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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

promessa

quando eu pedi pra mari que me prometesse que ia ser feliz em floripa, pra justificar essa mudança toda que ela tava fazendo na vida dela e nas nossas, ela sorriu, me abraçou. olhou nos meu olhos e me fez prometer outra coisa. 

que eu ia trabalhar com alguma coisa que me fizesse feliz.

eu prometi.
segundas e sextas são os piores dias. finais de semana eu desligo, meu menino me distrai, me ocupa. segundas eu tenho o peso da semana livre. sextas eu tenho o peso da semana que está acabando.

ontem teve despedida da amiga ex chefe da firma colorida. todos os meus queridos juntos. foi incrível, meu amor por aquelas pessoas é algo que não pode ser medido. me vejo querendo ser um deles de novo, romanceando a firma como se ela não tivesse nenhum problema. ela tem. eu só queria um lugar quentinho e aconchegante pra descansar a cabeça. eu só queria voltar pra alguma zona de conforto.

todos com meu currículo, mas nenhuma vaga aberta. o que me deixa mais assustada, nesse momento, é não saber o que vai ser de mim. a maldita sensação de falta de controle que eu tento tratar na terapia. que eu tento tratar com leveza, mas que ainda pesa nos ombros. 

hoje eu tenho uma entrevista. não quero passar. consultei amigos, e nenhum deles gostou de trabalhar nesse lugar. um lugar muito bonitinho, aparentemente estabelecido no mercado. bons projetos. mas uma bagunça generalizada, com prazos absurdos e trabalho entrando pelas noites e finais de semana. eu penso que não tenho opção, e meu menino me acalma. me diz que eu posso dizer não, esperar mais um pouco, escolher com cuidado.

16 dias hoje. and counting.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

a sensaçao, agora, é a de ter sido expulsa de uma festa. eu planejei, preparei, desenhei. chegou a hora de executar e aí não, pera, desculpa, não vai ser você. eu tento me acostumar com os dias, com a luz entrando pelas janelas, com a programação da tv, com a escassez dos e-mails. e dos problemas. é um gosto meio amargo, esse, de não saber o que vem. eu  podia fechar os olhos e esboçar um sorriso, caminhar nas tardes ensolaradas. não consigo. tudo está um pouco parado, os dias, a vida. eu sinto o choro travar a garganta e engulo. e olho pra cima, pra enganar uma ou outra lágrima teimosa. e repito que vai ficar tudo bem. vai ficar tudo bem. vai ficar tudo bem.

uma ou outra notícia escapa e chega. eu apago. não quero saber da festa, das pessoas. não quero saber o que dizem ou como justificam, se o cenário piorou ou melhorou. aqui do lado de fora, nada me interessa. eu preciso fazer força pra não desejar nada de muito ruim a eles, porque lá dentro tem gente que eu gosto. e esse sentimento ruim que me rodeia é amargo. e eu não quero nada amargo perto de mim. não quero saber da festa que eu trabalhei tanto pra fazer acontecer. não quero saber da vida seguindo sem mim.

eu preciso aquietar as ideias, e achar a serenidade perdida. preciso voltar a acreditar que dá pra fazer direito sem perder o controle das coisas, sem se distrair, sem esbarra em gente mal intencionada. voltar a acreditar que existe em são paulo algum lugar legal, onde eu possa espalhar papéis coloridos e ter ideias.

a vida se acerta. a vida se acerta. a vida se acerta.

não é mesmo? (por favor, diga que sim)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

pequeno manual do desocupado

a desocupada, no caso, sou eu mesma.

