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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Feedback, bitch.

Segunda feira eu tinha demissional em wonderland. Na sexta anterior, pegando os papéis da rescisão, notei que não havia o tal papel de feedback. Fui no rh e pedi. A rh se fez de desavisada, ou sonsa mesmo, nunca saberemos. Ai, eu não te entreguei? Deixa eu ver se eu tenho impresso. Eu disse que aguardava ela imprimir. Que esse era um instrumento importante, e que eu sempre gostava de deixar documentado por escrito a minha experiência na firma.

Ela me entregou o papel, e eu fui pra casa com ele. Pra pensar, pra escrever de um jeito não emocional, e não desviar a atenção da mensagem. Aproveitei os superpoderes do namorado pra editar tudo bonitinho, em blocos de texto organizados. Só faltava desenhar.

Falei do quanto foi sofrida a experiência, falei do inferno que a menina ruiva imprimiu à minha rotina, da proteção com a carola, dos cochichos, dela falar mal da aparência da chefa pasquale em salas de reunião, dela me obrigar a pegar o trabalho de john armless, da atenção desproporcional que ela dedicou ao meu comportamento, da quantidade absurda de broncas que eu tomei. E por aí vai.

Entreguei o papel na mão do rh e disse que ela tinha um problema pra resolver. E que eu esperava que ela resolvesse. Porque era importante.

Dois dias depois, menina ruiva me bloqueou no Facebook. Message received. ;-)

Hoje descobri que o menino da equipe também pediu demissão. E que foi dizer na cara da menina ruiva o feedback dele. E no Rh. Eu pedi que ele deixasse por escrito. Pra documentar. Pra ser a terceira voz falando sobre isso.

A vida se acerta.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

dos motivos que me fizeram acreditar que ser trainee é a maior furada profissional que uma pessoa pode se meter

eu passei um tempão da minha vida acadêmica acreditando que a salvação da minha carreira seria passar em algum processo para ser trainee em uma grande empresa. participei de processos grandes, de algumas das maiores empresas do país. eu sempre fui boa nesse troço de passar em dinâmica de grupo. chegava fácil aos 20 últimos selecionados. perdia a vaga pra algum fulaninho com intercâmbio. chorava muito quando ficava no último pente fino, e quando via ganharem de mim as pessoas que tinham passado um ou dois meses fora do país. achava que eu tinha tido azar, etc.

um belo dia, eu não podia mais tentar ser trainee. eu tinha que seguir o caminho correto, sem atalhos, pra avançar na minha carreira. tracei os caminhos que eu achava bons e segui por eles. e acabei chegando no mesmo lugar. em wonderland eu tive a oportunidade de conviver de perto com aquelas pessoas que pareciam iluminadas e superiores nos processos que eu perdia.

o que eu vi, é é claro que tem exceções, foi um universo totalmente diferente do que eu imaginava. talvez porque eu tenha vindo de fora, porque eu nunca tenha me conformado com o que alguma empresa tenha decidido pra mim, ou pra minha carreira. o que eu vi foram meninos e meninas que escutaram desde o início que eram especiais, e que estavam prontos. caminharam guiados pela corporação num universo totalmente controlado. enquanto eu nadava em águas revoltas, ouvindo nãos, subindo degrau por degrau as minhas promoções, os meus méritos. ouvindo que eu devia tentar mais, me esforçar mais, aprender mais. 

que não era suficiente. e realmente não era.

eu cheguei aqui nesse aquário de peixinhos dourados. que são especiais DENTRO DO aquário. que saíram direto do cargo de trainee para o cargo de gerente sem nenhuma experiência de mercado que os fizesse mais prontos, mais aptos à função. que medem forças entre si determinando quem se senta na maior mesa, quem tem acesso ao restaurante do terraço. que usam expressões de livros de marketing em frases do dia a dia. um grupo de pessoas especiais, criadas para serem especiais. e que, por isso mesmo, morrem de medo do mundo lá fora. onde as águas são agitadas, onde os tropeços são maiores, onde se tem mais a perder. 

e muito mais a ganhar.

o que eu experienciei no último ano é algo que eu vou levar pra toda a minha vida. o quanto eu vi que eu era tão boa ou melhor do que eles. mais bem graduada, mais calejada, mais malandra com os movimentos do mercado. mais cheia de experiência. mais cheia de contatos, com mais portas abertas. a minha história está lá fora, não está ali dentro. a gestão da minha carreira é minha, e eu jamais deixaria nas mãos de wonderland esse controle.

ainda bem que eu não fui trainee. ainda bem.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

escombros


na mesa da consultora de rh essa semana, resolvendo coisinhas do desligamento. ela me perguntou como tudo estava e eu disse que ruim. o clima estava pesado, as pessoas sem ter o que fazer, sentadas em cima de escombros. ela me perguntou se eu queria ir pra casa antes, e eu disse que sim.

vou embora hoje. faço o demissional segunda e penso na vida a partir de então.

ela olhou pra área onde sentava a equipe do ex projeto e me confessou que não via a hora que cada um fosse remanejado pras novas áreas, pra que essas cadeiras fossem esvaziadas, que tudo se desmanchasse. eu concordei. daí ela disse que achava que o rh e wonderland haviam errado muito com a equipe. que nós fomos tratados de um jeito muito cruel durante meses. eu concordei. foi desumana a forma como tudo foi feito. cada um foi levado ao extremo, o pior de cada um veio à superfície. as pessoas começaram a se machucar, e a tentar se proteger umas das outras.

ela concordou comigo, e disse que era dever do rh olhar por essas pessoas, acompanhá-las durante um tempo a partir de agora. porque eram pessoas machucadas.

somos mesmo.

foi bom ver wonderland finalmente reconhecendo o peso que nos foi imposto. eu espero que eles olhem mesmo por cada um. eu não acho que eu teria conserto, aqui. por mim, ninguém poderia fazer mais nada.

