Páginas

sábado, 31 de agosto de 2013

rainha de copas goes nuts

quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece.

estava eu lá na salinha com a rh, falando da crise na empresa, e passa pelo vidro o fiel escudeiro da rainha de copas. na hora que eu vi o menino, eu sabia que ele ia lá contar pra ela.

depois, eu na sala do chefo. falando do que? da crise na empresa.

volto pra minha mesa e o cara de TI olha pra mim meio estranho. fui até a mesa dele e olhei a tela do computador ( eu sempre faço isso, porque ele sempre está de conversinha com umas menininhas, e eu gosto de zoar ele com isso).

na tela dele, uma janelinha do gtalk.

rainha de copas diz: eu tenho mais o que fazer do que ficar sentindo inveja das pessoas.

eu olhei pra ele e sorri. perguntei. de quem ela está falando mal agora? de mim?

E ERA.

haha.

aparentemente, rainha ficou absolutamente transtornada de me ver conversando com o rh, e depois com o chefo, que vem a ser o namoradinho dela. tinha ~certeza absoluta~ de que eu estava falando mal dela. e ficou reclamando com o cara de TI que eu estava ~queimando~ ela com as pessoas.

e eu nem estava. hahahahhaha.

que. pessoa. LOUCA. meodeos. acha que é o centro do universo, que tudo gira em torno do umbigo dela.

ao final do dia, recadinho no facebook, algo sobre a coisa mais importante para atingir o sucesso profissional ser a capacidade de lidar com pessoas.

as pessoas. realmente um troço muito difícil.

hoje eu era uma pessoa com um plano

conversar com o chefo. perguntar de uma vez por todas o que diabos estava acontecendo, e se eu e a minha equipe estávamos sem emprego. passei o dia rondando. me despedi de cada um dos queridos que já tinham todas as informações que deviam (=/). cerquei a rh e disse tudo o que pensava sobre a atitude do ceo nesse momento de crise. a falta de responsabilidade com os empregos das pessoas, o quanto esse clima estava uma droga. 

depois cerquei o chefo. bati suavemente na porta aberta e perguntei com um sorriso. podemos conversar? ele disse que sim. eu entrei, fechei a porta e fiquei séria. disse. o tema da nossa conversa é: what the hell is going on?

me sentei e disse tudo o que eu sabia. dos cortes, das reuniões com planilhas, da lista de nomes. listei cada uma das coisas que a minha equipe tinha feito desde que eu entrei, comparei com tudo o que a equipe anterior (já sob comendo dele não fez, ou fez errado). disse que eu queria saber se a gente estava na lista, e que se a gente estivesse, que eu gostaria que ele considerasse cada uma das coisas que eu tinha dito antes de tomar uma decisão. 

ele foi sincero. disse que a situação está mesmo muito feia, que o nosso investimento foi cortado e até os gringos estavam ameaçados. mas que estava tentando segurar a gente, porque era estratégico, e ele gostaria de segurar todo mundo que fizesse diferença no futuro do projeto. mas que ele não sabia se conseguiria.

uma conversa franca. eu quase chorei. disse que acreditava no projeto, e que acreditava nele. e que eu precisava confiar que ele saberia tomar as decisões necessárias. mas que ele precisava confiar em mim, e me deixar ajudar nessa fase. que eu ia ficar muito puta de ver o projeto mais legal que eu trabalhei me escorregando pelos dedos. e que ele tinha essa responsabilidade comigo, assim como eu tinha essa responsabilidade com a equipe de meninas mais fofas desse mundo.

ele me prometeu que me contaria assim que soubesse. e eu resolvi dar um voto de confiança. não existe segurança alguma nesse momento. existe fé. de que as coisas vão se acertar. porque às vezes elas se acertam. eu continuo apostando.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

fui pra terapia de manhã e chorei. foi providencial ter jogado, antes de sair de casa, o corretivo na bolsa. foi bom, também, ter colocado minha tiara vermelha. faz as pessoas virem falar comigo sorrindo, dizendo que eu estou bonita e parecida com a branca de neve. aquecem o coração essas pequenas gentilezas. 