é engraçado o momento. eu tenho tido alguns momentos de preocupação. mas tem algo lá no fundo que me diz que vai ficar tudo bem. essa montanha russa que eu passei desde que cheguei em são paulo, com, deixa eu contar, 5 trocas de emprego, tinha que me trazer algo de bom, não é mesmo?

e trouxe. como eu sou essa pessoa muito querida e com grandes habilidades para o trabalho em equipe, eu sempre fiz contatos muito bons nos lugares onde passei. tudo bem que nessa ultima firma não carregarei comigo o chefo, o chefão ou a rainha de copas como contatos, mas eles são 3 (e são tão perdidos que já já quem vai precisar de mim são eles, hoho. brincadeirinha). o resto, a firma toda gostava de mim. tenho recebido recomendations no linkedin, e tenho, em todos os lugares onde passei, contatos queridos que eu posso acionar caso precise de algo. alguns desses contatos, inclusive, já puderam contar comigo em outras oportunidades.

e é isso. o mundo dá voltas. que bom que o mundo dá voltas.

segui o conselho de anne e resolvi inverter o jogo. onde EU gostaria de trabalhar? que tipo de coisas eu levo em consideração pra escolher um lugar? algo perto de casa, um projeto legal, a possibilidade de crescimento, o dinheiro. o algo perto de casa é só uma frescurinha. nada é obrigatório.

descobri uma empresa muito legal, com um projeto legal. perto de casa. lembrei de um contato de wonderland que está lá. descobri o email do diretor da área que eu quero trabalhar, e descobri também o email da diretora de rh. passei algum tempo stalkeando no linkedin, pra que eles recebessem lá na página deles a notificação de que havia essa garota examinando os perfis. geralmente, é tiro e queda. eu recebo na minha página a notificação de que eles vieram no meu perfil retribuir a visita.

perfil, este, que está bonitinho, atualizado com todos os projetos legais que eu já participei. com o endosso de pessoas que trabalharam comigo. eu tenho um BOM currículo. mesmo. e eu sou boa de entrevistas. basta um telefonema, uma chance de bater papo. venho trabalhando meu carisma desde idos de 2002, quando entrei nesse mercado louco que eu adoro.

mandei um email pro diretor, sem a menor garantia de que 1) não vá para a pasta de spam; 2) que ele não vá ignorar solenemente; 3) que mesmo que ele não igore, exista uma vaga pra alguém com o meu perfil.

cara de pau, trabalhamos.

até agora sem resposta. ok, foi ontem, tá no prazo. semana que vem, se eu continuar sem resposta, ataco a diretora de rh. acionei o contato hoje, e ele me disse que terá o maior prazer em receber meu curriculo e encaminhar internamente.

enquanto isso, eu penso em novos lugares que me interessam profissionalmente. passeio por são paulo com serena van der woodsen querida. assisto orange is the new black.

vai dar certo. :)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

o grande drama do momento tem sido lidar com o tempo livre. eu acordo e tenho todo um dia pela frente. eu consigo me lembrar de estar ocupada e querer fazer mil coisas com dias livres, mas agora que eu os tenho, de fato, fico meio paralisada. me meti a arrumar a casa, os armários. estou planejando organizar gavetas, livros, a despensa. aquelas coisas que a gente sempre deixa pra depois, e que se acumulam. 

também me meti a marcar médicos e aproveitar o resto de plano de saúde. é possível que antes que esse plano expire de vez eu já tenha outro, mas pelo sim pelo não, preferi me adiantar. tenho visto menos tv do que eu achei que veria. comecei a ler um livro técnico e tenho uma lista gigante de livros que eu quero ler, empilhados no criado-mudo ou comprados no kindle.

quero ter vergonha na cara e recomeçar a esteira, ensaiar aquela ~marcha atlética~ que pretende, um dia, virar corrida. ontem não fui, ia hoje. hoje também não fui. fiquei fazendo listas de compras, porque vou comer mais em casa. tudo o que tenho comido é salada e iogurte - o que tem na geladeira. estou fazendo um inventário da despensa pra planejar o supermercado, e devo fazer isso amanhã. 

não posso concentrar as tarefas todas num dia só, por questões estratégicas. preciso me ocupar. mando um e-mail ou outro de trabalho, aciono uns contatos. não quero queimar minhas balas todas de uma vez. a minha japa ninja me manda desenhos por e-mail, agora. eu adoro tanto os desenhos dela.

