Páginas

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

reconhecimento de território

AS PESSOAS. eu passei os três primeiros dias me sentindo cansada, esgotada, demandada. muita informação de trabalho, muito nome pra decorar, muito rosto pra assimilar. um monte de meninas diferentes de mim. são mais coloridas e cheias de personalidade do que as que eu esbarrei em wonderland. brincam com texturas, têm tatuagens. usam sneakers engraçadinhos, camisetas divertidas. nada daquele estilinho executiva que eu aprendi a ter horror. 

ainda assim, não são as minhas pessoas. não sei bem como descrever essa tribo especificamente. elas são divertidas e engraçadas, tem uma acidez que eu gosto nas conversas. mas elas são, hum, diferentes. uma coisa meio periguete. papo de academia, sobre o horror de ter filhos e estragar os corpos. meodeos. como são magras. aparecem super montadas de manhã, e olha que eu faço parte das defensoras da maquiagem e do delineador. é mais que isso. elas montam os cabelos, esculpem topetes com laquê. são cheias de tatuagens, com seus sutiãs fluorescentes por debaixo das camisetas podrinhas. boas botas, boas camisetas. leggings. peças de roupa que eu até gosto separadamente, tudo junto e misturado, ali.

certamente, monotonia não fará parte do meu dia a dia. jamais verei um taillerzinho bem cortado e caro, com vincos errados, como eu cansei de ver na menina ruiva. e essa parte eu  to achando é ótema.

as tatuagens. meodeos, as tatuagens. tem de tudo. tribal, cachorrinhos, profusões de estrelinhas e coraçõezinhos, fazendo caminhos nos ombros e pulsos. tem essa menina com tatuagens horríveis nos dedos. parecem tatuagens de presidiária. uma letra no dedo indicador, um coraçãozão vermelho no dedo médio, uma outra letra no dedo anelar. essa menina, especificamente, me lembra a minha roomate número 2, aquela que eu descobri que era puta e nunca pude contar a história no blog antigo porque VEJAM BEM, eu tinha o ex amigo virando um psicopata e me ameaçando com qualquer coisa que eu escrevesse.

abre parêntesis. minha segunda roomate saiu da minha casa comigo tendo sérias suspeitas de que ela era puta de luxo. nada contra, cada um sabe de si, mas essa é uma informação que eu considero relevante na hora de escolher alguém pra dividir o espaço e as despesas. fecha parêntesis.

ela parece fisicamente, parece no estilo, nas tatuagens de presidiária, na gengiva que pula da boca quando ela sorri, na voz sussurrante e meio grave. até as bolsas grandes com estampas de cinema são iguais. se essa fulana aparecer aqui com botas que tenham os dedos pra fora (aquela coisa pavorosa que esconde a canela e mostra os dedos pintados de esmalte) eu sinceramente acho que cabe pedir um exame de dna. porque é muita coincidência.

(o mais engraçado é que hoje ela chegou com uma cara de enterro. abraçou o chapeleiro maluco - a quem passarei a chamar de lulu santos, hoho, igual - e respirou fundo, com lágrimas nos olhos e voz embargada. ele levou ela pra sala de reunião, e eu achei que tinha morrido alguém MESMO. mas agora há pouco rolou uma piadinha que ela devia trocar a esteira por uma aula de boxe pra botar pra fora toda a raiva, pra imaginar a cara de alguém no lugar do saco e mandar ver na porrada. e eu fiquei pensando na tatuagem de letra com o coração no meio, como é que ela vai apagar aquela merda do dedo, mermão.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário