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sábado, 16 de junho de 2012

Call Alice when she was just small

toda segunda, a mesma coisa. eu respiro fundo e espero acabar, espero a semana toda, e vou tentando me fazer de insensível e não deixar o peso de wonderland me atacar os ombros. eu fico pensando que eu estraguei aquele meu conto de fadas de trabalho em são paulo. que toda aquela fé se esvaiu, que eu não sei bem o que estou fazendo ou para onde estou indo. e que eu me concentro nos paychecks ao final do mês e gasto pequenas fortunas montando uma casa bonita com o meu menino. uma casa pra onde eu corro tão logo eu consiga ao final de cada dia, de cada surra. e não adianta me chamar pra jantar, pra papear, pra ir pra rua encontrar as pessoas. não quero, não vou. eu só quero pensar nas minhas paredes coloridas e na minha cama aquecida artificialmente, e no abraço do namorado dizendo que tudo vai ficar bem.

será que era isso? será que eu me vendi ao sistema e aceito passar meus dias lutando contra engrenagens enferrujadas e pessoas enferrujadas, e conversas enferrujadas? por que eu ainda não me revoltei contra essa vida? o que eu continuo esperando, pra onde foi toda a cor e encantamento que antes eu tinha com trabalhos e com projetos incríveis em lugares incríveis? de onde foi que eu tirei esse tipo de teimosia que insiste em me acompanhar, essa voz no fundo da cabeça que sussurra pra ficar quietinha, agüentar quietinha, ligar o automático e seguir a vida? uma estranha convicção de que eu não deveria estar em nenhum outro lugar que não ali, ainda que sofrida e descrente.

eu tinha me esquecido como era apanhar de são paulo.

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