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quinta-feira, 28 de junho de 2012

the bitch is back

resolvi ligar o modo feliz de funcionamento. tá tudo uma bagunça? tá. tá tudo desesperadoramente perdido? aham. mas vamos fingir que a vida é boa - e lembrando a máxima de que a vida é lá fora, essa vida é muito boa, sim - e seguir com o barco.

peguei a mesa pequena e comecei a dar um jeito. os roxos nos joelhos continuam, bora tacar meia-calça. a dieta desandou um tiquinho por causa dos dramas todos da semana passada mas já estamos aí, de volta à ativa. a casa ainda está bagunçada mas as plantas tem sobrevivido e a mesa chega segunda feira, o que vai liberar minha cabeça pra pensar no lustre incrivel que eu vou botar despencando em cima dela.

peguei a bagunça de john armless, toda nas minhas costas, e comecei a resolver os problemas. um por um. quando me cobram muito, eu mando esperar. tem fila. quando fazem cara feia eu sorrio, de leve, olho de um jeito quase que com pena, e explico assim bem explicadinho. não sou parte do problema. eu sou parte do galerê que conserta. estamos trabalhando para melhor atendê-lo. contamos com sua compreensão. grata. a gerência.

volto pra casa e me aninho nos braços do meu menino. vejo a fazenda, porque nicole bahls é amor. e reality show sempre aqueceu esse meu coraçãozinho malcriado.

me debatendo no meio dos afazeres de john armless, comecei a me dar conta de que eu sou muito mais rápida e mais eficiente que ele, fazendo as mesmas coisas, e ainda somadas às minhas. uma coisa ninja, mesmo. quando ele voltar, se ele voltar, vou tratar de dar dicas de como ser um john armless melhor.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

12:50


O coração tem andado acelerado de um jeito ruim, e a garganta arde. O fim de semana passou voando, e eu passei boa parte dele pensando em trabalho. Não sei quanto tempo mais eu vou topar viver essa vida. Me tomaram a mesa, e eu sou a única gestora sentada junto com os analistas. O que faz com que neguinho não respeite o que eu digo. O espaço é limitado, e junte-se a isso o fato de eu estar com o trabalho de dois gerentes nas mãos. Na metade do espaço. É tipo 4x pior. Eu tava ali, lidando com o ferro que passa embaixo da mesa pequena e deixou meus dois joelhos roxos, ligando com a metade das gavetas, metade do espaço e dobro de cobranças. E aí a menina ruiva veio me dizer que o former friend não me incluiu num treinamento importantíssimo de wonderland. Um treinamento que ele tinha me prometido, e que eu contava receber. Que me ensinaria a ser gerente, me prepararia pra essa vida de surras que eu venho levando sem histórico ou proteção.

***
na sexta a noite, encontrei um querido da firma antiga numa festinha na casa da ex roomate. ele disse que sentia minha falta na firma. eu também sinto a minha falta na firma, foi o que eu respondi.

***
to aqui lidando com a dor das escolhas feitas, com a decepção com pessoas que eu acreditava, com cada segundo dos meus dias que, já há três semanas completas, entrando na quarta, se arrastam lentamente. eu não poderia voltar. não tem esse caminho, nem que eu quisesse. não há nada lá pra mim. da mesma forma, eu olho em volta e não vejo nada, não consigo achar uma rota de fuga. fico aqui com os pés afundando em areia movediça. torcendo para nenhuma outra notícia ruim nos próximos 15 minutos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

22:31

john armless voltou, mas vai sair de licença de novo pra fazer a tal cirurgia de calombo. começou a me passar o trabalho dele e eu estou sinceramente torcendo pra que ele morra. desculpa pai, desculpa brasil, mas nem sempre é fácil manter a alegria de viver.