eu saio de wonderland, hoje, absolutamente esvaziada das minhas reservas emocionais. não restou nada, foi tudo varrido, levado embora de mim. o efeito dessa empresa na minha vida foi devastador.

agora eu entro numa fase de recuperação. vou descansar uns dias, botar minha cabeça no lugar, reconstruir a minha fé no que eu sei, no que eu acredito.

estou sobrevivendo. é mais do que eu podia esperar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

embate com carola

carola foi até a minha mesa de manhã e me perguntou se eu tinha um minuto. sala de reunião. ela, lânguida, pergunta.

o que eu te fiiiiiiz? por que você está com TANTA raiva de miiiiim?

eu olhei pra ela, meio sem acreditar. really que você não sabe? expliquei bem explicadinho. desenhei.

fiquei puta com a foto recado pra serena no instagram. achei descabido, cruel. você já foi demitida alguma vez, carola? ela disse que não, e antes mesmo que terminasse a frase, eu completei. eu imaginava, mesmo.

falei sobre empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro. e que quando você passa pela experiência de ser demitido, que você ganha respeito pelo emprego dos outros. e não tripudia.

ela jurou que não tinha sido recado, mas eu não acreditei. eu disse que nós duas sabíamos que era, e que eu respondi a mensagem, e então ela bloqueou todo mundo. bloqueei mesmo, ela disse. daí foi a minha vez. pois então, eu passei recibo, você passou recibo, não vamos fingir que a gente não sabe o que houve.

ela calou, porque a sonsa NUNCA admite a própria culpa, em nada. quando é encurralada, ela diz que não fez por mal, que não teve a intenção, que não imaginava que as pessoas iam achar que era de propósito. eu continuei dizendo que era hipócrita ela dizer que eu não estava falando com ela, porque ela também não olhava na minha cara há mais de uma semana. que era recíproco. e que a ex estagiária tinha parado de falar comigo. ela jurou que jamais falou de mim com ela, mas eu também não comprei. eu disse que não me importava. que eu estava tentando me poupar de maiores arranhões nesse resto de tempo.

ah, mas você não me abraçou de volta quando eu fui te cumprimentar pelo seu aniversário.

HAHAHAHAHAHA. juro. 

você queria me dar aquele abraço, carola?

er, não.

então eu preferia que você não tivesse me dado. porque quando eu não quero abraçar, eu não abraço. 

e assim foi. roupa sendo lavada. ela falando da importância de a gente sair dessa história com tudo bem resolvido, e sem ser inimigas, porque a gente não ia se esbarrar NUNCA MAIS. eu concordando com a parte de ser civilizadas. respondendo ao bom adestramento que recebi de wonderland nos últimos meses. eu disse que só era responsável por 50%. e que os meus 50% eu assumia. mas que os outros eram dela, e cabia a ela assumir.

eu assumo os meus 50%. mas você precisa entender que eu não fiz de propósito, que eu não fiz por mal, que eu não sabia que vocês estavam chateadas, que eu não mandei recado pra serena, bla bla bla.

e assim a conversa encerrou. comigo politicamente correta dizendo que devíamos botar uma pedra em cima do que havia acontecido, e que eu sairia da sala de reunião falando com ela. em nome da boa convivência.

voltei da sala de reunião e respondi o email do dani, dizendo que topo jantar depois do dia 31, quando o furacão já tiver passado. fui ao facebook e aceitei o pedido de amizade do ex amigo ex chefe.

não sei o que fazer em relação a nada disso. mas eu liguei o modo recuperação. seja lá o que isso vá significar.

e essa foi uma parte da minha quarta-feira. tem ainda a minha visita ao rh pra reclamar do comportamento da ex estagiária, tem o rh assumindo a responsabilidade pela merda que se abateu sobre as pessoas desse projeto. mas fica pra depois. vou ali jantar com meu menino.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

das inconveniências de se fazer aniversário

fazer aniversário tem mais uma desvantagem, que eu ainda não havia contabilizado. ficar sendo abraçada por esse povo que só sabe agir conforme o que é esperado deles. é aniversário? abraça, deseja coisas boas, solta e volta pro msn pra falar mal.

eu não sei o que acontece com aniversário, de verdade. de repente todas as brigas que você teve no ano se desfazem. as pessoas acham que conserta. eu não conserto brigas dessa forma. se alguém com quem eu briguei faz aniversário, é claro que eu me lembro. mas eu não ligo, não tento retomar contato, não imagino que naquela época especificamente os problemas que existiam antes se dissiparam. eu sofro se sentir saudades, mas eu não uso a data como janela pra nada.

a minha ex coordenadora da firma colorida me mandou uma mensagem, dizendo que sabia que nós tinhamos tido as nossas diferenças mas que ela gostava muito de mim, e sentia a minha falta. nesse caso, funcionou. eu também sinto saudades dela. respondi a mensagem e marcamos um jantar. ela configura a exceção desse post.

dani me ligou pra desejar feliz aniversário. a gente não se fala há meses, e todas as minhas tentativas de contato encontraram alguma grosseriazinha no caminho. desisti dele. todo mundo me fala que ele não deve nem saber que eu parei de falar com ele, porque esse é o meu comportamento padrão. eu viro as costas e vou embora. a verdade é que eu não tenho muita energia para confrontos. foi assim com o ex amigo ex chefe.

o que me leva ao terceiro acontecimento do período. ele me readicionou ao facebook. e me mandou uma mensagem, dizendo que estava tentando me colocar no recovery mode. e que ficou muito triste de saber o tanto que eu tinha sofrido em wonderland e que ele JAMAIS me deixaria passar pelo que eu passei.

não respondi. não sei o que fazer com essas informações todas.

será que dá pra fazer o tempo parar e ficar encolhida embaixo do edredom só um pouco? até o fim desse ano, seria possível?

sábado, 20 de outubro de 2012

como é que faz pra fazer aniversário no meio disso tudo?