eu acho que os cortes todos estão sendo decididos enquanto eu escrevo. planejei uma conversa franca com o chefo, mas não sei nem se terei tempo. estão decidindo ali na salinha, agora, os nossos destinos. é como wonderland, só que diferente. desse projeto eu gosto. gosto das pessoas, do clima, do que aprendi nos últimos 9 meses. continuaria aprendendo, se tivesse tempo. 

sai o menino gerente comercial, e foi isso que me quebrou as pernas. a honestidade com que ele lidou com a situação, a retidão. fico emocionada com gente honesta. a que pontos chegamos. saem também duas meninas do marketing e mais uma fofa do comercial. um mês de casa. largou o trabalho, veio pra cá, e foi demitida, porque chefão são consegue enxergar nem três meses diante do próprio nariz. as reuniões continuam, e eu acho que estou na próxima leva. estou me ocupando de encaminhar as minhas meninas, falar delas para os meus contatos, indicar com todo o amor que eu tenho. não me resta muito mais do que isso, agora. 

não tem nem um ano que eu passei por uma situação como essa, e eu sei que estou equipada. eu devo ter aprendido algo. estou lúcida e serena. chateada e decepcionada, triste com o rumo das coisas. tentando manter firme na cabeça o quanto eu sou boa e o quanto eu fiz por aqui. olhando para a equipe com um sorriso e garantindo pra elas que tudo vai ficar bem. porque vai. tentando acreditar nas minhas próprias palavras quando eu olho no espelho. porque eu preciso. 

eu sei que eu não fico sem trabalho. conheço o meu mercado, conheço a demanda por profissionais como eu. é questão de tempo. eu tenho milhares de contatos, e sempre me relacionei muito bem com as pessoas com quem trabalhei. isso vale bastante em momentos como esse. namorado fica me dizendo pra respirar, pra tirar um tempo e descansar, pra não me apressar em nenhuma decisão por medo de ficar sem trabalhar. eu realmente preciso de férias. mas isso tudo pede que eu seja racional, e eu não consigo. eu me esfarelo com trabalho, sou passional ao extremo. não sei se consigo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

algumas semanas são mais difíceis. ando mais quieta, mais silenciosa. observo mais e falo menos. tenho dormido pouco e mal. tenho sonhado bastante com trabalho. vejo a rainha de copas programando as ferias dela para novembro, contando das pousadas que vai ficar na europa. novembro eu poderia tirar férias e deus, como estou precisando. mas não. sabe-se lá se terei emprego em novembro. eu sinceramente acredito que não. 

voltei a gostar do trabalho e do projeto. eu acho que nunca deixei, de fato, de gostar. eu só me distraí com todo o sofrimento que foi descobrir a verdade das coisas. fico tentando não me apegar muito mais, já que é algo que pode me escorregar pelos dedos a qualquer momento. agora já faltam 20 dias para o lançamento do projeto. é meio bizarro eu me ver lidando com a falta de controle que tenho nesse momento. eu, que sempre gostei de ter tudo certinho. épocas outras, eu estaria desesperada procurando outro lugar. mas não. eu danço a minha dança, acreditando que morrerei ao final dela. 

estou sempre pronta pra ir embora. as conversas acontecem em salas fechadas, as histórias correm a bocas miúdas. o gerente comercial anunciou sua saída. me confidenciou que pediram que ele escolhesse, na equipe, quem deveria ser demitido. ele acabou de trazer as pessoas, elas nem têm três meses aqui. preferiu sair ele mesmo. fiquei em estado de choque, e acho que teria a mesma reação que ele. algumas coisas não são negociáveis, ele disse. 

algumas coisas não são negociáveis. eu não poderia concordar mais.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

choque mesmo eu tenho quando me dou conta de que faz dez anos, esse ano, que eu me formei. eu não tinha me dado conta disso até duas semanas atrás, quando finalmente pendurei o quadro de fofoletes na parede do escritório, do lado da estante nova. tirei uma foto e postei no instagram, e então a fe, amiga querida que eu não vejo há séculos, comentou na foto. você ainda tem as fofoletes, ela disse. 

as fofoletes vão sempre comigo. era de uma matéria eletiva que eu fiz na faculdade. todos os meus amigos iam pra cursos relacionados ao nosso. eu fui pra psicologia e pra artes. era a única de comunicação nas turmas. um dia, a professora pediu um trabalho de acúmulo. podia ser qualquer coisa. eu resolvi fazer um acúmulo de fofoletes. 