pra completar a brincadeira trocaram todas as mesas. por mesas menores, já que estava ficando sem espaço para a equipe crescer. não a minha equipe crescer, a gente continua sobrecarregado e sem previsão para novas contratações. outras equipes crescem e por causa delas eu perco a mesa e L e as 4 gavetas. ganho mesa menor, com menos gavetas e mais perto de todo mundo, o mesmo todo mundo que  conversa e me atrapalha, e a mesa balança e eu não posso reclamar, e toda vez que eu reclamo eu tomo um feedback, porque eu sou gestora e não posso desmotivar a equipe. hello. eu sou equipe, e estou desmotivada. john armless me passa o trabalho dele, e eu mal dou conta de fazer as minhas próprias coisas. e eu inflamei uma das minhas unhas roídas e choro quando chego em casa todos os dias, e voltei a escutar regina spektor, porque eu preciso da voz doce e das marteladas no piano, com som bem alto pra não me distrair com as conversas paralelas e a mesa que treme.

e aí eu não quero almoçar com a equipe, porque o mundo já anda pesado demais pra ligar com aquelas conversas chatas nos momentos livres, e eles ficam perguntandinho o que acontece comigo, porque que eu ando assim amuada. e eu fico querendo gritar que essa bagunça não faz parte do combinado, e que teria sido de bom tom me avisar antes sobre os perrengues que eu teria de lidar em wonderland, porque, BEM, eu tinha escolha.

mas não, né? a gente sorri, e diz que é fase. e vai pra terapia e pro colo do namorado, que é onde se deve chorar. vida corporativa cansa.

sábado, 16 de junho de 2012

Call Alice when she was just small

toda segunda, a mesma coisa. eu respiro fundo e espero acabar, espero a semana toda, e vou tentando me fazer de insensível e não deixar o peso de wonderland me atacar os ombros. eu fico pensando que eu estraguei aquele meu conto de fadas de trabalho em são paulo. que toda aquela fé se esvaiu, que eu não sei bem o que estou fazendo ou para onde estou indo. e que eu me concentro nos paychecks ao final do mês e gasto pequenas fortunas montando uma casa bonita com o meu menino. uma casa pra onde eu corro tão logo eu consiga ao final de cada dia, de cada surra. e não adianta me chamar pra jantar, pra papear, pra ir pra rua encontrar as pessoas. não quero, não vou. eu só quero pensar nas minhas paredes coloridas e na minha cama aquecida artificialmente, e no abraço do namorado dizendo que tudo vai ficar bem.

será que era isso? será que eu me vendi ao sistema e aceito passar meus dias lutando contra engrenagens enferrujadas e pessoas enferrujadas, e conversas enferrujadas? por que eu ainda não me revoltei contra essa vida? o que eu continuo esperando, pra onde foi toda a cor e encantamento que antes eu tinha com trabalhos e com projetos incríveis em lugares incríveis? de onde foi que eu tirei esse tipo de teimosia que insiste em me acompanhar, essa voz no fundo da cabeça que sussurra pra ficar quietinha, agüentar quietinha, ligar o automático e seguir a vida? uma estranha convicção de que eu não deveria estar em nenhum outro lugar que não ali, ainda que sofrida e descrente.

eu tinha me esquecido como era apanhar de são paulo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Você fica pensando até onde pode ir a imbecilidade humana.

Semana passada o former friend tentou falar comigo de novo. Quando eu chamei ele de babaca por ter me excluído do facebook, ele se fez de desentendido e ainda perguntou se não tinha sido eu que tinha deletado ele, e esquecido. eu desliguei a conversa, e daí ele mandou um e-mail, minimizando o fato de eu estar chateada, me chamando de "bravinha"e "fia", com um certo tom de deboche, e dizendo que queria que a gente desbrigaCe antes de ele fazer um tal coquetel de lançamento do novo magnífico empreendimento internético dele. Porque eu era importante e sempre estive nos momentos importantes, e ele queria as pessoas que ele gostava por perto, e isso também incluía John Armless.