não consigo. não quero ninguém me ligando, não quero ter que responder como eu vou comemorar. eu só queria ficar quietinha, esperando esse desespero passar. eu sei que a minha atitude foi corajosa, e tals, mas eu estou morrendo de medo, mesmo. eu sei que é fase e que já já a vida se acerta. mas até que ela se acerte, de fato, eu me permito chorar encolhida na cama. 

eu só quero que isso acabe.

wonderland me faz questionar tudo, é impressionante. a lógica lá é uma só, e nada que eu faço parece certo. sou minoria, ninguém da equipe fala comigo. precisa acreditar muito que você não está errado, porque todo o resto faz acreditar que sim. eu estou saindo, eu desisti, a menina ruiva e a carola cochicham pelos cantos, a ex estagiária cochicha, todo mundo se esgueira pelos cantos, todo mundo fica. a menina ruiva vai ser promovida, eu acho que a carola também. a vida, ali, segue seu curso, e eu sou o corpo estranho sendo expelido.

é um daqueles momentos em que parece que o mal vence o bem, sabe? e eu já ando meio cansada de assistir esse tipo de coisa.

ontem eu chamei o gerente de covinhas lá da firma querida e colorida, pra falar que eu estava saindo de wonderland. ele pediu meu curriculo e disse que adoraria me levar de volta pra lá. eu chorei. eu acho difícil que ele consiga, mesmo. mas ouvir dele que eu sou bem vinda lá, e que ele vai tentar fazer isso por mim enche o meu coração de amor. e de fé. existe esse universo onde eu não estou errada. eu só não estou nele.

eu vou me lembrar desse aniversário como um dos mais bizarros que eu já tive. o que caiu numa época estranha. o que eu só vou me permitir comemorar quando a vida se acertar.

ainda não.

sexta-feira

resolveram cantar parabéns pra mim. sempre teve esse lance de neguinho fazer festa quando alguém faz aniversário. enquanto as estagiárias me abraçavam, carola levantou e entrou na fila. e disse. vou te dar um abraço. eu não reagi. talvez eu devesse. to tentando sair disso sem mais arranhões. hipocrisia é um troço que me mata. juro.

depois fomos anunciar a minha saída. chamei a menina  ruiva e falei. tem que ser hoje. o pessoal do 8o não para de perguntar quando eu desço, e precisamos contar. tivemos pouco tempo, porque esperta que sou, dei um jeito de marcar a vistoria do carro bem no meio da tarde de sexta feira. sala de reunião, a menina ruiva começa.

bem, ah, como todos sabíamos, quando nos fizeram a proposta bla bla bla, sempre foi sabido que cada um teria a oportunidade de avaliar se gostaria ou não bla bla bla, e a garota, aqui, decidiu que não gostaria de continuar coma  empresa nesse momento, e irá em busca de novos desafios bla bla bla. é uma notícia desagradável, DEPENDENDO DO PONTO DE VISTA, bla bla bla.

vontade de vomitar. sério. a equipe apática mal teve tempo de fazer qualquer coisa. eu levantei, disse que era uma questão minha, de gestão de carreira, mesmo. peguei minha bolsa e saí.

ninguém reagiu, e eu não acho que ninguém reagiria. pode ser bizarro, mas essa sexta-feira me fez um mal absurdo. vontade de sair correndo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

19:37

a rh chamou a menina ruiva na salinha e contou que eu estava de saída. eu não vi, porque estava numa outra sala, tratando de descascar a minha ex gestora para outra rh. sabe edward mãos de tesoura, quando sabe que o galerê vai todo atrás dele, porque ele machucou a menina? e ele entra na casa da mulher que vende avon, e passa pelo corredor meio puto, já a caminho do castelo? passando as tesouras nas paredes, rasgando o papel de parede, os quadros? nos jardins cortando pedaços das esculturas que ele mesmo tinha feito?

that's me.

fui na sala do diretor que havia rompido regras e alertado serena que ela seria demitida. que preparou ela para o dia, com a antecedência justa. mesmo rompendo as regras. disse pra ele que eu admirava o que ele havia feito. que estivemos por tempo demais submetidos a um sistema desumano, e ele foi humano. e isso fez toda a diferença. ele perguntou pra onde eu estava sendo realocada, e eu disse que não tinha topado a minha proposta. que eu tinha outros interesses, e que ia voltar pro mercado. ele disse que era uma pena, porque eu era exatamente o tipo de profissional que wonderland procurava. eu completei dizendo que eu também era o tipo de profissional que wonderland espantava.

no fim do dia, uma última conversa, com a menina ruiva. foi uma conversa silenciosa, com as duas escolhendo palavras. falamos sobre o momento correto de comunicar à equipe (de víboras) a minha saída. daí eu falei que o rh disse que eu fui arrogante. e ela disse que não era bem isso. e eu disse que eu estava ok. se arrogancia fosse eu não me submeter a algo com o qual eu não concordo, eu não tinha problemas com o termo.

ela calou. e disse que não tinha sido o que eu falei, mas A FORMA como eu falei. dai eu corrigi. eu disse que era esperado que eu estivesse grata, e eu não estava. e que era uma questão de gestão de carreira. EU geria a minha carreira. ponto.

ela calou novamente, muito escolhendinho palavras. daí eu completei. eu nunca fui uma wonderlandiana (pra tentar soar parecido com o termo besta que as pessoas daqui se apelidam). houve um periodo em que eu tentei ser, eu tentei me adaptar. depois eu cheguei à conclusão de que não me adaptar era algo bom, e eu escolhi não me incluir. eu nunca fui aceita. e eu deixei que querer isso. eu sou do mercado, e é pro mercado que eu vou voltar.

menina ruiva calou, mais uma vez.

peixinho dourado costuma gostar de aquário.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

22:09

depois de toda a crise de ontem, de todo o choro, da decisão pronta, um telefonema. uma segunda entrevista daquele processo seletivo, hoje pela manhã. desta vez eu iria conversar com o cara que seria meu chefe. desta vez eu realmente precisava ir bem.