gastei uma fortuna na 25 de março, passei um sábado costurando uma na outra. criei uma rede, com 49 fofoletes. dei nomes a cada uma delas, de cada uma das meninas que me rodeavam. perto da fofolete com o meu nome, as fofoletes das minhas queridas. com o tempo os nomes foram caindo. mas eu sei, ali naquele acúmulo, onde estamos nós 5. mãos dadas, mãos costuradas. 

nem consigo me lembrar da última vez em que estivemos todas nós reunidas, as cinco. duas de nós estão juntas agora, no rio. uma delas visitando o brasil depois de 9 anos em londres e uma filha linda e loura. a outra com um filho de olhos amendoados, e meio que planejando o segundo. duas de nós em são paulo, trabalhando, conversando de vez em nunca. uma some e aparece. promete que vem visitar e desaparece mais meses. vida adulta atropelando.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

5

porque hoje amanheceu um dia lindo, com sol e leve friozinho, bem do jeito que eu gosto. porque eu vim pro trabalho ouvindo beatles, de gola peter pan e batom vermelho. 

ano passado eu esqueci, e quase não me perdoei. 

esse ano não, esse ano eu fiz questão de lembrar. esse ano eu fiz questão de marcar. na pele. pra lembrar daqui 50 anos.

tatuei uma âncora. porque o dia também é de clichês, e afinal de contas home is where you drop your anchor.

5 anos, hoje. desde o peugeotzinho azul com a vida empacotada, desde george michael berrando you gotta have faith enquanto a cidade se desenhava no horizonte.

que bom que eu vim. que bom que eu suportei cada uma das porradas, porque são paulo ensina. e eu aprendo. e foi aqui que eu achei tudo aquilo que eu nem sabia o que era, mas que eu queria ter. foi aqui que eu fui feliz muitos e muitos dias, é aqui que eu sou feliz hoje.

enquanto eu suportava as agulhadas, certa de que o desenho ficaria lindo (e ficou!), o ipod do menine tatuador começou a tocar Criolo. Não existe amor em SP, ele dizia. 

achei simbólico. 

discordei, silenciosamente.

obrigada, são paulo querida, por me provar que Criolo está errado, todos os dias.

<3

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O gerente de projetos

eu ia chamar ele de obama, mas vou chamar de sabichão. ô pessoinha irritante. ele senta na minha frente na mesa, o mesmo lugar onde a rainha de copas costumava se aboletar depois de decidir que a gente ia sentar longe dela. tudo que eu falo ele retruca. o assunto nunca é com ele. eu comentei com a equipe e com ally mcbeal que queria voltar pro francês. ele tirou os fones de ouvido e começou a falar que eu avisasse pra ele, porque se eu voltasse, ele voltava junto. JUNTO. oi, quem convidou? antes que eu encerrasse o assunto, porque óbvio, não tem cabimento nada disso, ele começou a falar francês comigo. 

pra mostrar que sabe, sabe? 

tudo que qualquer pessoa fala aqui na mesa ele tira o fone e se intromete. ao final, sempre fica aquela sensação de que ele sabe mais, entende mais, é mais esperto e engraçado. não. ele não é. ele é intrometido, isso sim.

quando EU preciso falar com ele, fico que nem uma louca chamando e fazendo mímica, e ele nunca vê, porque teoricamente a música está alta e ele está compenetrado. basta gente falar qualquer coisa aleatória para que ele escute, tire os fones imediatamente e se intrometa na conversa.

um dia desses, depois de tomar um capote do gringo cretino, ele veio pra cima de mim dizendo que eu não tinha sido clara em um e-mail. e eu tinha. com as informações que eu tinha naquele momento, meu e-mail não poderia ter sido mais completo. eu disse pra ele isso, e ele retrucou. me deixou puta, e antes que eu percebesse, eu estava brigando com ele, pra ele prestar mais atenção no que ele fala, e que ele não devia botar palavras na minha boca. e que se ele quisesse concordar com o gringo, que se sentisse livre pra isso, porque eu estava bem tranquila. eu só quero cumprir os prazos e evitar mais aborrecimentos, eu disse. no fim das contas, meu pescoço está em risco agora, mas daqui um mês, não é mais o meu, é o dele e o dos chefões. eu tô tranquila, repeti.