Como é que eu posso fingir que nada ocorreu, fazer cara de paisagem, ir lá no tal coquetel pra "fazer parte"? Como se eu acreditasse nas habilidades da criatura pra conceber produto, conceber negócio, concatenar tudo isso num empreendimento de sucesso. Com 1/6 do dinheiro que ele teve em wonderland pra fazer acontecer o projeto que ele estragou lindamente e que eu tento consertar? Não dá.

E como se não bastasse, já há umas duas semanas que nós recebemos comentários engraçadinhos no blog e no Fale Conosco, sempre com codinomes engraçadinhos. Alguma dúvida de que é ele enchendo o saco? Deve ser falta de trabalho. Só pode.

E aí eu entro num daqueles momentos de grande reflexão. O que deveria me deixar mais irritada? O fato de ele minimizar a (segunda) grande sacanagem que aprontou comigo, escrever errado (desbrigaCe com C, absurdo), o fato de ficar desmemoriado e atribuir a mim uma coisa que ELE fez, ou me incluir no mesmo grupo do abominável John Armless, "de pessoas queridas que não podem ser deixadas de fora".

Eu peço, encarecidamente. Me deixe de fora. Beijos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

¬¬

e então eu roo as unhas e fico puta comigo mesma por roer tanto e com tanta força que até as pontinhas dos dedos ficam doloridas, e fico a cada dia que passa mais em guerra com o meu próprio cabelo, e amaldiçôo as pessoas em volta de mim, todas com seus cabelos compridos e em fios retos, fazendo campanha pra que eu seja uma delas, uma pessoa boring de cabelo comprido e reto. e aí eu corto muito menos do que gostaria e um mês depois eu fico querendo cortar de novo, mas eu não quero gastar uma fortuna para cortar cabelos já recém cortados e fico arranjando pra mim mesma a desculpa de que pelo menos a franja tem que estar grande pra justificar a volta ao salão.

e aí eu venho vivendo a vida com esse cabelo que foi sem nunca ter sido, e fico desejando todos os cortes mais curtos e repicados, e  fico contando calorias pra que o emagrecimento continue acontecendo, porque legal mesmo de ter cabelo curto é estar magra pra não quebrar o centro gravitacional da porra toda.

e sigo roendo as unhas.

o golpe do século

foi assim. segunda feira da semana passada, a menina ruiva me aparece sorrindo, dizendo que chefa pasquale deu carta branca pra ela (e eu, obviamente) lidarmos com o problema john armless como julgarmos melhor. eu sorrio, acredito NA VIDA. nunca fui pessoa de querer a demissão do próximo, mas john havia, até aquele momento, estourado todo o meu estoque de paciência. ou todo o estoque de paciência que eu julgava ter.

ela disse. a gente demite ele e traz algum menino bom pra te ajudar, e você dá pra ele essa parte mais técnica do trabalho. achei digno. voltei pra mesa com aquela felicidade secreta dos que sabem que a justiça será feita. john olha pra mim e diz que vai ao médico de wonderland, ver o calombo que tem no braço há 15 anos.  há 10 meses, quando eu cheguei, eu vi o calombo e perguntei what the hell era aquilo, e ele riu e disse que era um troço de distensão de músculo que rolou quando ele tava jogando tênis há 15 anos. eu mandei ele ir ver um médico, ele riu, a vida seguiu. naquela segunda feira, especificamente, ele resolveu se consultar com um especialista. na semana do feriado.

obviamente que quando um médico de firma olha um calombo num braço onde não deveria existir nada, ele fala que o cerumano deve ir fazer exames. até aí ok. e de lá, da consulta de firma, john se moveu pra algum desses hospitais de são paulo, pra que um outro médico olhasse e examinasse.

já eram umas 20h quando o telefone da chefa pasquale tocou numa reunião. ela voltou com a cara meio assustada, e basicamente o que aconteceu foi que john disse que aquele calombo era um tumor. ok. tumor é algo que cresce, e que não deveria estar ali. mas ele falou isso pra ela como se estivesse relatando um câncer. todo mundo comovido, ela disse pra ele que nãããão, imagiiiina, cuida da sua saúúúde, tira quantos dias você precisar. eu olhei pra menina ruiva e já avisei que não acreditava numa palavra. porque sabemos que ele é um mentiroso compulsivo.

