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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

sobre 2016. parte 1.

eu parei de escrever, e não foi só porque eu fico nesse eterno mimimi de colar caquinhos. 2016 me atropelou numa violência. não acabou ainda. continua batendo. foi basicamente trabalho. eu acho que hoje eu sou uma pessoa bastante diferente do que eu era, mas não tem registro, nenhum. tem só a minha memória, porque eu não escrevi. eu acho que se eu tivesse escrito, eu ia poder reler e checar as partes em que de fato eu estou maluca, ou de fato os outros estão.


todo esse raciocínio veio de um período - mais um período - em que essa empresa faz avaliações. eu ando bem surtada com avaliações. minha analista acha que eu entrei num looping de deixar que as avaliações me definam. primeiro eu discordei, mas ela está certa demais. ela também  falou do mito de sisifo, que eu não conhecia. do homem que é condenado a levar uma pedra montanha acima para, quando estiver quase chegando, ver a pedra rolar montanha abaixo e ter de começar tudo de novo. poucas coisas me fizeram tanto sentido. e foi aí que eu me peguei pensando. que quando eu escrevo eu registro. e o registro me permite reler, e revisitar, e elaborar. e eu não escrevi.

ela também falou que eu vivo no meio de um grupo de sádicos. e desde que ela falou isso, eu não parei de pensar. do tanto que ela está certa. e do quanto que, sendo sisifo, eu apenas continuo subindo a montanha, de novo e de novo.