ele foi nos chefões e pasmem, eles me deram razão. falaram pra seguir com o que eu tinha definido. ele enfiou o rabo entre as pernas, e parou de se convidar para os meus almoços. meia hora depois eu estava fazendo piada e falando aleatoriedades, pra mostrar que sou querida e não guardo rancor. e vida que segue.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ando passando um dia por vez, porque essa é a única maneira de fazer isso. só por hoje eu me preocupo com as planilhas todas. temos um gerente de projetos agora. é bom, porque organiza a imensa bagunça que se formou. o prazo está correndo, e eu nem vou entrar no mérito do risco que os adultos todos assumiram quando deixaram uma contratação tão importante pra tão em cima da hora. o cara é legal, me lembra o obama. é meio sem noção, faz umas brincadeiras estranhas, mas não me parece ser uma pessoa ruim. eu estou realmente muito aliviada de saber que agora tem alguém de fato olhando pra tudo, e com o trabalho de garantir que nada seja esquecido. com a ordem que ele começou a colocar, ficou claro a ordem do que eu tinha que entregar. comecei a liberar documentos, fazer apresentações. todo mundo começou a ter uma ideia mais clara do que eu estava fazendo.

mas aí tem a rainha de copas. e quando a pessoa quer ser má, não tem muito jeito. foi parar lá no escritório do sul e saiu dizendo que eu "precisei ganhar um chefe pra começar a trabalhar", se referindo ao GP. que nem é meu chefe. soube que fui defendida pela equipe de lá, e isso me aqueceu a alma. ouvi dizer que disseram que eu era a única pessoa de são paulo que eles viam trabalhar. morri de amor.

ouvir que ela falou esses absurdos nem me deixou com raiva. eu estou tentando elevar meu espírito. é uma proposta real que eu me faço nesse momento. não me abalar com o que não é importante. eu poderia responder que é obvio que a quantidade de documentos que eu entreguei nos últimos dias só foi possível porque eu já vinha trabalhando neles antes, e que finalmente encontrei na estrutura a pessoa que vai compilar tudo. mas não. deixem falar. se a leitura dos chefões é a dela, a de que eu não trabalho, eles precisam mesmo me liberar, e achar alguém que faça mais do que o que eles acham que eu faço. não é problema meu, é deles. eu sei o que eu faço. eu não parei nos últimos 9 meses. 

aliás, 9 meses, hoje. eu fui tão feliz até junho. eu sou feliz ainda. eu ainda acredito no projeto. foi nas pessoas que eu perdi a fé. as meninas pontuam que o chefo está mais calmo, e realmente tem mais de uma semana que ele não manda nenhum e-mail criticando o meu trabalho, ou dizendo que eu não estou trabalhando. quando ele mandou aquele último e-mail era uma sexta, a sexta das balas de coco. as pessoas vinham me perguntar se eu também achava que a rainha de copas tinha escrito o e-mail. porque pra elas estava nítido. eu não achei isso em momento algum. eu sei que foi ele escrevendo. eu só acho que não foi ele pensando. o discurso é dela, os argumentos são dela. eles se apropriaram do discurso dela. as pessoas acham que agora está tudo bem porque ele está calmo. mas eu estou escaldada demais pra acreditar nisso. piso em ovos o tempo todo. até a hora em que eu não precisar pisar mais. até a hora em que eu puder pisotear nos ovos todos, e fazer aquele estrago bem grande. por enquanto, não.

e assim. há que se respeitar uma pessoa com esse poder de persuasão. isso é poder, o resto todo não adianta de nada. ela gere as pessoas, ela gere a empresa. eu fico aqui, quietinha. sabendo o que ela fala, mas me mantendo longe da linha de tiro. dra freud disse que it takes two to dance. eu estava dançando, mas já não estou mais. se ela não tem mais coadjuvante, a cena é só dela. pois que seja, então.

eu to bem, sabe? é meio que como eu ia dizendo. minha vida é ótima. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

agosto

é preciso respirar fundo quando se escuta, no meio de uma reunião, que se está comendo bola com alguma coisa. quando ignoram todo o resto em que você não comeu bola. quando o vôo é cego, quando ninguém planejou nada desde muito antes de você chegar e adivinha só: a culpa de tudo agora é sua.