acordei de madrugada com a chuva e não dormi mais. às 7h26 da manhã uma mensagem no celular. a menina ruiva, dizendo que tinha um treinamento durante o dia, mas que eu a esperasse, por ela estaria de volta a wonderland as 18h30, para tratar o meu caso. abuso. isso são horas de mandar mensagem? não respondi.

uma dor de cabeça me acompanhou até a paulista. durante quase 2h eu fui sabatinada. foi tenso, foi longo, mas ao final ele disse que tinha gostado de mim e que queria que o chefe dele me conhecesse, e que ele trataria de marcar uma ultima conversa o mais rápido possível. que, por ele, eles já me fariam uma proposta.

yes.

fui pra wonderland. vi que um post it com um recado carinhoso da ex estagiária que eu contratei, que ficava colado no meu monitor havia sido retirado. desapareceu. foi ela mesma, certeza. no início da tarde eu me guiei para a sala da consultora de rh. e disse tudo o que precisava ser dito.

reforcei mais uma vez a necessidade de tratamento na questão da menina ruiva. do quanto me foi sofrido ser gerida por ela. erro por erro, eu falei. eu pedi que ela fosse treinada, ela responde bem a treinamentos. parece um robô, mas essa parte eu não disse. disse que não havia respondido a mensagem dela, e que não sabia como conduzir a questão. o que eu tinha pra dizer, eu estava dizendo ali.

a rh lamentou a minha decisão, mas respeitou. wonderland vai me demitir, num programa especial para quem não aceitasse a realocação. vai ser bom, porque eu ainda não tenho mesmo uma resposta. nenhum outro trabalho em vista. chances de passar na outra empresa, e boas, mas nada certo. eu vou precisar de todos os meus benefícios, tudo o que eu tiver direito. ela me perguntou se eu já queria sair, eu disse que estava tranquila. e que topava fechar o mês.

a rh me perguntou se eu gostaria de conversar com a menina ruiva, seguindo o que ela havia dito no sms. eu disse que não, que eu não tinha mais nada para tratar com ela. então, ela me aconselhou a responder a mensagem. dizendo que eu já havia conversado com a rh, e que ela deveria procurá-la quando chegasse, pra saber da minha decisão. e foi  isso que eu fiz.

não existe salto sem vertigem. a diferença, aqui, é que eu vou demorar mais um pouco pra pousar meus pés no chão. mas eu já sei uma coisa. eles estão firmes.

eu estou leve. 

o problema maior de todos,

o problema maior da vida, é um só. é aquela menina cantando george michael com a metrópole se desenhando ao fundo, num fim de tarde de céu cor de rosa. as expectativas dela eram altas, e assim continuam. é nela que eu penso todos os dias, é ela que eu quero orgulhar. é somente a ela que eu devo satisfações. ela é dura, ela me assistiu nos últimos 402 dias, chorando pelos cantos, sofrida, descrente. eu parei de encará-la em determinado ponto, por vergonha. mas ela estava ali, como uma sombra. esperando que eu tivesse coragem, que eu voltasse para o caminho. que eu olhasse de volta pra mesma direção que ela. que eu voltasse a ser ela.

ontem eu fui chamada ao comitê supremo de wonderland, pra dizer o que achava da minha realocação. eu não reagi como eles esperavam. eles esperavam que eu entrasse na sala de justiça feliz, sorridente e acima de tudo grata pela imensa oportunidade que me era dada. eles podiam me demitir, veja bem. eles acharam um lugar pra mim. como eu podia ousar ter perguntas? como eu podia ousar não saber a minha resposta? na sala, eu fui acuada, e mantive a minha posição de querer mais tempo. mais um dia, eu pedi. me deram, contrariados.

voltei pra mesa e não durou nem 5 minutos até que a menina ruiva me chamasse à sala da consultora de rh. ela estava brava, e repetiu a imensa oportunidade que se desenhava pra mim em wonderland. repetiu que eles podiam me mandar embora, e não o fizeram. disse que esperava uma reação totalmente diferente, e que a chefa pasquale estava muito aborrecida com a minha *arrogancia*. disse que já tinha recebido algumas reclamações sobre o meu comportamento, todas vindas da menina ruiva. que queria entender o que havia acontecido comigo. porque há meses atrás ela costumava me ver gargalhando sentada na mesa, e costumava ouvir a minha voz do outro lado do andar. e que tudo o que via agora era uma pessoa calada, triste, com a expressão pesada. eu olhei pra ela e os meus olhos arderam. e eu disse que toda a minha experiência não havia me preparado para o que eu tinha encontrado aqui. e que toda a equipe estava machucada, e eu também. e que eu tinha tido o pior e mais frustrante ano da minha vida profissional. eu acho que foi nessa hora que eu chorei. eu concordei com ela que não havia mais nada ali que lembrasse a pessoa que eu havia sido. que eu havia sido calada, corrigida, repreendida, ameaçada. e que eu trabalhei muito bem com a menina ruiva até o dia em que ela virou minha chefe. e que eu tinha as minha colocações sobre ela. que ela media forças comigo, que me deu esporro sempre que eu discuti com a carola favorecida. cortou minhas asas, me fez ter medo dela. me fez ser obediente. me repreendeu sempre que eu falei alto, ou que eu expus o que achava. a rh me perguntou por que eu nunca tinha procurado ninguém pra reclamar. e eu disse que não me sentia protegida, porque eu já tinha visto represálias antes. eu falei que eles deviam investigar melhor a menina ruiva, porque eu sabia que a minha reclamação não era a primeira (serena, beijos), e que ela era uma excelente gestora DA CAROLA. mas que era péssima gerenciando pessoas que não tinham a mesma formação que ela.

saí da sala e me comportei como um funcionário de wonderland se comporta. fui até o cantinho do choro, no pátio, e chorei. fui pra terapia e pedi pra não deitar no divã. eu não precisava de análise, eu precisava de ajuda. de coaching. dra freud foi a pessoa mais incrível. me confirmou o que eu já sabia. que eu estava sendo desrespeitada. que a hierarquia pressupõe a submissão, e que eu não era submissa. eu me vi, de novo, em 2008, chegando. e achei que era hora de voltar a ser quem eu vim ser.