domingo, 15 de setembro de 2013

slow down you crazy child

pra não dizer que eu não chorei, eu desabei mesmo foi quando a maricota me chamou com todo cuidado do mundo e me disse que estava indo embora de são paulo. relembrei todas as as nossas brigas na firma colorida, cada uma delas. como era difícil, como eu saí correndo de lá quando ela virou minha coordenadora, como a gente brigou por bobagem, e como, no final disso tudo, a gente podia ter se tornado tão queridas uma para a outra. maricota foi quem me mostrou billy joel cantando viena waits for you, num daqueles dias que meu coração doía e eu não sabia o que fazer.

e agora ela cansou de são paulo e vai voltar pra casa, pra floripa, de onde ela veio, pra praia, pra trabalhar com algo que ela gosta. meu coração doeu. tenho medo qe um dia essa cidade me esgote (mesmo achando que não, que nunca isso vai acontecer). ela chegou antes de mim, aproveitou bastante. agora, que ir viver outra vida. direito dela, como eu poderia ser contra?

é engraçado ver meus amigos se movimentando. ela mesma, que me disse que eu tinha portas abertas na forma colorida quando eu saí. os chefos da outra área em que eu trabalhei, o gerente de covinhas. os amigos em outras empresas, espalhadas pelo mercado. o ex amigo ex chefe agora amigo de novo me chamando de novo pra trabalhar com ele VEJAM SÓ, e eu sensibilizada, quase querendo e dizendo não, porque é a coisa certa a fazer. tem que ser pelos motivos certos, e isso agora é uma regra. uma headhunter que surgiu do nada e eu tentando adivinhar qual dos queridos me enviou pra ela. sigo sem saber. a carola, ex desafeto de wonderland, me dizendo carinhosa que eu a ajudei quando ela precisou e que ela teria o maior prazer em me ajudar.

fico de coração cheio. :~

decidi descansar, dar um tempinho pra mim, mesmo. 

~   ~   ~ 

Slow down you crazy child
Take the phone off the hook and disappear for a while
It's alright you can afford to lose a day or two
When will you realize...
Vienna waits for you.


foi na quinta-feira que eu me dei conta. eram 17h20, e eu adiantei a terapia, e esbarrei numa amiga no térreo do prédio. ela de férias, eu, hum, de férias? nos abraçamos, falamos amenidades, nos despedimos e eu caminhei de volta pra casa.

o dia estava ficando amarelo, e eu até acho bonito esse fim de tarde meio poluído de são paulo. em casa, meu pai ligou no facetime, e me mostrou o cachorrinho novo da família. e eu me dei conta de que quinta-feira 17h era hora do call com os gringos filhos da puta. 

desde dezembro minhas quintas foram iguais. estivesse em são paulo, em porto alegre, em casa, onde fosse. 17h, ligar o computador, hangout com os gringos. hora de falar ingles e se aborrecer. fiquei feliz de não estar lá, e fiquei mais feliz ainda de saber que ~aquelas pessoas~ continuam lidando com ~aqueles assuntos~.

eu não. não mais. hangout bom de se fazer quinta-feira final de tarde é com o pai e com o cachorro da família.

não posso garantir que permaneça sã por todos os momentos, mas uma coisa é certa. eu não estava feliz naquele lugar e a distância daquelas pessoas e daqueles assuntos me faz bem.

um passo por vez, certo?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

game over

a espera acabou por volta das 11h de hoje. chefo me chamou na sala dele e me demitiu. justificou com o corte de gastos. eu permaneci em silêncio. parece que saí do meu corpo e me olhava de cima, de fora.

está realmente acontecendo, pensei. como se fosse um sonho.

a primeira vez que eu fui demitida era 2005. foi horrível, entrei numa depressão que me colocou tomando remédios durante anos. fiquei um tempo sem trabalhar, e mesmo quando eu voltei, continuava me sentindo vazia e descrente na humanidade. levou tempo até curar. levou tempo até entender que foi importante, pra mim, naquele momento, passar por isso.

