terapia tem salvado a minha vida esses dias, junto com umas bolinhas de homeopatia encomendadas pela minha mãe, mais o apoio de amigos e do namorado. eu pareço uma criança que fez arte e espera a chegada do pai, que vai lhe dar um castigo.
o chefo chegou hoje, disse um oi seco e se trancou na sala com a rh. enquanto eu imaginava o teor da conversa, segui trabalhando. abri o bloco de notas e escrevi um e-mail de despedida. agradecendo aos queridos e aos corretos. dizendo que eu tinha feito o meu melhor, com as ferramentas que eu tinha, sempre pautada pelo que considerava justo, correto e ético.
desde ontem eu tenho tentado pensar nos meus erros durante todo esse processo. foram vários. não dá pra dizer que eu não fui agente de tudo o que está me acontecendo agora. eu contribuí bastante para toda a confusão.
1. eu me deixei abalar por um relacionamento que não tinha absolutamente nada a ver comigo. mais que isso, eu fui tomada por ele. entrei nas conversas paralelas, julguei o comportamento. fiquei maquinando razões ocultas por trás de cada frase que ouvi, cada conversa de portas fechadas, cada olhar.
2. eu me distraí do meu trabalho. fiquei brava com tudo o que acontecia em volta e me distraí do que devia fazer. continuei cumprindo os prazos, mas o foco não estava mais lá. estava no resto.
3. eu medi forças com a rainha de copas. discordei dela, respondi e-mails com a cabeça quente, fui conversar sobre o comportamento dela mais de uma vez com o chefo. e com o rh. eu podia ter escolhido apenas assistir a tudo, e não me deixar abalar ou incomodar. eu fiz exatamente o contrário.
4. eu carreguei esse assunto pra casa, deixei meu sono ser interrompido e minha paz ser roubada. carreguei o peso disso nas costas, um peso que sequer era meu pra ser carregado. monopolizei minha terapia com esse assunto, porque simplesmente não fui capaz de dar a ele a importância que ele devia ter. quase nenhuma. não era importante e eu fiz disso algo importante.
5. eu me coloquei numa posição de justiceira, de fiscalização do que era correto e justo e ético. esse papel não era meu, nunca foi. e me tomou muito mais energia do que eu podia suportar.
a verdade é que agora, pensando racionalmente, a melhor coisa que pode me acontecer é sair. é tirar uns dias pra acalmar a cabeça e aquietar o espírito. procurar outro emprego com calma. não perder a fé no que eu sei, e no quanto eu sou boa. tentar passar por isso com serenidade. tentar voltar a ler livros e ver filmes. caminhar no sol. gastar menos. eu poderia passar um tempo sem trabalhar. não muito, mas algum tempo, sim. eu me preparei para isso. o tempo de restabelecer meus contatos, de sondar o mercado, de ver o que eu quero pra mim daqui pra frente.
escrever o e-mail me acalmou. desde então, sempre que o frio corre a espinha, eu releio. e acredito que, de fato, não existe outro caminho.
por enquanto, eu espero.
Ah, você não deve ter feito essas coisas só porque sim, na hora deve ter tido um motivo que justificasse a coisa toda.
ResponderExcluirE ó, tem coisas nessa vida que definitivamente não valem a nossa saúde.