ontem a grande corporação fechou um monte de revistas. redações inteiras encerradas. equipes inteiras demitidas. limpando suas mesas coloridas de adesivos e bonecos, limpando suas gavetas dos planejamentos todos. não tinha mais dia seguinte, pra nenhum deles.
talvez seja porque depois de tanta terapia, eu finalmente elaborei a questão wonderland na minha vida. eu fiquei arrasada com as notícias. porque não é bonito ver o prédio mais legal em que eu já trabalhei, com seu chão imponente de granito, se esfarelar. não é bonito ler a história da editora de uma revista que eu gostava contar a história dela com aquele projeto, dizer que se mudou pra são paulo porque queria trabalhar ali, naquele lugar, e que agora não havia mais nada. parece a minha história, parece a história de qualquer garota que se mude pra essa terra. que tenha dado aquele mesmo salto de fé em si mesma, quando todo o resto dizia o contrário. podia ser comigo, se eu não tivesse corrido pela minha própria vida e pedido as minhas contas, em outubro passado. é comigo, também. e definitivamente, não é bonito.
e aí eu me vejo lidando hoje, de novo, com uma situação extremamente difícil no trabalho. acho que nunca corri tanto risco de demissão na minha vida. é um risco real. pode acontecer hoje, semana que vem. daqui 45 dias, quando o projeto for lançado. eu acho que é questão de tempo, mesmo. desencontramos de vez, eu e o chefo. o e-mail que ele mandou hoje, criticando meu trabalho, foi com cópia pra bastante gente. e eu estou ok. não é ok do tipo eu não me importo. é meu trabalho. eu me importo muito. mas ao mesmo tempo, eu estou tão absurdamente calma, tão absurdamente em paz. eu faço o possível, com as ferramentas que eu tenho. eu sou uma pessoa correta. meus pais me criaram uma pessoa direita. eu sou uma profissional boa pra caralho, com o perdão do palavrão. e eu digo pras minhas duas meninas, a minha equipe, que elas são boas. porque elas são, e precisam saber. e eu não vou pecar por não ter dito isso. elas sabem. eu digo. tantas vezes quantas forem necessárias.
eu estou em paz. e, se a gente for parar pra pensar, eu estou em paz por causa de wonderland. foi lá que eu aprendi a lidar com as minhas frustrações, foi lá que eu perdi o medo de apostar em mim, de novo. eu só posso agradecer por ter tido a chance de aprender como lidar com uma situação como essa. eu tenho lidado com tanta coisa errada, e eu sei que eu estou fazendo a coisa certa. se nada der certo, eu sei que eu fiz tudo que eu podia, e que eu não tive culpa. então, depois do e-mail, eu respirei fundo por 15 minutos, e o aborrecimento passou. fui almoçar, depois comprei balas de coco, que distribuí feliz para os queridos do escritório. e a vida seguiu, feliz.
eu sou muito feliz.
cada um dá o que tem. né?
é tanta maturidade com as coisas que ó, nem sei, viu?
ResponderExcluirte acompanho desde o caso do iphone e este é um dos posts mais lindos. embora você se auto-intitule garota, você é muito muito mais que isso. orgulhinho de você.
:)
vanessa fofa, obrigada. são paulo bate, mas prepara a gente pra dar conta das porradas. =*
Excluireu acho tão, tão triste. muita gente sem trabalho, pouco tempo, nenhum aviso.
ResponderExcluirboa sorte, garoto. nesse ou em outro caminho :)