a gente nunca aprende a ser demitido. eu sentia meu rosto gelado, mas imaginava que estivesse vermelha. fiz questão de encará-lo nos olhos, pra que alguma coisa na minha reação fizesse diferença. ele nunca foi bom de olhar nos olhos. quando ele acabou de falar, eu pedi a palavra. e disse que não estava surpresa. e que sabia que havíamos nos desentendido de vez, e que eu achava uma pena, porque eu tinha ido pra firma porque queria trabalhar com ele. porque buscava nele um mentor. 

eu tive esse mentor até abril, continuei. até que você se envolvesse com a rainha de copas e o relacionamento de vocês entrasse no meio do caminho, e a nossa relação de trabalho ficasse insustentável. ele não negou, e eu continuei dizendo a eles que todos sabiam. e que ele devia saber que a empresa era refém disso. ele tentou se explicar - e olha que nem precisava - dizendo que estava passando por um divórcio litigioso. eu disse que sabia. que a rainha havia contado isso pela empresa, também.

encerrei o assunto dizendo que não tinha nada a ver com a vida pessoal dele. mas que tinha outro jeito de fazer as coisas, sempre. e que eu estava em paz, porque sabia que eu sempre, até hoje, havia sido justa, correta e profissional. ele calou.

me levantei e fui até a minha mesa. já havia perdido acesso ao meu e-mail. fiquei ilhada, sem sem poder mandar o e-mail de despedida que havia escrito ontem. enquanto limpava as senhas e desinstalava os programas de uso pessoal do computador, chegou um e-mail dele, comunicando a todos o meu desligamento. foi a japonesa que me mostrou, e depois que eu pedi, me encaminhou. achei feio. enviei meu e-mail de despedida dali, depois do dele, a partir do meu e-mail pessoal. me despedi de cada um dos queridos, fiz questão de abraçar um por um. a rh chorou, e disse que estava arrasada com a minha saída. e que eu era uma pessoa correta. agradeci o apoio e a ajuda. pedi que a japonesa querida e a gauchinha cuidassem uma da outra. e se protegessem. e esquecessem o meu mau exemplo.

a rainha de copas não passou por lá a manhã toda. o chefão também não, modos que fui poupada de me despedir dos dois. já havia me despedido de todos, quando vi que o chefo, agora ex chefo, continuava sentado na mesa dele, encolhido. um covarde para confrontos, ele sempre foi. caminhei até a sala dele e perguntei. 

você não vai se despedir de mim?

ele se levantou muito sem graça e me abraçou. eu não agradeci. disse que continuava acreditando no projeto. e que eu ainda acreditava nele, apesar de tudo.

nem sei se foi verdade o que eu disse. eu só queria sair dali da forma mais digna que eu sabia, e era essa.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

mea culpa

terapia tem salvado a minha vida esses dias, junto com umas bolinhas de homeopatia encomendadas pela minha mãe, mais o apoio de amigos e do namorado. eu pareço uma criança que fez arte e espera a chegada do pai, que vai lhe dar um castigo.

o chefo chegou hoje, disse um oi seco e se trancou na sala com a rh. enquanto eu imaginava o teor da conversa, segui trabalhando. abri o bloco de notas e escrevi um e-mail de despedida. agradecendo aos queridos e aos corretos. dizendo que eu tinha feito o meu melhor, com as ferramentas que eu tinha, sempre pautada pelo que considerava justo, correto e ético.

desde ontem eu tenho tentado pensar nos meus erros durante todo esse processo. foram vários. não dá pra dizer que eu não fui agente de tudo o que está me acontecendo agora. eu contribuí bastante para toda a confusão.

1. eu me deixei abalar por um relacionamento que não tinha absolutamente nada a ver comigo. mais que isso, eu fui tomada por ele. entrei nas conversas paralelas, julguei o comportamento. fiquei maquinando razões ocultas por trás de cada frase que ouvi, cada conversa de portas fechadas, cada olhar.

2. eu me distraí do meu trabalho. fiquei brava com tudo o que acontecia em volta e me distraí do que devia fazer. continuei cumprindo os prazos, mas o foco não estava mais lá. estava no resto.