... continua.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

12:21

víbora carola responde meu e-mail, 23h depois.

ok, obrigada!

eu respondo imediatamente.

Disponha.

***

a menina ruiva faz mistério sobre a realocação dela. diz que será anunciado hoje, mais tarde, e que não está autorizada a falar porque "envolve movimentação". eu aposto que é a promoção da carola. estamos aguardando.

amanhã eu tenho outra entrevista, naquele mesmo lugar que fui outro dia. dessa vez, pra conversar com o dono do projeto. hoje tem a reunião com o rh daqui, pra dizer o que achamos da proposta. vou responder que não acho nada, e dizer que primeiro eles esclarecem as minhas dúvidas, e aí eu penso um pouquinho. ganho tempo.

to aqui escolhendo o melhor momento pra chamar a ex estagiária num canto e enquadrar ela. ingrata. está há um ano sem comer chocolate, porque tinha feito uma promessa para ser contratada. e enfiou a faca nas costas daquela que fez com que ela fosse contratada. vou dizer a ela que deslealdade é falha de caráter. e que se eu soubesse disso há um ano atrás, ela ainda seria estagiária. me culpem. sou dessas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

essa segunda-feira está impossível. climão. ninguém se fala, e eu ando deveras paranoica. vejo a menina que eu contratei seguindo a carola. penso que ela é ingrata. uma vez a menina ruiva me disse que eu não deveria trocar uma vaga de senior por uma de pleno e uma de junior. eu troquei. e consegui contratar a estagiária. mesma estagiária que estava falando mal do meu cabelo antes de eu chegar. ingrata. eu não devo esperar nada dela. eu sei.

ninguém fala com ninguém e eu não vejo a hora de não precisar olhar na cara dessas pessoas. desci no 8o, e a menina tatuada cortou cabelo parecido com o meu. elas elogiaram, disseram que ficou bom. eu sorri e disse que aqui todo mundo olhou torto para o novo corte. rendi assunto para o almoço das víboras, certeza. a menina tatuada riu, e disse que precisava de muito catchup pra consertar essas coxinhas. eu sorri. catchup conserta muita coisa, mas não conserta tudo. isso, por exemplo, nem catchup conserta.

a babacona da carola manda email me cobrando uma resposta que eu já tinha dado na terça-feira passada. me seguro pra não xingar no e-mail resposta, onde eu repito tudo o que já disse. escuto a ruiva e a carola conversando. eu perguntei para o meu cirurgião plástico se já era hora de colocar botox, diz a ruiva. carola diz que preenchimento é melhor, porque rejuvenesce. uma acaba de fazer 30 anos, a outra tem 28. as duas estão acabadas, e eu penso que botox e preenchimento iriam bem, ali.

vou fazer 33, sábado. ninguém diz.

and let the picuinha begin

deram um papel pra serena. feedback. pra ela escrever como tinha sido a experiência. joguei no ventilador, ela disse. fiquei feliz. vi o rh se reunindo com o papel, e mais tarde a menina ruiva falou algo sobre mau olhado. seja lá o que serena disse, eu concordo.

no fim do dia, carola postou no instagram uma foto que dizia. more talend and less ego. na legenda, um recadinho. fica a dia para a "sociedade". assim, entre aspas.

postei no facebook. defina talento. defina ego. ela me bloqueou, bloqueou a ana e aposto que também a serena.

passar recibo. trabalhamos.

algo me diz que esta segunda-feira vai ser um dia DIVERTIDO.

domingo, 14 de outubro de 2012

o dia d

eu acho que esgotamento define. quando serena soube que seria demitida, descemos para um café. eu disse pra ela que se o seu destino era esse, que ela chegasse absolutamente linda no dia seguinte. que passasse pelo dia digna e put together. ela chegou com sapatos de verniz e um vestido de crepe verde escuro. batom vermelho. foi demitida ainda pela manhã, mas não se apressou em recolher as coisas e sair de wonderland. descemos pra almoçar, ela se despediu com calma de cada querido. quatro anos no país das fadas. foi bonito ver essa outra forma de lidar com uma despedida forçada. 

uma reunião no início da tarde deu início aos trabalhos. a equipe foi chamada na sala de reunião onde a comissão extraordinária de wonderland, formada pela menina ruiva, a chefa pasquale, a consultora de rh e uma outra menina (também rh) disseram os critérios de realocação e falaram que nós seríamos chamados individualmente para ouvir a proposta. teríamos alguns dias pra pensar e uma outra reunião, na terça feira, seria marcada pra aceitar ou não o que tinha sido proposto.

uma curiosa calma se abateu sobre mim, enquanto a equipe entrava e saía da sala. fiquei de papo com a rh fofa que tratou da minha contratação, discutindo o término de namoro dela e alguns preceitos da umbanda. sou filha de iansã, ela disse. a senhora dos raios. depois ogum, ou são jorge. gosto da combinação. ogum é vingativo, ela disse. eu sou um pouquinho, ponderei. mandam os raios, e isso ficou claro para as duas.

todos que saiam da sala contavam pra onde iriam. alguns felizes, outros desconfiados. eu estava mais curiosa pela realocação da carola do que qualquer outra coisa, pra confirmar a minha teoria de que ela foi favorecida e teve informações privilegiadas. entrei na sala antes dela.

ouvi a chefa pasquale falar muito bem do meu curriculo, da minha bagagem profissional, de tudo o que eu já havia feito fora dali. ela me falou da área que eu vou, e é mesmo o 8o andar dos queridos, junto com eles. eu ouvia e não entendia muito bem o que eu iria fazer lá. ela terminou de falar e me perguntou o que eu achava. eu não tinha entendido, e pedi pra ela explicar melhor como eu funcionaria naquela equipe. ela repetiu todo o looping que me confundiu na primeira vez, e quando acabou de falar perguntou novamente se eu havia entendido.

