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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

2017

2017 é o novo 2012.

Eu me vejo em uma empresa que não me entende, que não me absorve, que não me aceita, que não me reconhece, que suga até o meu último fiapo de energia, que me coloca em posição fetal ao final do dia. Eu continuo tentando, buscando saída, me adequando, me calando, e ainda assim criando. Só pra ver tudo desmoronar no segundo seguinte. Tomo bronca na terapia, continuo batendo cabeça. 

2017 é o novo 2010. 

Eu me vejo absolutamente hipnotizada por um projeto, obcecada em fazer funcionar, em não deixar me escapar das mãos. Trabalho além da conta mas não me importo, acredito na causa, sinto que é - poderia ser - o algo grandioso que eu buscava quando me mudei pra São Paulo.  

2017 é 2017, afinal.

Pela primeira vez eu não fiz amigos no trabalho. Após 3 anos, me dou conta de que gosto das pessoas - algumas - mas não o suficiente para trazê-las para a minha vida, para gastar meu tempo livre com elas. Passo por um momento de estranhamento. Todos os meus amigos, os meus melhores amigos, eu fiz trabalhando. Agora, será a idade? Eu não tenho energia para esses bares, tenho preguiça das conversas, não faço parte das panelinhas. Não me enturmei, tem momentos em que eu acho que de fato as pessoas não gostam de mim. E na maior parte das vezes eu estou bem ok com isso. Já tenho amigos o suficiente, não estou ali pra ser a miss simpatia, estou ali pra fazer o meu trabalho. Fazer o meu trabalho é uma tarefa ingrata. Inclui brigas com homens que não percebem o machismo enraizado em seus comportamentos, inclui bater de frente, fincar o pé, levantar a voz e pedir que me deixem concluir quando eu sou interrompida. Inclui ouvir feedbacks constantes em que eu sou avaliada como reativa, como difícil. Ninguém é fácil. Mas só a minha avaliação aponta isso.

2017 é o novo 2014. 

Uma última porrada aos 45 do segundo tempo. Mataram meu projeto. O projeto que eu passei o ano desenhando, que todo mundo acreditava. Morreu bem na minha frente, e foi morto pelas pessoas que mais embarcaram nisso comigo. Fiquei sozinha. Preciso de um plano B.

2017 é o novo 2007.


Há exatos 10 anos eu me dava conta de que não tinha saída. Que o Rio não me servia, que eu precisava ir embora dali. Nada de bom viria de insistir naquela situação. A sensação é parecida. Será que São Paulo era isso? Será que acabou?