3. eu medi forças com a rainha de copas. discordei dela, respondi e-mails com a cabeça quente, fui conversar sobre o comportamento dela mais de uma vez com o chefo. e com o rh. eu podia ter escolhido apenas assistir a tudo, e não me deixar abalar ou incomodar. eu fiz exatamente o contrário.

4. eu carreguei esse assunto pra casa, deixei meu sono ser interrompido e minha paz ser roubada. carreguei o peso disso nas costas, um peso que sequer era meu pra ser carregado. monopolizei minha terapia com esse assunto, porque simplesmente não fui capaz de dar a ele a importância que ele devia ter. quase nenhuma. não era importante e eu fiz disso algo importante.

5. eu me coloquei numa posição de justiceira, de fiscalização do que era correto e justo e ético. esse papel não era meu, nunca foi. e me tomou muito mais energia do que eu podia suportar.

a verdade é que agora, pensando racionalmente, a melhor coisa que pode me acontecer é sair. é tirar uns dias pra acalmar a cabeça e aquietar o espírito. procurar outro emprego com calma. não perder a fé no que eu sei, e no quanto eu sou boa. tentar passar por isso com serenidade. tentar voltar a ler livros e ver filmes. caminhar no sol. gastar menos. eu poderia passar um tempo sem trabalhar. não muito, mas algum tempo, sim. eu me preparei para isso. o tempo de restabelecer meus contatos, de sondar o mercado, de ver o que eu quero pra mim daqui pra frente.

escrever o e-mail me acalmou. desde então, sempre que o frio corre a espinha, eu releio. e acredito que, de fato, não existe outro caminho.

por enquanto, eu espero.

sábado, 7 de setembro de 2013

quinta-feira foi dia de embate

chamei rainha de copas para uma conversa. a ideia era entender o que diabos estava acontecendo. ela topou rápido e fomos pra uma sala de reunião. ela esteve na defensiva o tempo todo, e eu dei uma boa recuada. ando bem assustada com o rumo que as coisas andam tomando.

eu falei que sabia do caso, ela disse que ela ia processar todo mundo que estivesse falando mentiras sobre a vida pessoal dela. disse que soube que eu fui no rh falar mal dela, e que a empresa estava toda numa situação complicada por causa disso e do e-mail bomba de segunda-feira. 

eu disse que não. que a minha questão com o rh era outra. que eu tinha tido uma conversa particular com o meu gestor, e que ela sabia dessa conversa. e que isso era errado, porque eu havia ficado exposta. ele nao podia levar a nossa conversa pra ela. ela se defendeu dizendo que ele tinha era ido dar bronca nela, porque ninguem sabia do aumento e tals, e que agora eles queriam descobrir quem me contou. eu repeti que me sentava em frente ao juridico, e sabia quando alteraçoes de contrato eram feitas. sigo com isso até o fim, repito quantas vezes forem necessárias. também disse que fui ao rh dizer que achava um absurdo ela ter me chamado de puta. e que quando eu chego no escritorio e tenho uma funcionária aos prantos por causa desse tipo de situação, eu recorro ao que tenho direito. uma conversa séria e profissional com o rh.

ela me pediu desculpas por ter me chamado de puta. eu desculpei, mas de mentirinha.

eu senti que ela estava me ameaçando com a história dos processos. eu sei o que eu falei, e eu não fui a única. eu não tenho provas, tenho indícios. acontece que a minha acusação se dá sobre algo que de fato é verdade. se ela seguir adiante querendo provar que eu menti, eles vão ter que ter cuidado extra. terminar, ou se afastar. eu acho difícil que ela mova um processo sobre algo que é verdade, dizendo que é mentira. senti isso tudo como um blefe.