eu não entendi nada. sorri sem graça, arregalei o olho, mal consegui falar. parece legal. sai da sala confusa, desorientada. eu sei que eles me propuseram algo no 8o andar, mas eu realmente continuo sem entender o que.

não era nem seis horas quando eu comecei a bocejar loucamente. o peso dos últimos meses. a decepção de esperar uma definição que veio pela metade. fui pra casa e chorei. tive raiva das pessoas todas. senti a saída de serena.

agora, um pouco mais inteira e descansada, eu ainda não sei o que dizer. não posso chegar terça-feira com uma resposta para algo que eu não sei o que é. não topo que conduzam os meus passos lá dentro sem nem se dar ao trabalho de me explicar o caminho.

não é bom o suficiente. não me basta a resposta.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

mas legal MESMO

foi a hora em que carola apareceu no corredor das nossas mesas, acompanhada de sua fiel escudeira e protetora, a menina ruiva.

gente, gente, eu tenho um anúncio. todo mundo se vira, meio sem gastar energia com isso. e ela diz. eu não estou mais saindo de wonderland. eu resolvi ficar.

~ bolas de feno ~

ninguém reagiu. eu já sabia, e tava mais preocupada em não rir descontroladamente do que qualquer outra coisa. ando dada a reações desequilibradas em horário comercial.

ninguém perguntou o que houve, ninguém sorriu, ninguém demonstrou alegria, choque, surpresa. o assunto morreu e ela ficou ali, em pé, no meio das pessoas, que já começavam a voltar às suas posições normais, girando as cadeiras.

amanhã, quando o grande pronunciamento for feito e nós soubermos o que acontecerá com carola, ficará BEM nítido que houve favorecimento.

e eu só estou esperando a hora de sair de debaixo da menina ruiva dos demonios pra deixar bem claro o quanto eu considero ela equivocada como gestora.

tanto treinamento pra nada. sou muito melhor do que ela. beijos.

e pera que não para por aí

chego hoje feliz e contente. carola passa por mim. eu, FOFA QUE SOU, pergunto.

e aí, cá (apelidinho falso e fofo), último dia, hein?

ela sorri, de forma enigmática. e diz. quem sabe? vamos ver o que acontece, né?

***

eu. entro. em. looping.

MERMÃO, CARALEO, COMOASSIM. chamo a menina ruiva pra conversar, porque já que hirarquia é tão importante no teatrinho de merda da grande corporação, eu estou acima da carola na cadeia alimentar e quero saber porque diabos (sim, diabos) eu sou a última a saber. ela tenta escorregar, mas eu imprenso na parede. já é a segunda vez ESSE ANO que neguinho anuncia a saída, faz todo o teatrinho de almoço de despedida, de vou sentir saudades bla bla bla e em cima da hora AMARELA e diz que era brinks.

wonderland testa meus limites. a ruiva jurou que não foi teatro, e que ela mudou de ideia na ultima hora, e que ela não sabe nada mais que eu sobre a recolocação da equipe. mas eu não sou idiota, né brasil? todo mundo no escuro, a protegidinha da chefe resolve ir embora. um dia antes do grande anúncio do que será de cada um de nós a maluca diz que não vai? é obvio que ela sabe de alguma coisa.

eu acho tudo uma tremenda palhaçada. tenho preguiça dela, tenho pena desse bando de gente que treme nas bases quando pensa na hipótese de ir para o mundo real. bando de peixe de aquário. bando de gente cagona.

eu continuo no escuro, até amanhã. serena recebeu informações quentes de que a sua recolocação será pra FORA da empresa. passamos o dia ajustando o curriculo dela. as estagiárias assustadas correm pra mim, perguntando o que vai acontecer com elas. tecnicamente, a gestora delas é a ruiva. mas cadê autoridade nessa hora? é pra mim que elas vêm. é em mim que buscam apoio.

apoio que eu não posso dar, porque fico sendo bombardeada o tempo todo com reviravoltas mirabolantes, e tou aqui preocupada em me manter sã no meio do imenso furacão que está se abatendo sobre nós.
a menina carola pediu demissão. eu mal pude disfarçar a minha cara de felicidade, sorri, desejei boa sorte, disse que aquela era uma excelente notícia, e que eu estava feliz por ela.

eu estava feliz por mim. isso é golpe na menina ruiva. eu já consigo verbalizar claramente o quanto eu odeio essas pessoas. o quento eu fico feliz de ver a menina ruiva baqueada, perdendo apoio, tão perdida quanto eu. as indefinições continuam, e já deve ter uns dois meses desde que eu abri mão totalmente da política de boa vizinhança. se tem coisa que me dói a alma, é ser hipócrita. não almoço com eles, almoço com serena e ana. meus almoços têm sido mais felizes. almoço com os queridos do 8o andar. almoço com qualquer um que eu goste um tiquinho. qualquer um.