tem que memorizar o be able to walk away e saber lá no fundo da alma que nada disso é importante. que eu acho outro emprego, outro projeto, outro cenário. porque se isso aqui desmoronar, eu não desmorono junto. eu tenho opções, não vai ser o meu nome na lama, não vai ser a minha ~história profissional~ a abalada. porque não fui eu que bradei aos quatro ventos que eu era foda e iria ser chefão de uma empresa e fazer tudo funcionar maravilhosamente. e não sou eu que ~não estou sabendo fazer~. 

eu sou a pontinha do iceberg, a ponta que voa sem enxergar um palmo na frente do nariz porque gente grande ficou coçando o saco durante UM ANO antes de sequer me chamar pra fazer parte disso. e que no trajeto entre coçar o saco e botar a culpa em mim se desfez de tudo o que deveria ser considerado importante. a família, a responsabilidade, os princípios. junto vai o projeto. junto vai o meu respeito. junto vai a empresa inteira.

no fim, quando tudo acabar, quando tudo desmoronar, eu vou saber que eu não tive culpa. por enquanto, eu respiro fundo.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

a vida é engraçada

ontem a grande corporação fechou um monte de revistas. redações inteiras encerradas. equipes inteiras demitidas. limpando suas mesas coloridas de adesivos e bonecos, limpando suas gavetas dos planejamentos todos. não tinha mais dia seguinte, pra nenhum deles. 

talvez seja porque depois de tanta terapia, eu finalmente elaborei a questão wonderland na minha vida. eu fiquei arrasada com as notícias. porque não é bonito ver o prédio mais legal em que eu já trabalhei, com seu chão imponente de granito, se esfarelar. não é bonito ler a história da editora de uma revista que eu gostava contar a história dela com aquele projeto, dizer que se mudou pra são paulo porque queria trabalhar ali, naquele lugar, e que agora não havia mais nada. parece a minha história, parece a história de qualquer garota que se mude pra essa terra. que tenha dado aquele mesmo salto de fé em si mesma, quando todo o resto dizia o contrário. podia ser comigo, se eu não tivesse corrido pela minha própria vida e pedido as minhas contas, em outubro passado. é comigo, também. e definitivamente, não é bonito.

e aí eu me vejo lidando hoje, de novo, com uma situação extremamente difícil no trabalho. acho que nunca corri tanto risco de demissão na minha vida. é um risco real. pode acontecer hoje, semana que vem. daqui 45 dias, quando o projeto for lançado. eu acho que é questão de tempo, mesmo. desencontramos de vez, eu e o chefo. o e-mail que ele mandou hoje, criticando meu trabalho, foi com cópia pra bastante gente. e eu estou ok. não é ok do tipo eu não me importo. é meu trabalho. eu me importo muito. mas ao mesmo tempo, eu estou tão absurdamente calma, tão absurdamente em paz. eu faço o possível, com as ferramentas que eu tenho. eu sou uma pessoa correta. meus pais me criaram uma pessoa direita. eu sou uma profissional boa pra caralho, com o perdão do palavrão. e eu digo pras minhas duas meninas, a minha equipe, que elas são boas. porque elas são, e precisam saber. e eu não vou pecar por não ter dito isso. elas sabem. eu digo. tantas vezes quantas forem necessárias.

eu estou em paz. e, se a gente for parar pra pensar, eu estou em paz por causa de wonderland. foi lá que eu aprendi a lidar com as minhas frustrações, foi lá que eu perdi o medo de apostar em mim, de novo. eu só posso agradecer por ter tido a chance de aprender como lidar com uma situação como essa. eu tenho lidado com tanta coisa errada, e eu sei que eu estou fazendo a coisa certa. se nada der certo, eu sei que eu fiz tudo que eu podia, e que eu não tive culpa. então, depois do e-mail, eu respirei fundo por 15 minutos, e o aborrecimento passou. fui almoçar, depois comprei balas de coco, que distribuí feliz para os queridos do escritório. e a vida seguiu, feliz.

eu sou muito feliz. 

cada um dá o que tem. né?