no fim das contas, processo por injúria tenho eu, por ter sido chamada de puta. tenho toda uma empresa pra provar. eu disse pra ela que não tinha nada com a vida pessoal dela, mas que eu estava no meu direito que questionar como é que a minha conversa confidencial havia vazado pra ela. ela desconversou, é tão boa quanto o chefo nisso. ele ainda está viajando, e eu acho que semana que vem vai ser bem horrível. ela me disse que havia pedido demissão (não acreditei), e que não gostava mais de vir pra cá, que ela era uma pessoa ética (aham), e que jamais havia feito qualquer coisa para prejudicar qualquer pessoa aqui (aham aham). eu disse que sabia que ela havia pedido a nossa mudança de lugar e ela negou. disse que sente muita falta da gente ali do lado dela (o_O) e que era contra a mudança desde o início. reforçou que jamais se envolveria com ele, e que isso tudo era muito grave. que havia conversado com o chefão e ele acreditava nela (nessa parte eu acreditei, é impressionante como eles agem entre eles, a panelinha) e que ele estava numa situação complicada tendo que prestar esclarecimentos à direçao geral da empresa. e que ela so tinha sido prejudicada pessoalmente, mas os dois, chefo e chefão, estavam em maus lençóis profissionalmente por causa dessa ~grande mentira~.

sabe quando a pessoa suga até a última gota da sua energia? é isso que acontece quando eu falo com ela. você desiste de argumentar, e passa a tomar cuidado para não dizer nada que ela discorde, porque senão a briga se estenderá por mais e mais horas. eu disse que acreditava nela (minha vez de mentir), e que achava que a gente precisava se entender e trabalhar direito, juntas. eu disse que achava ela competente (e eu estava falando a verdade, nessa parte), e que eu estava esgotada dessas brigas. pedi que a gente tentasse conversar quando qualquer coisa estivesse mal explicada, e tentei selar a paz.

saí da sala com ela e fui falar com o chefão. que tudo estava bem, que nós tinhamos nos entendido, e que eu via o rh como um canal para quando tivesse problemas na empresa. e que eu tinha dois, nesse momento. uma conversa particular com o meu gestor ter sido vazada pra ela, e o fato de ela ter chamado a mim e à gauchinha querida de putas que não trabalham. ele estava super na defensiva, e disse que estava esperando o chefo chegar de viagem pra conversar com ele sobre isso tudo. eu disse da minha preocupação com os rumos atuais e as demissões todas, e ele disse que a minha vaga não seria cortada, porque era estratégica.

eu posso ficar tranquila? - perguntei.

a sua permanência na sua vaga depende do seu trabalho e do seu alinhamento com o seu gestor, ele respondeu, seco.

voltamos ao início, onde:

1) eu sei que ela passou tempos e tempos falando mal do meu trabalho para eles (ontem ela me garantiu que jamais falou do meu trabalho, que ela não pode avaliar, e que ela me respeita muito e bla bla bla). 

2) se existe algo que não existe nesse momento é isso:
~alinhamento com o meu gestor~

ou seja. já sei que o caso da minha vaga não será corte, mas substituição. saio eu, entra qualquer outro que mantenha olhos, ouvidos e boca bem fechados. skills que não tenho, e nem nunca fiz questão de ter.

o gerente de projetos pediu demissão, e eu fico fazendo as contas pra tentar saber o quanto isso é bom ou ruim pra mim. pro projeto é uma droga, eu acho que ele deu uma boa ordem nas coisas, e tornou a minha vida mais fácil. ele saindo, é menos um pra segurar o rojão. o lançamento do projeto foi adiado em uma semana. eu não sei o quanto de fato essa história vai respingar no chefo. eu não queria estar fazendo essas contas pra saber se terei ou não emprego nos próximos meses.

eu honestamente penso que estou muito muito muito perto da demissão. 

meu menino diz que é o melhor cenário possível, porque este lugar está me fazendo mal, e eu preciso descansar. estou há mais de dois anos sem férias. eu não gosto da ideia de ficar sem trabalhar, ainda que por pouco tempo. sempre dispara insegurança, e eu fico meio deprimida. não é algo que eu esteja buscando. acho que nunca antes, desde que eu cheguei em sp, eu tive tantas crises de ansiedade. coração disparado, medo mesmo. a única certeza que eu tenho é que não vou pedir demissão. quando eu for demitida, eu também penso em processar a empresa. motivo pra isso é o que não me falta.