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uma coisa que eu acho que não escrevi por aqui é que tem uma tremenda duma panelinha montada. houve um momento na história minha e de wonderland que eu tentei me incluir. não deu. somos diferentes.

essa equipe é formada por gente *orientada a negócio*. tem a menina ruiva, que eu chamo de peixinho dourado de aquário. cria da corporação, treinada para assumir cargos de gestão. totalmente dentro das regras. metida a dar feedbacks. enfiada em sapatinhos da capodarte, todos BORING. calça social justinha, paletó de corte reto. um parzão de silicones, maiores mesmo até do que a estrutura do corpo franzino dela. ela é MUITO magra. não magra tipo a gente quer ser. ela vai além. não tem forma, mesmo, as calças sobram na bunda. o cabelo ruivo é pintado cuidadosamente uma vez por mês, e ela gosta de dizer que essa é a sua marca. ela passa delineadpor bem torto, e às sextas feiras lança mão de uns vestidinhos equivocados, ou de umas blusas bufantes e que chamem atenção para os peitos.

clichê dos clichês.

a menina carola veio pelas mãos da menina ruiva. cdf ao extremo, sempre querendo fazer apresentações sobre o bom trabalho que ela executava. sempre esperando aplauso. sempre competindo com os pares, sempre pegando pra si trabalho dos outros. insuportavelmente evangélica. adora dar lição de moral citando a bíblia "porque ela gosta de se fiar na HISTÓRIA". teve a pachorra de chamar judeu de raça e dizer que a bíblia dizia isso. não faz a menor ideia de nada.

tem a ex estagiária que eu tratei de contratar quando ainda cuidava da equipe. ela é boazinha, mas segue as duas erradas em tudo. as roupas, as piadas. você percebe que ela está buscando um exemplo pra seguir. e que ainda não sabe direito como se posicionar. ela é fofa na maioria das vezes, e engraçada. a outra menina é linda, e também tinha sido estagiária. geralmente eu acho ela legal, mas às vezes tenho a sensação de que ela é meio do mal. ela já mandou uma mensagem de msn falando mal de mim PRA MIM POR ENGANO. pediu desculpas, e tal, mas eu sigo esperta desde então. ela também segue as outras.

tem as outras duas que são da outra equipe, e a principio elas são ok. mas tomei implicância porque se aproximaram demais da menina carola, e ficam de cochicho o tempo todo. já mandaram indireta no facebook para a serena, e rola uma guerrinha velada.

os cochichos. elas cochicham o tempo todo, trocam emails entre elas e gargalham juntas. claro que eu nunca estou nas piadas, e bem posso ser vítima das brincadeiras. durante um tempo eu me relacionava bem com todo mundo, e almoçava junto *com a equipe*, aquela política de boa vizinhança. depois da minha briga com a menina carola que resultou no maior feedback de todos os tempos, eu parei de tentar me inserir. não almocei mais com elas e a vida seguiu. dois grupos paralelos se formaram. eu estou ok com isso, até porque elas sentam no pátio e falam mal de cada um dos seres humanos que passam por ali. geralmente criticam coisas que eu me identifico, o que faz com que eu confirme que não pertenço MESMO a esse grupo. ou corja. whatever.

tem sido um saco estar perto deles o dia todo. depois que o projeto foi pausado, eu achei até bom. existe equipe quando existe objetivo em comum. não tem equipe, portanto. existe um grupo de pessoas perdidas que não sabem o que será delas. algumas com mais chances do que outras.

essa semana elas começaram a ficar recalcadas. indiretas suaves sobre fulana ter se bandeado para o lado de lá (no caso o lado de cá, né?). hoje, almoço de despedida da carola. eu não queria ir. faz tempo que não tenho feito questão de acompanhá-las. e eu nem gosto da carola. mas imagina o climão se eu resolvo não ir. levantei e ouvi a debochadinha da menina ex estagiária brincando. nooooossa, a moral da carola está alta, hein? até vocês vão no almoço! eu respondi que era despedida, e que sim, iriamos ao almoço. fui meio a contragosto, mas ok. ganhei estrelinha por bom comportamento.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

outubro

eu quase não sinto o tempo passar. hoje mesmo, não fazia ideia de que dia era. oito, dez? nove. parece que a semana começou há séculos, e ainda é terça-feira. sofremos um assalto, e eu corri. gritei, pedi ajuda. ninguém veio. no fim, os celulares ficaram, foi-se a carteira. estamos bem. o grave, aqui, foi: eu reagi. 

podíamos ter morrido. eu sei, eu sei.

na terapia, descubro que eu reajo quando estou em perigo. qualquer perigo. 

voltei a ouvir alanis e veneceous adivinha, porque me conhece bem. fotografo a rotina, exagero no açúcar. meu aniversário chegando, e eu só penso que nada me importa muito.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

bye bye, saturno. don't let the door hit you on your ass

bora fazer uma retrospectiva. foi TANTO tempo com saturno assombrando a vida, que eu acho que cabe contar os perrengues que eu passei desde 2009.

segundo a susan miller, saturno veio pra Libra em outubro de 2009.

em novembro e dezembro de 2009 eu tive a evil manager (lembram dela?) me destruindo a vontade de viver. eu parei de comer, emagreci horrores, e pude passar por essa parte sombria da minha vida magra. pelo menos isso. voltei pra firma colorida e pelo menos nessa parte a vida voltou pro eixo.

daí eu mudei de roomate (2009), e a menina que parecia fofa e atenciosa acabou se mostrando bagunceira, porca e dissimulada. tive sérias suspeitas de que ela era, na verdade, uma garota de programa. nada contra, mas eu poderia saber disso antes de ir dividir a casa e as contas com ela, não é?

quem me indicou a roomate que parecia ser fofa mas não era foi o melhor amigo, que virou ex melhor amigo e psicopata de estimação durante todo o ano de 2010. foram meses de ofensas, brigas e até mesmo perseguições na rua. 

roomate resolve se mudar (2010), o que é bom, mas eu descubro que ela não pagava condomínio há meses, e que imprimia recibos falsos para a minha pastinha de controle. fora que eu tive que cobrir a parte dela no depósito, e não estava preparada financeiramente (e nem emocionalmente) para tanta mudança junta. 

o trabalho vai bem até que eu ganho uma coordenadora mau caráter (2010). tenho meu iphone roubado por algum coworker em um evento de trabalho (2010). fico meses sofrida esperando uma promoção, que até vem, mas depois que eu ameacei sair. ganho outra coordenadora (2011), autoritária e difícil, que me faz chegar em casa chorando algumas vezes. divido apartamento com uma amiga fofa, o que ameniza o sofrimento.

