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terça-feira, 10 de setembro de 2013

mea culpa

terapia tem salvado a minha vida esses dias, junto com umas bolinhas de homeopatia encomendadas pela minha mãe, mais o apoio de amigos e do namorado. eu pareço uma criança que fez arte e espera a chegada do pai, que vai lhe dar um castigo.

o chefo chegou hoje, disse um oi seco e se trancou na sala com a rh. enquanto eu imaginava o teor da conversa, segui trabalhando. abri o bloco de notas e escrevi um e-mail de despedida. agradecendo aos queridos e aos corretos. dizendo que eu tinha feito o meu melhor, com as ferramentas que eu tinha, sempre pautada pelo que considerava justo, correto e ético.

desde ontem eu tenho tentado pensar nos meus erros durante todo esse processo. foram vários. não dá pra dizer que eu não fui agente de tudo o que está me acontecendo agora. eu contribuí bastante para toda a confusão.

1. eu me deixei abalar por um relacionamento que não tinha absolutamente nada a ver comigo. mais que isso, eu fui tomada por ele. entrei nas conversas paralelas, julguei o comportamento. fiquei maquinando razões ocultas por trás de cada frase que ouvi, cada conversa de portas fechadas, cada olhar.

2. eu me distraí do meu trabalho. fiquei brava com tudo o que acontecia em volta e me distraí do que devia fazer. continuei cumprindo os prazos, mas o foco não estava mais lá. estava no resto.

3. eu medi forças com a rainha de copas. discordei dela, respondi e-mails com a cabeça quente, fui conversar sobre o comportamento dela mais de uma vez com o chefo. e com o rh. eu podia ter escolhido apenas assistir a tudo, e não me deixar abalar ou incomodar. eu fiz exatamente o contrário.

4. eu carreguei esse assunto pra casa, deixei meu sono ser interrompido e minha paz ser roubada. carreguei o peso disso nas costas, um peso que sequer era meu pra ser carregado. monopolizei minha terapia com esse assunto, porque simplesmente não fui capaz de dar a ele a importância que ele devia ter. quase nenhuma. não era importante e eu fiz disso algo importante.

5. eu me coloquei numa posição de justiceira, de fiscalização do que era correto e justo e ético. esse papel não era meu, nunca foi. e me tomou muito mais energia do que eu podia suportar.

a verdade é que agora, pensando racionalmente, a melhor coisa que pode me acontecer é sair. é tirar uns dias pra acalmar a cabeça e aquietar o espírito. procurar outro emprego com calma. não perder a fé no que eu sei, e no quanto eu sou boa. tentar passar por isso com serenidade. tentar voltar a ler livros e ver filmes. caminhar no sol. gastar menos. eu poderia passar um tempo sem trabalhar. não muito, mas algum tempo, sim. eu me preparei para isso. o tempo de restabelecer meus contatos, de sondar o mercado, de ver o que eu quero pra mim daqui pra frente.

escrever o e-mail me acalmou. desde então, sempre que o frio corre a espinha, eu releio. e acredito que, de fato, não existe outro caminho.

por enquanto, eu espero.

Um comentário:

  1. Ah, você não deve ter feito essas coisas só porque sim, na hora deve ter tido um motivo que justificasse a coisa toda.

    E ó, tem coisas nessa vida que definitivamente não valem a nossa saúde.

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