:(

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

tem sido desesperador, se é que alguém quer saber.

descobri que as "putas" do e-mail de despedida da editora éramos eu e a gaúcha querida da minha equipe. e que foi naquele dia do e-mail esporro do chefo, quando a rainha de copas estava no sul. ela saiu dizendo pela empresa que nós éramos duas putas que não trabalhavam.

contei pra gaúcha querida por whatsapp de manhã. quando cheguei no escritório, ela estava tendo uma crise de choro. me arrependi mil vezes por ter contado. passei um tempão acalmando ela numa salinha. quando saímos, ela tinha reunião com a equipe da rainha de copas. a rainha atrasou a reunião e entrou sozinha na sala. eu conseguia ver as duas pelo reflexo do vidro. a rainha chorando e gesticulando.

chamei a rh e foi a minha vez de chorar. de dizer que eu não sabia mais o que fazer. que eu vinha sendo atacada e que tinha sido chamada de puta, e que isso era inadmissivel. disse que alguém precisava fazer a coisa certa. porque era tudo absurdo demais.

ela saiu da conversa comigo e entrou na sala do chefão. ficaram lá um tempão. quando ele saiu, tomou a direção da mesa da rainha de copas, e chamou ela pra almoçar. eles foram. voltaram do almoço 3h depois, sorridentes e conversativos.

nada houve. 

depois eu vi a rainha sequestrar a rh numa salinha, e posso adivinhar que o looping de chorar as pitangas se repetiu. depois disso a rh fugiu de mim. nao me disse mais nada.

passei o dia todo em pânico, com a certeza de que vou ser demitida.

sabe coração disparado? sabe sensação de que nada pode ser feito pra tornar as coisas menos horríveis? desamparo total, descrença absoluta.

quando estava indo embora, a rh me disse que me mandaria uma mensagem depois. eu respondi POR FAVOR, estou assustada. ela foi embora. agora de noite eu procurei a rh no facebook.

e ela deletou o próprio perfil.


A Vanessa me mandou por e-mail esse texto, dizendo que lembrou de mim, com todas as idas e vindas de troca de emprego. 


O texto fala sobre essa característica tão comum de algumas pessoas (a minha geração?) de trocar o certo pelo duvidoso, do quanto essa pretensa busca pela liberdade pode ter efeito contrário, aprisionar.

Eu fiquei pensando nisso, e não é um assunto que já não venha passeando pela minha cabeça há pelo menos um ano e meio. Eu sei que tudo o que me acontece é escolha minha. Eu lido bem com as consequências. Encaro as minhas decisões de frente. 

Eu estaria mentindo se dissesse que nunca me perguntei se fiz as escolhas corretas. Eu me pergunto isso com frequência, muito, muito. Eu tento me lembrar de todas as vezes em que passei algum perrengue de trabalho (desde que saí lá da firma colorida, foram VÁRIOS), se eu me sentia ou não arrependida das minhas escolhas. A resposta sempre foi não.

Desde que eu sai da firma colorida, eu aprendi muito. Aprendi a ser gestora, a não gritar, a pensar uma, duas, dez vezes antes de falar bobagem. A respeitar o trabalho dos outros, a tomar decisões difíceis. Aprendi a lidar com uma empresa desmoronando a minha volta (o que me preparou para o que eu vivo, hoje, de novo). Conheci gente boa e gente ruim. Gente sem escrúpulos, gente louca, gente manipuladora e sem caráter. A firma colorida tinha lá os seus loucos, mas eu posso dizer, nenhum deles era nem parecido com o que eu lido na minha vida atual. Era uma redoma de vidro. Uma realidade controlada. Onde eu não sofria grandes perigos, mas não dava grandes saltos. Fazia um trabalho foda, mas o caminho era longo, o reconhecimento difícil. Minha saída não foi pegar um atalho. Minha saída foi uma aposta em tudo o que eu ainda não sabia. A vida aqui fora é uma selva.