desde segunda feira passada, estamos contando, ele nunca mais apareceu. todo o trabalho dele veio pra mim, todos os incendios dele vieram pra mim. o plantão de feriado que era dele veio pra mim. ele nem deu satisfações, e foi preciso que o rh ligasse pra ele ontem pra saber se ele voltava, ou quando voltava. ele disse que vai ter que fazer uma cirurgia, e que tinha feito alguns exames, e que estava de *repouso absoluto*.

e eu dizendo para as pessoas. é só um calombo. desde quando exames levam dias inteiros pra serem feitos? desde quando de repente ele precisa de repouso absoluto por causa de um troço que mora ali há 15 anos? ele devia estar de repouso há 15 anos. 

isso teria me poupado o desgosto.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

et. telefone. minha casa.

e aí no meio desse mundo árido de pessoas de bom coração, e que façam boas piadas, eu encontro lá no meio do 8o andar, gente como eu. 

~ seres do mesmo planeta ~

fico boladeamor, quero ficar amiga. botei o amigue da firma antiga lá e já passei o briefing. descobre se o menino querido é menine. ando carente de viados em volta, pelamordedeos. e ele me aparece dois dias depois de começar a trabalhar aqui dizendo que o menine cruza as pernas com maestria, melhor que o menyne com y. e eu fico querendo descer de andar, pousar naquele pedacinho de terra onde tem gente como a gente. que entende o sofrimento, que é ácido nos comentários, que cita trechos de música popular brasileira pra dar lição de moral, com uma risadinha de canto de boca.

15:58

porque eu realmente acordei hoje querendo ser uma pessoa melhor. não com o ser humano em geral, mas isso não MESMO. eu continuo querendo que john armless se foda bonito, e estarei trabalhando para alcançar esta meta. mas eu acordei bonitinha, atrasada como sempre, e chovia. e god only knows o tanto que eu queria me enfiar de volta nas cobertas com meu menino, e ali permanecer. tem fases nessa vida que sair de casa para o trabalho devia dar direito a um prêmio, desses de superação.

como eu ia dizendo, me arrumei bonitinha e constatei que a dieta continua fazendo efeito, mesmo eu tendo comido o hamburguer mais incrível da minha vida no sábado. taquei as botas com meia vermelha, dei carona pra antiga-roomate-agora-coworker, e viemos pela vida ouvindo funk.

sim senhores. funk carioca das antigas. porque o destino precisa adjudicar para que essa vida seja capaz. é só nisso que eu me apoio. senti horrores a morte de claudinho esse fim de semana. claudinho e buchecha, isso sim que era coisa de qualidade.

meu atraso foi perdoado pela simples ausência da menina de cabelos ruivos. não veio trabalhar, a mãe tá doente, algo dessa natureza. se ela não vê que eu cheguei atrasada, eu não cheguei atrasada. assim, simples assim. john armless continua ausente, aquele filho da puta. chama no gtalk dizendo que vai *tentar* vir amanhã, e eu respondo basicamente assim: já existe um diagnóstico?

~ isso porque eu ainda preciso escrever o post que conta como foi que o bandido conseguiu dar a volta na chefa pasquale e está há UMA FUCKING SEMANA sem aparecer em wonderland. aguardem, amiguinhos. vocês vão entender a minha raiva da criatura. vocês vão se compadecer do meu calvário e fazer vodus da criatura junto comigo ~

ele engasga, diz que não, que está imerso em exames, e trabalhando de casa. mentiroso filho da puta. mas eu estou aqui, sendo linda. já marquei o retorno nos médicos todos que eu precisava, já avisei que saio mais cedo pra buscar exames que me esperam há 43 dias no laboratório. bora fazer a vida andar.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

