no banheiro no meio do expediente e chorar. Será que mais três meses e eu vou estar ok?

Eu acompanho o crescimento das unhas. O desnível provocado pelos machucados que eu fiz está agora na metade. Quase metade. A cada vez que eu escondo essa falha com esmalte, eu meço mais um pouquinho. Quanto tempo falta? Acho que em mais três, quatro meses, o desnível terá chegado na outra extremidade e eu poderei finalmente cortar fora a lembrança. Eu espero secretamente que quando esse momento chegar, eu já esteja inteira, assim como as unhas.

Eu conto o tempo ali.