começo a namorar um cara incrível (porque alguma coisa precisa dar certo, não é, brasil?) e sou abandonada pelos meus amigos. sofro bastante com isso, brigo com uma coworker querida que ficou puta com a minha promoção (2011), choro mais um rio de lágrimas. resolvo largar a firma colorida pra trabalhar com um amigo que trabalha na empresa grande e me oferece um projeto e um salário genial.(2011)

o salário é genial, mas eu descubro o preço alto a pagar por isso. o amigo é um chefe sádico e autoritário, o lugar é cheio de gente fútil, dura e preconceituosa. o projeto, bem, o projeto é uma piada, um troço desmoronando, em que nada pode ser feito. (2012) questiono minhas habilidades, minhas competências, passo a ter segunda-feira fobia. vou morar junto com o namorado e a vida é boa. vejo uma amiga próxima perder o pai, e outra amiga perder uma sobrinha de 5 anos de um jeito errado e criminoso. 

descubro que o amigo chefe genial é uma fraude que vendeu um projeto genial para a corporação, mas não executou nem metade e nisso já fioram gastos alguns milhões de reais. milhões. (2012) eu, que surto com quantias pequenas, e que me assusto com qualquer coisa que tenha mais de três zeros, preciso consertar um projeto que nasceu pra dar errado, e que continua jogando dinheiro da companhia pelo ralo. choro mais um pouco, me arrependo de ter pego um atalho, que é o que aquela proposta me parece naquele momento. questiono meu futuro, meu trabalho, sofro com o tempo passando e nada sendo realizado. o amigo pede demissão, me deixa sozinha com os escombros do que ele destruiu, briga comigo e me ameaça. diz que vai contar meu blog, meu espaço querido e sagrado, pra todo mundo. (2012)

rompo com o amigo e a nova chefe aproveita a ausência dele pra me enquadrar. média de um feedback por semana. sou tolhida, corrigida, encolhida até não ter coragem de falar nada. trabalho sem direcionamento, e sem fé, o que é pior ainda. passo a questionar minhas escolhas, meus passos passados e futuros. nada faz sentido. o projeto é cancelado e a equipe é pausada até que wonderland decida o que fazer conosco. eu,que sempre me gabei de controlar minha própria vida, me vejo controlada e paralisada. (2012)

saturno, pessoas. só terapia salva.

não foi nada fácil passar por nada disso. tem coisas incríveis, claro. hoje eu sou mais racional (um tiquinho) e penso (um tiquinho) antes de falar ou fazer algo que possa vir a me arrepender. faço planos a dois, tenho bons amigos por perto. dizem que depois de saturno a gente está mais equipado pra passar pelos problemas. well. estou equipada.

e exausta.

dizem que saturno sempre deixa um presente quando vai embora. falta uma hora pra que ele finalmente se despeça, e vá trollar a vida de outros signos.

cadê presente? 

passou, passou. respira. :)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

eu perdi a conta de quantas vezes saturno me surrou nos últimos três anos. acaba logo, eu sei. faltam três dias, ops, dois. eu caio doente de novo e me falta o ar. a cabeça dói o tempo todo e eu acho perda de tempo dançar a dancinha de wonderland, e chegar lá, e sentar na minha cadeira, pra ficar fazendo nada o dia todo. eu acho hipocrisia. e aí hoje a menina carola anunciou sua saída. não vai esperar a comissão julgadora. eu fiquei feliz por ela, e fiquei feliz por mim. é golpe duro na menina ruiva. perde a protegida, perde o apoio. estamos todos à deriva. eu me concentro no picolé de brigadeiro no meio da tarde, enquanto digo pra serena que pare de chorar, que tudo vai ficar bem. eu também preciso acreditar nisso. ontem, quem chorava era eu, escondida em casa, sem forças. saturno surra doído. a entrevista foi boa, foi muito melhor do que eu imaginava. nessas horas eu lembro o quanto eu sou boa. na arte de influenciar pessoas e fazer amigos, sim, mas também na arte de ser boa, e apenas isso. eu sou uma sobrevivente. fiquei com vontade de pedir as contas, derrubar as coisas da mesa, sorrir e deixar claro que eu decido sobre a minha vida. mas nessas horas eu pego o aprendizado de wonderland e aplico. melhor não. apenas sorrio, porque eu sei. e digo para a menina ruiva que eu nunca, em toda a minha vida profissional, me senti tão desrespeitada por uma empresa, por um rh. essa espera. recursos humanos o caralho. wonderland adora se gabar de ser boa em gestão de talentos. e a gente ali. sendo ignorado, sendo administrado, entra dia, sai dia, entra semana, sai semana. a menina ruiva é peixinho dourado de aquário. eu não. vim de águas agitadas, sou boa nadadora. topo essa vida de aquário não. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

minha cabeça anda fervilhando (e doendo), então dane-se o formato de texto que faz sentido, com início, meio e fim. a alergia voltou, o ar condicionado esfriou, o ar pesou um pouco.

tudo na mesma. continuamos esperando que as excelentíssimas pessoas de wonderland, com toda a comissão julgadora de destinos, se dê ao trabalho de me dizer o que eles têm planejado pra mim. nunca antes na história da humanidade eu estive tão à mercê de acontecimentos que não dependiam de mim.

nesse ínterim, uma rh me achou no linkedin e quer me entrevistar pra uma vaga numa outra firma. é uma firma grande, tem coisas legais, mas não é um lugar que eu já tenha imaginado trabalhar. é bizarro porque na hora eu fiquei super animada, e hoje eu meio que encolhi. a entrevista é amanhã, e eu não sei transformar o que eu faço em algo legal. porque foi um ano inteiro desconstruindo e sendo desconstruída. vou lá ver qual é, ver se eu ainda sou boa nisso de influenciar pessoas e fazer amigos. com uma proposta, quando a digníssima comissão julgadora de destinos em wonderland me chamar na salinha pra discutir as minhas opções, eu terei uma opção a mais pra mostrar pra eles.

quem sabe.