Eu fico pensando em 2011, se eu não tivesse saído de lá, onde eu estaria agora. E a grande verdade é que se eu não tivesse pedido demissão em setembro de 2011, eu teria pedido em novembro ou dezembro, ou em 2012, ou em 2013. Eu me conheço bem. O que me movia pra fora de lá era eu, não era algo mais legal que tivesse surgido no meio do caminho. Eu não estaria mais lá. Por minha causa mesmo. :)

Eu gosto do caminho que eu percorri. Eu vejo os meus amigos de lá, e eu sou cheia de amigos naquele lugar incrível, e eu sei que fiz a escolha correta. Eu brinco que um dia volto, mas eu entendo essa minha jornada aqui fora como um aprendizado, pra ficar boa o bastante e voltar pra lá quando for hora. Talvez ainda não seja.

continuação da novela

ontem a rh estava no sul pra demitir mais duas pessoas na grande reestruturação (implosão) da empresa. uma delas era uma editora fofa, subordinada à rainha de copas. a menina sabia que a rainha vinha pedindo a cabeça dela há tempos, e tinha prometido um bafão se isso acontecesse.

e assim foi. ^^

editora demitida, chega um e-mail de despedida. ela mandou só pra lista de gestores, então o estrago poderia ser bem maior. na verdade, eu queria um estrago maior.

começou dizendo que a rainha de copas tinha caso com o chefe, que ela chamava colegas de trabalho de putas, que ela gargalhava alto e dizia a lista de pessoas que ela queria que fossem demitidas, na ordem. que humilhava e fazia as pessoas chorarem, que o caso deles afetava as decisões da empresa. o email não citava nomes em nenhum momento, apenas mencionava uma gerente e um diretor.

ficamos todos paralisados esperando o desenrolar dos fatos. o "diretor", também conhecido como chefo, está nos eua a trabalho, tentando convencer os gringos a baixar os preços. ela estava aqui sozinha pra lidar com isso.

bolas de feno. o chefão estava na sala dele, dartagnan sentado na mesa, aquele silencio mortal. o chefão levantou, foi até a mesa dela, e nao ficou lá nem 5 minutos. voltou pra sala, packed his belongings and left. nem uma palavra. isso foi ontem. hoje ele não apareceu.

ainda ontem, logo depois do email de despedida, chegou um outro, no fale conosco do site. provavelmente algum outro ex funcionário, querendo participar da confusão instalada. dizendo que tinha ficado sabendo que tinha voado merda no ventilador (and i'm quoting), e que era nisso que dava quando incompetentes eram promovidos e aumentos eram dados quando alguém abria as pernas pro chefe.

o_O
todo mundo chocado, fazendo cara de paisagem.

até aí, no names. podia ser eu, vejam bem. sou gerente, o email mencionava uma gerente. mas ninguém achou que era comigo. todo mundo SABE que não era comigo.

rainha de copas resolve responder o email a todos. diz que está muito chocada com aquilo tudo, e que ela era uma ~pessoa digna~. e que se alguém quisesse algum esclarecimento, ela estava à disposição.

bolas de feno.

depois ela ficou andando na empresa, meio que tentando fazer piada com a situação, insinuando que estavam acusando ela de ter um caso com dartagnan. todos fazendo cara de paisagem. especialistas em cara de paisagem. :)

hoje ela passou o dia prendendo gente em sala de reunião, chorando as pitangas, dizendo que estava sendo perseguiiiiida, e que isso era um absuuuuurdo, e que a honra e a moral dela estavam sendo atacadas.

~honra e moral~

eu to na minha. ver todo mundo querendo ela fora, chocado com o que ela faz, concordando que a situação está insustentável. ninguém acreditando que algo vá, de fato, mudar.

mandei curriculos para os queridos no mercado, porque é hora de andar. de correr. não sem antes mandar um bom e-mail de despedida.

de resto, tudo voltando ao normal. ela provavelmente pedindo a minha cabeça, o que justifica os emails malcriados que eu recebi do chefo hoje. o de sempre. mais do mesmo.