13:27

semana passada, deitada no divã, eu reclamava de trabalho. quando me sentei e pude olhar de novo o rosto da dra freud, sorri sem graça, dizendo que estava bem, e que as unhas continuavam inteiras. bobagem. comecei a roer no dia seguinte, roer bastante, cada cantinho. a cada coisa que dava errado, mais unha ia embora, até sobrar pouco, quase nada. eu nunca deixo de me espantar com a quantidade de coisas dando errado.

essa semana, o mesmo divã, unhas roídas. eu chorona, brava, reclamando. tem dias que todos os perrengues de wonderland pesam nos ombros e eu me pergunto de verdade o que estou fazendo com a minha vida.  eu falava sobre a natureza das pessoas, sobre ter ou não fé. esbarrei no ex melhor amigo na rua e voltei a sentir medo. torci pra que ele não me visse, dentro do carro. ele viu. ficou esperando pra ver se eu ia dizer aquele oi que ele disse que queria ter dado no supermercado. eu virei o rosto e acelerei o carro. não tem oi. não tem conserto. tem medo e susto. ainda. isso tem.

fiquei pensando no former friend. em toda essa situação que eu me vejo afundada no trabalho ser culpa dele. ele me levou pra lá. me prometeu um projeto genial, um lugar incrível. eu cheguei e o lugar não era incrível. o projeto era uma ideia - sim - genial, transformada num frankenstein sem pé nem cabeça, tão ruim e tão porcamente construído que nem consertar é possível. tem que destruir, jogar fora, tacar uma bomba, explodir e começar de novo. e aí ele sai de lá. e eu continuo lidando com os problemas que ele causou. afundada até o pescoço em cada um deles. desde o filho da puta bonachão que não faz nada e enche o saco sentado do meu lado, passando pelas contas que ele não fez, pelo produto que ele não construiu. o mundo perfeito que ele prometeu que estava ali e que não está nada. nada.

junta isso com a decepção da amizade mais uma vez desfeita. eu realmente acreditei que nós dois tínhamos aprendido com aquela briga de 2005. que ele não ia ser desleal, que eu podia confiar de novo. e e ele não aprendeu lição nenhuma, nada. e eu menos ainda. fui aprender agora. enxugando as lágrimas e falando alto e rápido, ali no divã, que a natureza das pessoas é uma só, não muda. e que se a gente não está ok com alguma coisa, não tem que ficar por perto. porque eventualmente respinga. e queima. de novo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

tem mais.

quando você acha que acabou, eu digo, TEM MAIS.

tipo logo depois que o former friend saiu de wonderland. semana seguinte, john havia avisado que não iria trabalhar quinta, porque tinha prova de barco lá em santos. eu fico torcendo pra que a criatura faça a prova, passe, resolva velejar sozinha e seja mais um daqueles casos que a gente fica sabendo no jornal nacional, tipo o padre dos balões. todo mundo se organizando pra não precisar dele na quinta, que era o tal dia da prova. na sexta feira anterior, ele me diz, antes de ir embora. semana que vem eu acho que não venho na quarta e na quinta. eu preciso estudar. john, estude no final de semana, foi o que eu disse.

na segunda feira ele aparece dizendo que talvez não viesse na terça feira. e que o former friend tinha liberado ele a semana toda, e PRESTEM ATENÇÃO NA MINHA RESPONSABILIDADE, eu estou aqui trabalhando hoje quando já tinha sido liberado. eu faço cara de paisagem, chamo o former friend no facebook. àquela altura a gente ainda estava amigo, ele ainda não tinha ameaçado contar o meu blog pra todo mundo e etc. perguntei, né? você liberou o john a semana toda?

óbvio que a resposta foi não. em paralelo à nossa janelinha de chat, ele chama o john também no facebook e manda ele parar de inventar mentira com o nome dele. john fica puto, olha pra mim e me pergunta se fui eu que fui falar com o former friend sobre esse assunto.

fui eu mesma, john. é que eu fiquei confusa, porque você contou histórias diferentes, daí resolvi checar com ele qual era exatamente a data que você tinha sido liberado.

pausa para esta que vos escreve com a cara mais sonsa de todos os tempos, e para john armless, helpless e puto.

i won.

john armless

eu fico aqui pensando em como eu posso começar a descrever o digníssimo john armless. posso começar dizendo que ele também foi trazido pelo former friend, de quem também é amigo de longa data e de quem também é padrinho de casamento. cara bonachão, estranho e confuso, que eu esbarrava muito de vez em quando na casa desses amigos. dizia oi, tchau, achava ele meio sem noção, mas a minha vida não era afetada em nada pela existência do infeliz.

no casamento dos amigos, há um ano atrás, ele deu em cima de mim na frente do meu namorado. duas vezes. bastou isso para que meu menino tomasse horror à figura. quando o former friend me trouxe pra wonderland, me botou pra trabalhar com o maluco. os últimos nove meses têm sido os mais longos da minha vida, pela ilustre presença do bonachão.

poucas vezes na minha vida eu vi uma pessoa se expressar tão mal. ele se enrola explicando, gesticula, desenha processos no ar. no fim, pergunta. você entendeu? a resposta é não. sempre. pra qualquer um que seja o interlocutor. qualquer que seja o assunto. ele é zoado nas mais diferentes esferas. de alto escalão a estagiários, ninguém acredita no que ele diz. mentiroso compulsivo, depois de horas sumido um dia quando o mundo caia à nossa volta, voltou pra mesa com a camisa toda molhada de chuva. eu sabia que ele estava fumando lá embaixo, mas resolvi perguntar. john, onde vc se meteu? na tecnologia, ele disse. eu retruquei. tá chovendo na tecnologia agora?

ele sempre é pego nas mentiras. todas as vezes. antes eu deixava pra lá, mas de uns tempos pra cá eu cansei, e faço questão de desmentir, pra deixar ele sem graça. pra ele parar de achar que todo mundo é idiota. ou pelo menos parar de me tratar como uma.

desde que o former friend saiu, ele vem se superando. momento de transição, ainda não existe um gestor responsável, e ficamos os três - eu, ele e a menina ruiva - respondendo em igualdade à chefa pasquale. isso é um problema, já que ninguém manda em ninguém e, pelo menos em tese, não podemos nos cobrar nada. ele chega tarde todos os dias, falta trabalho, desaparece por horas, HORAS, arruma fisioterapia no meio do expediente. a chefa fica em outro andar e não vê nada. e a gente não pode cobrar, porque somos pares. ele vivia dizendo que estava muito sobrecarregado, e que era gargalo de várias coisas. eu fui pegando as tarefas dele pra mim. assumindo mesmo. fui na chefa pasquale e falei: você tem um problema. estamos os dois na mesma função. alguém precisa ser nomeado o responsável por isso. na reunião seguinte, ela me deu oficialmente as responsabilidades. que já estavam comigo, anyway. a ideia, aqui é começar a expor. porque raciocinem comigo. oficialmente as tarefas são dele, mas eu que faço. quando chega a hora de reconhecer, é o bonitão que vai dizer que fez. e isso eu não topo não, não topo mesmo.

vez por outra a gente cai na porrada. eu me irrito fácil com a criatura e sempre que ele comete algum erro, eu caio matando. antes eu brigava mais, mas venho observando a menina ruiva, e agora eu ando mais sonsa, deixando ele se enforcar sozinho. alguém me pergunta sobre algo que é dele, eu digo. acho que você deveria falar com o john armless, ele vai saber te explicar isso melhor. isso porque eu já sei que ele vai se embananar explicando. :)

agora ele sai todo dia mais cedo. num dia ele tem a tal fisioterapia, no outro precisa levar o filho no hospital, nos outros dias, bem, eu não sei o que acontece. ele guarda as coisas, mete o computador na mochila e diz tchau pra uma equipe chocada com a cara de pau da figura.

john armless é mais uma das bagunças deixadas pelo former friend.

15:34

e ainda por cima eu trabalho com o maior imbecil de todos os tempos.